Editorial da Folha de S. Paulo
A renúncia de Joaquim Roriz (PMDB-DF) ao posto de senador é o resultado de um cálculo aritmético. Se permanecesse no cargo, corria o sério risco de ser cassado e ficar inelegível até 2023 (oito anos após o termino de seu mandato, que iria até 2015). Com a desistência, poderá em princípio concorrer ao posto de governador do Distrito Federal já em 2010, com chances de ser eleito.
Não se pode afirmar que a saída de Roriz baste para resgatar a imagem do Senado. Em seu lugar deve assumir o primeiro suplente, Gim Argello (PTB-DF), com várias pendências com a Justiça. Levantamento preliminar feito pela Folha mostra que ele responde a seis inquéritos ou processos civis e criminais, além de ter problemas com o Fisco e de ter sido citado nas investigações da Operação Aquarela.
O PSOL diz que representará contra Argello caso ele de fato entre no exercício do mandato. É bom que o faça. O prestígio do Senado -e, por extensão, do Legislativo- anda tão em baixa que qualquer gesto tendente a resgatá-lo merece apoio.
Os casos de desmando na política se multiplicam em ritmo tão avassalador que seu caráter escandaloso se dilui. A freqüência com que homens públicos apresentam narrativas mirabolantes para "justificar-se" quando apanhados com a boca na botija transmite a sensação de que políticos vivem numa realidade à parte. Nesse universo paralelo parece "normal" vender gado a compradores inexistentes ou receber um cheque de R$ 2,2 milhões, ficar com R$ 300 mil a título de empréstimo e devolver o troco de R$ 1,9 milhão.
Por mais infrutífero que por vezes esse trabalho possa parecer, o papel das instituições que têm a missão de fiscalizar o poder persiste sendo o de chamar tais políticos de volta à realidade.
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Uma profunda crise moral impera hoje no Brasil.
O que fazer? Cada um de nós tem a obrigação de se rebelar contra tudo isso.
Educar, orientar, corrigir : em casa, no trabalho, na escola; onde quer que estejamos, podemos fazer a diferença.
Consicência e coragem: fundamentos essenciais da mudança.
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