26 julho 2007

QUINZE MINUTOS PARA OS FILHOS

Rosely Sayão

Ter filhos exige tempo, dedicação, investimento, paciência e esforço. E a falta de tempo para estar com os filhos preocupa muitas mães e pais. Uma delas escreveu perguntando como demonstrar interesse pelas atividades dos filhos se trabalha o dia todo e, quando chega, eles já estão se preparando para dormir, o que não permite que tenha, portanto, a chance de participar das brincadeiras deles e acompanhar as descobertas que fazem.

É: parece que a cada ano que passa temos menos tempo para a família. Em geral, o trabalho dos pais tem exigido dedicação intensa e, além disso, ainda há o trânsito a enfrentar, a casa para administrar, as compras para fazer, a tensão e o cansaço que chegam quase ao limite do suportável. Será que tem de ser assim mesmo? Creio que pode ser diferente, caso os pais priorizem certos períodos de seu tempo para a convivência com o filho.

Quem é que já tentou falar com determinada pessoa, no horário de trabalho, e não teve de ligar em outro momento porque ela estava em uma reunião ou fazendo alguma atividade que não permitia interrupção? Quase todo mundo. Mas quem é que já teve de esperar para tratar de um assunto com alguém porque a pessoa estava se dedicando aos filhos? Pouca gente. Ouvi um pai dizer, certa vez, comentando justamente o que lhe acontecia quando chegava em casa à noite, depois do trabalho, que nessa hora tudo o que ele queria era paz, enquanto que tudo o que os filhos queriam eram pais. Pois é, isso nos faz pensar que, talvez, a falta de tempo para os filhos não seja resultado apenas do acúmulo de tarefas, mas também de falta de prioridade.

Quinze minutos de convivência com o filho são muito mais importantes, tanto para a educação quanto para o afeto, do que meio dia juntos sem o foco estar dirigido ao relacionamento entre eles. O problema, hoje, é que esses quinze minutos não têm recebido a atenção necessária de muitos pais.

Quantas vezes, no pouco tempo que passam com os filhos, os pais escutam o que eles falam sem ouvir, respondendo apenas com um "hã-hã"? Quantas vezes, nesses quinze minutos, os pais se dirigem ao filho sem ao menos olhar para o rosto dele? Quantas vezes, nesses quinze minutos, os pais não atendem mil telefonemas, muitas vezes para falar de trabalho?

Tem mais: muitos pais abrem mão de colocar limites e de ser firme com as regras estabelecidas para os filhos nesse período de quinze minutos porque acreditam que essa atitude prejudica a qualidade do pouco tempo que passam com eles. Ao contrário! Já que os pais têm pouco tempo, precisam aproveitá-lo para dirigir o processo educativo dos filhos. Não é se passando por "bonzinho" que se constrói um tempo de qualidade com o filho!

E no fim de semana? Será que os pais se lembram de dedicar pelo menos uma parte do tempo que têm disponível para acompanhar o filho em atividades do interesse dele? E ao ver televisão ou na hora do jantar, por exemplo, dirigem-se a ele e buscam seus comentários? Ao conversar a respeito da escola e dos estudos, lembram-se de reconhecer os avanços que ele conseguiu, de fazer perguntas específicas que demonstrem estar a par dos acontecimentos?

Esses são apenas alguns exemplos que mostram o quanto pode passar despercebidos dos pais momentos que poderiam ser dedicados à convivência com os filhos, mas que ficam perdidos por causa do cansaço, do estresse, das atividades múltiplas que os pais têm de realizar. Seria bom aprender a respeitar esses quinze minutos.

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Priorizemos sempre nossos filhos.
A felicidade deles depende da nossa atenção hoje.

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