CLÓVIS ROSSI
Toshikatsu Matsuoka, ministro da Agricultura do Japão, enforcou-se ontem em sua casa depois de ser acusado de envolvimento em concorrências suspeitas e de ver contestada a declaração de gastos de seu escritório. Ele negou qualquer irregularidade. As acusações ainda não foram comprovadas.
Odílio Balbinotti, deputado federal e grande plantador de soja, foi também quase ministro da Agricultura do governo Luiz Inácio Lula da Silva, mas perdeu o emprego antes mesmo de tomar posse, sob acusação de envolvimento em uma porção de irregularidades.
Balbinotti também nega as acusações, que, como no caso Matsuoka, ainda estão sendo investigadas. Mas o deputado brasileiro nem se suicidou nem renunciou ao mandato. Apenas voltou de quase-ministro à irrelevância.
Renan Calheiros, presidente do Senado, é igualmente acusado de beneficiário de pagamentos suspeitos à mulher com a qual teve um filho, pagamentos feitos por funcionário de uma empreiteira, que teria praticado atos similares aos de que foi acusado Matsuoka.
As acusações contra Renan Calheiros não foram ainda comprovadas, como no caso Matsuoka. O senador brasileiro não se enforcou nem renunciou nem se licenciou para se defender. Ao contrário, preferiu falar de sua cátedra.
O suicídio de Matsuoka é atribuído à crença (no Japão, bem entendido) de que perder a honra é perder tudo. Logo, melhor suicidar-se do que viver sem honra.
Matsuoka ainda não havia perdido a honra. Havia apenas a suspeição de que a perdera, mas o peso moral de tal acusação contra um homem público foi tamanho que preferiu matar-se.
O Japão saiu da guerra, há quase 60 anos, como uma coleção de escombros. Hoje, é o 7º colocado no ranking de desenvolvimento humano. O Brasil não enfrentou guerras. É o 69º no mesmo índice.
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