CLÓVIS ROSSI
Seria bom que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva combinasse com seus auxiliares o que dizer em público, para evitar contradições que só expõem a fragilidade da ação administrativa. Anteontem, Lula repetiu o que já dissera mais de uma vez depois da segunda posse, a saber: "Eu não tenho que ficar mais utilizando o Fernando Henrique Cardoso como comparação pra nada".
Parabéns, presidente, é isso mesmo. Pena que Dilma Rousseff, sua chefa da Casa Civil, sempre rotulada como gerente do tal PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), pareça não levar o presidente a sério. Tanto que disse a Valdo Cruz, desta Folha, na quarta-feira, que se 60% do PAC der certo, "é uma diferença tão grande em relação ao que se fazia antes nesse país".
Quer dizer o seguinte: a "gerente" se contenta com meros 60% e ainda tenta fazer ironia ao dizer que "há um altíssimo risco de 70% de tudo isso dar certo". Em qualquer lugar do mundo, gerente que aceita um resultado que seja 60% do programado é demitido no ato, por justa causa, sem direito à indenização. No governo brasileiro, no entanto, a "gerente" enche a boca para orgulhar-se de desempenho tão medíocre.
Mediocridade refletida, de resto, no fato de comparar com "o que se fazia antes nesse país", como se qualquer governo anterior fosse de fato um paradigma. Tolice.
Quem pensa grande não compara com o que outros fizeram ou deixaram de fazer mas com o que é necessário fazer. Ponto. Se o PAC foi lançado do jeito que foi, ou é porque o governo acredita que 100% dele precisa ser feito ou então é puro marketing, pura demagogia.
Qualquer que seja a verdade, é inaceitável para um administrador público conformar-se com tão pouco e, ainda por cima, continuar olhando pelo retrovisor, em vez de mirar o futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário