30 maio 2007

FRIBOI COMPRA A SWIF E VIRA LÍDER GLOBAL

Folha de S. Paulo

Brasileira adquire a gigante americana por US$ 1,4 bilhão e torna-se maior empresa em abate de bovinos no mundo

Aquisição dá acesso ao mercado americano e ocorre após a brasileira obter R$ 1,6 bi com lançamento de ações na Bovespa, em março

O grupo JBS-Friboi, maior produtor e exportador de carne bovina da América Latina, anunciou a compra da americana Swift por US$ 1,4 bilhão. A aquisição cria a maior empresa do mundo de alimentos de origem bovina, diz a empresa.

A Swift é a quarta maior do mundo em abates bovinos e a terceira maior processadora de carne suína nos Estados Unidos, com receitas líquidas de US$ 9,6 bilhões em 2006. As duas empresas, que terão 40 unidades industriais espalhadas por Argentina, EUA, Brasil e Austrália, passam a ter capacidade diária de abate de 47,1 mil bovinos, superando os 32,6 mil da Tyson, também dos EUA. Em 2006, as duas empresas abateram 9,6 milhões de bovinos e tiveram receitas líquidas de US$ 11,5 bilhões.

A compra da Swift foi feita pela J&F Participações, que tem 77% da Friboi. O negócio prevê pagamento de US$ 400 milhões já -US$ 225 milhões pelas ações da Swift da HM Capital, controladora da companhia, e US$ 175 milhões para quitar dívida antiga. A empresa fará ainda o refinanciamento de dívida de US$ 1 bilhão.

A compra da Swift nos EUA -a Friboi já detinha a marca no Brasil e na Argentina- elevará sua atuação no mercado de industrializados. O Brasil atualmente não pode exportar carne fresca para os EUA, por questões sanitárias, e embarca apenas o produto processado.
A Friboi quer melhorar os níveis de lucratividade da Swift para depois integrá-la à operação global do grupo. A redução de custos fixos "será uma grande obsessão", disse o presidente-executivo da empresa, Joesley Mendonça Batista.

Suínos
A compra dá acesso a uma área até então inédita para a empresa, a carne suína. Batista frisou, contudo, que essa parte da operação não está incluída entre os objetivos principais com a compra. Mas avaliação nos Estados Unidos indica que esse é o setor que vai bem na empresa.
"Na nossa análise, temos duas etapas nessa empresa. Temos que tirá-la de 0% a 1% de margem Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] para 3% a 5%, que é o Ebitda histórico dessa indústria", disse Batista, que pretende obter isso em até dois anos, sem necessidade de investimento em ativos. Em seguida, viria uma possível expansão no processamento e industrialização. Esse é um grande passo para a Friboi, que passa a ter acesso à região do Pacífico, diz Batista.

Essa não é a primeira compra externa da Friboi, que já tem cinco unidades na Argentina. O objetivo é diversificar a origem da produção para evitar barreiras sanitárias. Para se capitalizar, a Friboi realizou uma operação de oferta inicial de ações na Bovespa em março, levantando cerca de R$ 1,6 bilhão.

Equipes de gestores da Friboi já foram enviadas aos EUA e à Austrália para iniciar o processo de transição.

O grupo JBS-Friboi vê nos canais de distribuição da Swift na Ásia e nos EUA mais opções para a sua produção no Mercosul e oportunidades de ampliar a atuação nos mercados mais lucrativos. Mas a estratégia do grupo de fortalecer a presença no Mercosul está mantida.
Para o consultor da área de carne bovina Alcides Torres, vários fatores tornam a aquisição interessante para a Friboi.

A empresa entra no mercado americano de carne fresca, o mais rentável, e, além disso, existe a perspectiva de abertura dos mercados asiáticos para as exportações dos EUA, hoje fechados por barreiras sanitárias. "O cenário é muito bom", disse.

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