30 maio 2007

25 ANOS DE PASMACEIRA

RUY CASTRO

Se você tem 25 anos ou menos, não o invejo. A leitura de uma entrevista do ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso me alertou para um fato triste: há toda uma geração de brasileiros que nunca viu o Brasil crescer, nem sabe o que é desenvolvimento. Para isso basta ter nascido cerca de 1982.

Segundo Reis Velloso, a renda per capita nacional cresceu em média apenas 0,6% ao ano nesse período. Enquanto isso, a de outros países chegou a níveis de, como diria o falecido Ronaldo Bôscoli, placar de basquete americano.

Entrou governo, saiu governo e todos nos disseram que o Brasil iria fazer e acontecer no mundo. Pois quem está pintando os canecos é a China. Até o contrabando paraguaio já prefere os artigos chineses -por aí se vê como a coisa é grave.

Minha geração pegou dois surtos de desenvolvimento no Brasil. O da segunda metade dos anos 50, sob Juscelino -que costuma ser atribuído somente a JK, mas que, para mim, aconteceria com ou sem ele, pelo volume de dinheiro rolando depois da Segunda Guerra, aqui e no exterior. E o de 1970, que deu no chamado "milagre" e se estendeu a meados daquela década, antes da crise internacional do petróleo.

É divertido viver sob uma euforia "desenvolvimentista". O dinheiro sobra. Pode-se investi-lo direito e pode-se também torrá-lo construindo uma cidade com tijolos que precisam ser levados de avião, apostando as calças na Bolsa ou queimando gasolina como se ela desse na bica do quintal. Claro que, um dia, a vida real apresenta a conta.

Mas é melhor do que viver na pasmaceira, só quebrada por escândalos como os de PC Farias, dossiê Cayman, anões do Orçamento, mensalão, valerioduto, sanguessugas ou Operação Navalha.

E depois nos perguntamos por que não sobra dinheiro.

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