ELIANE CANTANHÊDE
O Congresso está aos frangalhos depois de mensalão, sanguessuga, ascensão e queda do Severino Cavalcanti e as votações corporativistas da Câmara. E o Judiciário vem se desmilingüindo com as descobertas do juiz Lalau no TRT-SP, da venda de sentenças, do nepotismo e agora de toda a sujeira que emerge das operações Têmis e Furacão da Polícia Federal.
Anos e anos depois de a juíza Denise Frossard virar heroína por botar bicheiros na cadeia, não só se descobre que eles estavam livres, leves e soltos há tempos como em parceria justamente com juízes.
Ninguém mais acredita em ninguém quando as pessoas se tornam juízes não porque são justas e querem justiça, nem policiais atuam para proteger os cidadãos e candidatos não se elegem para representar ""o povo". As vocações se resumem em ""como se dar bem".
Nesse clima de descrença nas instituições, começa a CPI do Apagão Aéreo e, por mais que governos não gostem de CPIs, essa não assusta tanto. A não ser que quem sabe das coisas resolva abrir a boca, esperam-se apenas pirotecnias e trocas de acusações entre governo e oposição, sem comover a opinião pública -nem pró nem contra.
Antes mesmo de começar a CPI, Lula já parece vacinado. Quem passou por cuecão, mensalão, dossiê, queda dos principais ministros e se elegeu com 60% dos votos, como ele, não tem muito a temer. Surja o que surgir, provem o que provarem, Lula vai dar de ombros. Não é com ele. Nunca é com ele.
Enquanto isso, dona Dilma vai vender o PAC, aquele que passa e a gente não vê e, mesmo assim, é um sucesso. Pois vale a regra: tudo o que dá errado, a culpa é dos outros; tudo o que é bom, foi Lula quem fez.
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