CLÓVIS ROSSI
Juro que não é pergunta retórica: gostaria mesmo de saber do leitor se ele se surpreendeu com algum nome - qualquer um - que tenha sido mencionado no atual ou em qualquer outro escândalo recente e não tão recente.
Confesso que ainda consigo me surpreender com um ou outro nome, mas não vou antecipá-los para não condicionar uma eventual resposta do leitor. Mas, de modo geral, tenho a impressão de que nada nem ninguém mais choca o eleitor brasileiro. Por anos a fio, batalhei contra o preconceito de uma frase antiga, a de que "todo político é ladrão", que comecei a ouvir antes mesmo de me tornar jornalista.
Muitos anos atrás, até escrevi que pensar dessa forma é tão preconceituoso - e, portanto, tão odioso - quanto dizer que todo judeu é avarento, que todo negro é indolente e assim por diante.
Deve haver uma meia dúzia ou uma dúzia de políticos honestos, talvez mais. Logo, a generalização faz o inocente pagar pelo pecador, o que só é bom para o pecador. Mas é tamanha a degradação da vida política que fica difícil combater o preconceito contra ela.
Mesmo os que não enfrentam acusações em nenhum escândalo são suspeitos ao menos por omissão. Tanto que nenhum partido ousou sair em defesa de seus integrantes acusados. Um ou outro líder pode, em nome pessoal, ter defendido companheiros acusados. Mas, como instituição, ninguém ousa, porque teme os esqueletos no armário do outro.
O comportamento do PMDB no caso Silas Rondeau é definitivo: em vez de defender o ministro que seus caciques indicaram, saiu correndo atrás do butim do Ministério de Minas e Energia, antes que caísse nas mãos de outro partido.
Política no Brasil é isso: a incessante ciranda em torno do butim. Os inocentes, se há, que me desculpem, mas estão calados demais para o meu gosto.
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