FERNANDO RODRIGUES
O PT divulgou ontem ter 2.842 filiados em cargos federais que não pagam suas dívidas com a sigla. Esse número só se refere a integrantes de diretórios de nove das 27 capitais do país -onde estão para ocorrer reuniões locais.
As dívidas são pelo não-pagamento do "dízimo" partidário. Trata-se da doação compulsória de parte do salário de petistas nomeados para funções públicas.
Apesar de ofuscado pela crise da Operação Navalha e do balança-mas-não-cai de Renan Calheiros, o número petista é relevante por várias razões. É a primeira pista concreta sobre o quanto o PT avançou sobre o governo Lula.
Nesses 2.842 inadimplentes não estão incluídos os petistas de capitais como São Paulo e Rio de Janeiro. Também ficaram de fora aqueles em cargos nos Estados e nas centenas de prefeituras.
Outro dado inédito: entre os 2.842 inadimplentes de nove capitais, 2.015 são da administração indireta. Ou seja, para cada petista devedor da legenda na administração direta há cerca de outros dois em estatais e autarquias. O PT era um amigo da transparência no passado. Seus congressistas eram campeões de pedidos de informação. Hoje, não se sabe quantos petistas há dentro do Estado.
Também é desconhecido o quanto a sigla arrecada com o "dízimo". No plano federal, teriam sido R$ 5 milhões em 2006. Mas é um mistério o montante produzido por petistas nos Estados e municípios.
Parece uma ação legítima um deputado doar parte de seu salário a um partido. É a vida deles. No caso dos milhares de funcionários petistas em cargos públicos, a situação é outra - pois são supostamente técnicos a serviço do Estado.
Com seu enraizamento estatal profundo, o PT protagoniza a criação de uma nova oligarquia de origem sindical e partidária. Tão ou mais nefanda do que as atuais.
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