VALDO CRUZ
Um clima de insegurança e incerteza tomou conta de Brasília na semana passada e vai perdurar pelas próximas. Ninguém sabe ao certo no que vão dar as investigações da Polícia Federal. Apenas a ponta do iceberg surgiu. Boa parte das maracutaias ainda está submersa e sob análise.
Campo fértil para os terroristas de plantão. Aqui e ali surge um novo rumor: nome de gente graúda de primeiro escalão virá à tona, mais governadores, nova empreiteira no escândalo com seus tentáculos no Congresso e no Executivo.
Difícil separar o que é verdade da mera especulação ou da chantagem. Afinal, numa espécie de abraço de afogados, os que estão com um pé na lama tentam arrastar outros para o mesmo destino.
O fato é que a PF realmente esbarrou em outra quadrilha e as informações indicam um esquema pelo menos com o mesmo teor explosivo do que seria comandado pela Gautama. Sem falar na segunda fase da Operação Navalha.
Será, talvez, o grande teste da instituição no governo Lula. Debaixo de uma saraivada de críticas, muita gente trabalha para que a PF seja levada a, diríamos, deixar o clima esfriar e colocar as novas apurações em banho-maria. É possível ouvir nos gabinetes da cidade que ela já fez um excelente serviço. Senha para dizer: "Olha, tá bom, pode parar por aí".
Governistas e oposicionistas levantariam as mãos para os céus. Atônitos, os dois lados sabem muito bem que em suas hostes há mocinhos e bandidos. Estão unidos, pela primeira vez, no desejo de deixar tudo como está.
Ceder a esses apelos será um retrocesso. Alguns excessos até foram cometidos e devem ser evitados, mas não comprometem as investigações nem justificam um cerceamento das ações da PF, que só beneficiaria trambiqueiros. Enfim, entre ganhos e perdas, suas operações dão muito mais lucro do que prejuízo ao país.
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