Lula vai divulgar seus gastos pessoais no fim do mandato
- Blindada pelos aliados, favorecida pela oposição e mantendo equilíbrio emocional, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, driblou ontem as raras perguntas embaraçosas sobre o dossiê de gastos do ex-presidente Fernando Henrique e concentrou-se no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Foram mais de nove horas de depoimento na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, das quais Dilma saiu elogiada. Pregou o fim do sigilo das despesas de ex-presidentes com cartões corporativos e afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu abrir seus gastos assim que deixar o governo. A ministra garantiu que o trem-bala ligando o Rio a Campinas deve estar pronto para a Copa do Mundo, que será realizada no Brasil, em 2014. (págs. 1, A2 e A3)
- O Tesouro Nacional captou no mercado dos EUA US$ 500 milhões em títulos. A taxa de juros paga ao investidor em 5,299% ao ano, a mais baixa já oferecida pelo país para um papel de 10 anos (págs. 1 e Economia A17)
- A Petrobras lidera e o Brasil tem o maior número de empresas mais transparentes do mundo, segundo a Global Reporting Initiative. (págs. 1 e Economia A19)
- Só faltava essa. O ar mais puro poderia destruir a Floresta Amazônica, segundo estudo da revista inglesa Nature. Os autores explicam que diminuir as emissões de queima de carvão aumenta a temperatura no Atlântico Norte, o que leva risco de seca à Amazônia (págs. 1, Vida, Saúde e Ciência A24)
Dilma afirma que dados de FHC não são sigilosos
- A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, mudou novamente sua versão sobre o dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante depoimento na Comissão de Infra-Estrutura do Senado que durou mais de nove horas. Com base em parecer do Gabinete de Segurança Institucional, Dilma disse que as informações da gestão tucana não são mais sigilosas porque o caráter "reservado" dos dados já caducou. É a primeira vez que o Planalto assume esse discurso.
Antes, a Casa Civil chegara a classificar de "prática criminosa" o vazamento de dados "sigilosos". Segundo a Polícia Federal, a equipe da ministra, que fez o dossiê sobre FHC, não cumpriu os ritos formais de manuseio de informações reservadas. Convidada a falar do Programa de Aceleração do Crescimento, Dilma recebeu aplausos ao abordar o período em que foi torturada, em resposta ao senador José Agripino Maia (DEM-RN), que a acusara de mentir sob a ditadura. (págs. 1 e A10)
-"Eu fui barbaramente torturada, senador. Qualquer pessoa que ousa falar a verdade para os torturadores entrega os seus iguais. Eu me orgulho muito de ter mentido, senador. Porque mentir na tortura não é fácil, Agora, na democracia se fala a verdade". (Dilma Rousseff, em resposta a Agripino Maia (DEM-RN) (pág. 1)
- A segunda política industrial do governo Lula, a ser lançada pelo presidente no dia 12, terá uma proposta de desoneração tributária que envolverá ao menos R$ 7 bilhões. O objetivo do Planalto com o corte de tributos é estimular exportações e investimentos produtivos. (págs. 1 e B5)
- O ministro Tarso Genro (Justiça) disse que a Fazenda Depósito, na reserva Raposa Serra do Sol (RR), não é propriedade privada. Seu dono, o prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero, está preso. Índios fizeram barreiras às fazendas dos produtores de arroz. (págs. 1 e A8)
- O Ministério Público do Pará vai investigar se Amair Feijoli, o Tato, condenado por intermediar o assassinato da missionária Dorothy Stang em 2005, mudou seu depoimento em troca do pagamento pelo fazendeiro Vitalmiro Moura, o Bida, de uma dívida de R$ 100 mil. Bida foi inocentado da acusação de ser o mandante. Ele afirmou ser tão vítima quanto a missionária. (págs. 1 e A4)
- São um só episódio o conflito na Raposa Serra do Sol e a absolvição do acusado de mandar assassinar Dorothy Stang. Entre os fazendeiros Quartiero e Bastos Moura, muda só o nome. É igual a apropriação de terras, a exploração de mão-de-obra, o motivo da violência. (págs. 1 e A7)
- Editoriais: Leia "Revés da oposição", que comenta o depoimento de Dilma Rousseff e "Faroeste na fronteira", sobre Roraima.
- Claro fecha acordo com a Appel para lançar iPhone no país. (págs. 1 e B12)
Brasil volta a lançar títulos no exterior
- O Brasil voltou a emitir títulos no mercado internacional. Uma semana após o País ter obtido o grau de investimento da agência de classificação Standard & Poor's, o Tesouro Nacional vendeu nos Estados Unidos e na Europa US$ 500 milhões em papéis. Títulos brasileiros não eram lançados no exterior desde abril de 2007, antes da onda de turbulência provocada nos mercados financeiros pela crise das hipotecas nos EUA. Apesar do sucesso da emissão, o governo está preocupado com os efeitos da desvalorização do dólar ante o real. O presidente Lula reuniu-se com o ministro da Fazenda, Guido Mantega e o presidente do BC, Henrique Meirelles, para discutir a situação. O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e os economistas Delfim Netto e Luiz Gonzaga Belluzzo participaram do encontro. A avaliação é de que não dá mais para segurar a inflação com a ajuda do câmbio, que facilita a importação de mercadorias. (págs. 1, B1, B3 e B4)
- A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, saiu ontem fortalecida de audiência no Senado, avalia o Palácio do Planalto. Sem muita contestação, ela falou sobre o dossiê com gastos do ex-presidente FHC e sobre o PAC. O momento mais tenso foi provocado pelo senador José Agripino Maia (DEM-RN). Ele lembrou que a ministra já admitiu ter mentido ao ser torturada durante interrogatórios no regime militar. Dilma disse que se orgulha de não ter entregue companheiros ao longo de três anos de prisão e torturas. "Não se dialoga com pau-de-arara ou choques elétricos". (págs. 1 e A8)
-Frase: Romero Jucá - "Dilma saiu dessa sessão maior do que entrou".
- Ministros do Supremo Tribunal Federal (SFT) criticaram a absolvição do fazendeiro acusado de ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang. Celso de Mello, o mais antigo ministro do STF, disse que a decisão prejudica a imagem do Brasil: "Pode transmitir a sensação de que os direitos básicos das pessoas não tenham sido respeitados aqui". (págs. 1 e A10)
- A Polícia Federal apreendeu na residência do lobista João Pedro de Moura, amigo e ex-assessor do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), comprovante de depósito bancário de R$ 37,5 mil em favor da ONG Meu Guri, presidida por Elza de Fátima Costa Pereira, mulher do parlamentar. Moura é suspeito de ligação com desvio de verbas do BNDES. (págs. 1, A4 e A6)
- Acampados na estrada junto à fazenda que invadiram segunda-feira, na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, cerca de 300 índios ameaçam ocupar o imóvel de novo. O dono dele, o fazendeiro Paulo César Quartiero, foi transferido pela Polícia Federal de Boa Vista para Brasília. Ele é acusado de mandar funcionários atirarem nos invasores. (págs. 1, A12 e A13)
- Notas e Informações: A economia brasileira segue em firme crescimento e os empresários apostam em expansão prolongada, mas a inflação em alta já afeta o poder de compra dos trabalhadores. (págs. 1 e A3)
STF e governo reagem à absolvição de fazendeiro
- O governo federal e o STF reagiram com duras críticas à absolvição de fazendeiro acusado de ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang. O ministro Celso de Mello, do STF, disse que a decisão pode manchar a imagem da Justiça brasileira. O secretário especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, pedirá investigação sobre Rayfran Sales, assassino confesso que mudou seu depoimento no segundo julgamento, isentando o fazendeiro Vitalmiro Moura,o Bida. A notícia foi destaque na imprensa internacional. (págs. 1, 3 e 4)
- Um erro de um dos líderes da oposição, o senador Agripino Maia (DEM-RN), que lembrou entrevista em que a ministra Dilma Rousseff dizia ter mentido durante sessões de tortura, quando presa pela ditadura militar, favoreceu o desempenho dela durante depoimento na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, onde falou sobre o PAC. A ministra se emocionou, disse que se orgulhava de ter mentido para salvar companheiros, e foi aplaudida. Ela voltou a dizer que não existe dossiê, e sim um banco de dados. (págs. 1, 12 e 13, Miriam Leitão, Merval Pereira e Ilimar Franco).
- Surpreendendo até os mais pessimistas, a inflação de abril pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas ficou 1,12 e acumulou 10,24% em 12 meses. A taxa anual superou dois dígitos pela primeira vez desde março de 2005. O arroz foi o vilão (+. (págs. 1 e 33)
- Diretor de Inclusão Social e de Crédito do BNDES, o petista Élvio Gaspar liberou o contrato de R$ 124 milhões do banco com a prefeitura de Praia Grande, sob investigação da Polícia Federal. (págs. 1, 10 e 11)
- A PF encontrou um arsenal de guerra, inclusive material para fabricação de bomba, na fazenda do arrozeiro Paulo Quartiero, dentro da Reserva Raposa Serra do Sol. Ele foi transferido para prisão em Brasília. (págs. 1 e 5)
IGP-DI supera dois dígitos pela primeira vez desde 2005
-A inflação medida pelo Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGPDI) rompeu a casa dos dois dígitos pela primeira vez em 12 meses desde abril de 2005. O IGP-DI fechado em abril ficou em 1,12%. Com este resultado, o indicador, muito influenciado pelo atacado e que é divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), acumulou alta de 10,24% nos últimos doze meses. Os preços no atacado subiram 1,3% no mês passado, ante uma alta de 0,8% em março.
O resultado de abril mostra que a inflação não está concentrada apenas nos alimentos. A pressão das altas de minério de ferro, adubos e fertilizantes, carvão mineral e petroquímica também demonstram força. As maiores influências positivas em abril foram o arroz, com aumento de 27,78%, o minério de ferro, com 13,48%, e adubos e fertilizantes, com 10,71%. "Há uma pressão de preços internacionais e estamos com a demanda aquecida, propícia para repasses", diz o economista da Concórdia Corretora, Elson Teles. (págs. 1 e A4)
- Na esteira da classificação do Brasil como grau de investimento pela Standard & Poor's, o Tesouro Nacional voltou ontem a emitir bônus soberano em dólares no mercado internacional, após quase um ano sem fazer operações. Foram colocados US$ 500 milhões em títulos Global com vencimento em 2017, nos mercados norte-americano e europeu. Outra emissão estava programada ainda ontem para o mercado asiático, com um valor previsto de US$ 25 milhões. A demanda norte-americana e européia pelos papéis foi considerada muito positiva pelo governo, que não informou o volume da procura.
Para o Tesouro, a taxa de retorno dos títulos para o investidor reflete o grau de investimento concedido semana passada: ficou em 5,299% anuais, o patamar mais baixo em relação às últimas duas emissões. Na realizada em novembro de 2006, o juro ficou em 6,249% anuais. Na segunda, em abril de 2007, ficou em 5,888% anuais. Na prática, diz o órgão, o juro mais baixo reduz o custo do Brasil para financiar os bônus soberanos. A liquidação financeira da emissão ocorrerá dia 14 de maio e os cupons de juros, de 6%, em 17 de janeiro de cada ano até 2017. A emissão foi liderada pelo HSBC e pelo Deutsche Bank. (págs. 1 e B2)
- A Global Reporting Initiative (GRI), entidade internacional que é referência em relatórios socioambientais, divulgou ontem, em Amsterdã, que a Petrobras é a companhia mais transparente do mundo. A empresa foi eleita por diferentes leitores de balanços - de representantes de ONGs a executivos, passando por governos e empregados de empresas -, numa votação que contou com a participação de 1,7 mil pessoas. A GRI informou ainda que o Brasil abriga o maior número de empresas classificadas como as mais transparentes do mundo, com sete companhias na lista das 45 finalistas, seguido pela Espanha. O número de companhias brasileiras de grande porte que adotaram os relatórios do GRI quadruplicou no ano passado. Eram 15 e agora são 60. (págs. 1 e B1)
- A Comissão de Constituição e Justiça do Senado adiou ontem a votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Precatórios, que prevê primeiro o pagamento para credores que oferecerem o maior desconto, o chamado leilão de precatórios. Advogados ameaçam ir à Justiça, caso a PEC seja aprovada. Representantes do governo dizem que essa é a única forma de resolver o problema. "Há caso em que o município arrecada R$ 12 milhões e tem R$ 15 milhões de precatórios para pagar", diz Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Só o Porto Advogados tem 550 ações, que totalizam R$ 1 bilhão, envolvendo ordens de pagamento às empresas. Os valores são decorrentes, normalmente, de serviços prestados e não pagos pelos entes públicos. (págs. 1 e A10)
- Fusões e Aquisições - valor no Brasil sobe 156%, a US$ 43,36 bi. (págs. 1 e B2)
- Itaúna, interior de Minas Gerais, pode ter novos bilionários em breve. Duas minas, MBL e Minerita, são as últimas jazidas disponíveis para venda na região de Serra Azul, a 80 quilômetros ao sul da capital mineira, e são assediadas por grandes grupos internacionais. Nos últimos dias, na fila de interessados destacaram-se chineses, indianos e os australianos da BHP Billiton. Todos atraídos por um segmento que viu o preço do minério de ferro subir quase 400% em oito anos. José Mendes Nogueira, dono da mineração J. Mendes, vendida à Usiminas em fevereiro por valor que pode chegar a US$1,9 bilhão, tornou-se bilionário aos 82 anos. Kássio Fonseca, um dos herdeiros da Minerita, disse que a empresa não está à venda e que já rejeitou proposta de US$ 1,5 bilhão. (págs. 1, A2 e C7)
- A área irrigada das lavouras brasileiras deve ultrapassar 4 milhões de hectares este ano, correspondente a 7,5% da área cultivada no País. Estão sendo implantados neste ano sistemas de irrigação em 150 mil hectares, o que representa uma alta de 41,5% sobre os 106,1 mil hectares de 2007. Entre os principais fornecedores de equipamentos para irrigação está a israelense Netafim, uma das líderes globais do setor, com 14 fábricas no mundo, sendo uma em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Na carteira de negócios da empresa para este ano, a cana-de-açúcar está à frente, com 23 mil hectares, seguida por citros, com 11 mil hectares, café, com 9 mil, e outras culturas, que somam 4,5 mil hectares. Com a "fertirrigação" por gotejamento, a produtividade dessas culturas pode até dobrar, segundo o gerente nacional da divisão de bioenergia e novos negócios da Netafim, Flávio Aguiar. (págs. 1 e C10)
- O primeiro trimestre derrubou o tabu na relação entre a Embraer e o mercado brasileiro. Pela primeira vez a fabricante fechou seu balanço com mais aeronaves vendidas no País que para seus principais mercados. (págs. 1 e C4)
- As empresas de aço e ferro-gusa lideram o inventário da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), por emitir 54,1% do CO2 do planeta, ou 6,36 milhões de toneladas. (págs. 1 e Investnews.com.br)
- Opinião: Thomas L. Friedman: Os preços do petróleo e o ritmo da liberdade operam em uma correlação inversa, que chamo de "Primeira Lei da Petro-Política". (págs. 1 e A11)
Isabella dois crimes, três presos Isabela
- Um dia decisivo para dois assassinatos que comoveram o país. Em São Paulo, juiz aceitou denúncia do promotor do caso e decretou a prisão preventiva do pai e da madrasta de Isabella Nardoni. Os dois são acusados de matar a menina de 5 anos, jogada do 6º andar de um prédio em 29 de março. Alexandre Nardoni e Anna Jatobá negam o crime. Advogado do casal vai entrar na justiça com pedido de Habeas Corpus. (págs.1, 14 e 15)
-Dilma ri por último: Oposição tentou constrangê-la ao insinuar que ela poderia voltar a mentir como fizera sob tortura.Mas se deu mal. "Na ditadura,não há espaço para a verdade", reagiu a ministra sob aplausos.Daí em diante, Dilma tomou conta da sessão no Senado. (págs. 1, 2, 4 e Tema do dia)
- A partir do ano que vem, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vai mudar a fórmula de cálculo dos aumentos das mensalidades dos planos de saúde. As operadoras que não atingirem determinado grau de qualidade não poderão aplicar o índice máximo autorizado. (págs. 1 e 25)
- Projeto que regulamenta direito de greve no serviço público dá seu primeiro passo, ao ser aprovado pela Comissão de Trabalho da Câmara. Proposta prevê desconto dos dias parados e negociação prévia - paralisações antes de um prazo de 75 dias serão consideradas ilegais. (págs. 1 e 26)
- Durante buscas na casa de suspeito de integrar esquema de fraudes no BNDES, Polícia Federal encontrou comprovante de depósito de R$ 37,5 mil na conta de entidade assistencial presidida por Elza de Fátima Pereira, mulher do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). (págs. 1 e 7)
- Absolvição do suposto mandante do assassinato da missionária norte-americana revolta o país. Acusação sustenta que pistoleiro foi pago para mudar depoimento. (págs.1 e 16)
Mantega sugere mais tolerância com inflação
- O Brasil passa por um choque de oferta, com os aumentos dos preços internacionais do petróleo e commodities agrícolas e metálicas. O regime de metas de inflação prevê que a margem de tolerância é para ser usada exatamente em situações como esta. Essa é, em síntese, a avaliação que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez ontem ao Valor sobre as pressões inflacionárias que levaram os preços industriais, antes comportados, a subir 1,77% em abril, segundo a FGV.
O ministro considera que a política antiinflacionária do governo, cuja meta é de 4,5% com margem de tolerância de 2 pontos percentuais, deveria, nessa conjuntura, levar em conta o intervalo superior, um IPCA de até 6,5% no ano. Ele não disse, mas por trás desse raciocínio está a recomendação para que o Banco Central use essa margem de manobra e contenha o aumento da taxa básica de juros. Em 2001, quando houve o apagão, e em 2003, quando trabalhou com meta ajustada, o BC recorreu a esse expediente.
Mantega diz que o problema da inflação não é doméstico, e sim mundial. Com uma tabela nas mãos, ele mostra a evolução dos preços em vários países. "Você sabe que a Suíça está com 2,5% de inflação? Que a União Européia está com 3,5%? Ela deveria estar em 2% e ninguém lá está arrancando os cabelos por isso. A Rússia está com inflação de 13,3%, deveria estar com 8% e também não estão arrancando os cabelos". O ministro observa que a China deveria estar com 4,8% de inflação e está com 8,7%. Indonésia, Filipinas, Tailândia, todos estão acima da meta.
O ministro admite que a "demanda interna está aquecida", mas indica que isso leva os empresários a aumentar investimentos. "Não gostaria que a demanda ultrapassasse certos limites", diz, sem estabelecer quais são esses limites. Ele faz um acompanhamento setor por setor para ver onde há capacidade de produção. Mostra que a indústria automobilística, por exemplo, está equipada para atender a toda a demanda: vai produzir 3,8 milhões de unidades este ano, sendo 3,4 milhões para o mercado interno, e planeja investimentos de R$ 5 bilhões. Na siderurgia, afirma, ainda há capacidade ociosa: o país produz hoje 34 milhões de toneladas de aço e a produção cresce 10% ao ano. Admite que a situação é mais delicada no caso do trigo, com o consumo de 10 milhões de toneladas e importações de 7 milhões. (págs. 1 e A4)
- A bordo do "Aerolula", durante vôo para Manaus, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que ele está tão forte politicamente que elegerá o sucessor e regressará facilmente ao poder na eleição seguinte. Lula o interrompeu e assegurou: "Eu não voltarei em 2014, Alfredo". Quem assumir em 2011, observou, vai querer governar por oito anos. "Não quero fazer do meu sucessor um inimigo", comentou, ao lado da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, que assistiu a tudo calada.
Com a ministra e o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) numa chapa encabeçada por quem estiver melhor situado, Lula acredita poder enfrentar o candidato da oposição, que, segundo expectativa do Planalto, deverá ser o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). O projeto de volta ao poder em 2014 só será retomado se ele não conseguir fazer seu sucessor em 2010. Sua aspiração, ao deixar o governo, é fazer palestras pelo mundo. Lula acha que pode ser, segundo um auxiliar, um misto de Bill Clinton com Nelson Mandela: ganhar dinheiro com conferências e ao mesmo tempo participar de iniciativas internacionais, como as promovidas pela ONU. (págs. 1 e A9)
- Se os acionistas da Bovespa Holding e da BM&F S/A aprovarem hoje a integração das operações das duas bolsas nos termos propostos, 80% do caixa de R$ 1,5 bilhão da BM&F serão gastos. O dispêndio ocorre em um momento em que, juntas, as duas bolsas têm ambições além fronteiras, por meio de aquisições para a consolidação de um centro financeiro na América Latina. A nova bolsa terá o capital dividido igualmente entre BM&F e Bovespa. Por ter maior valor de mercado, e para garantir a igualdade, a BM&F vai pagar R$ 1,24 bilhão aos acionistas da Bovespa. Para analistas, essa descapitalização é inconsistente com planos de expansão e poderá, mais à frente, levar a chamadas de capital para isso. (págs. 1 e D1)
- Ministério da Agricultura está preocupado com a alta dos fertilizantes - mais de 100% no último ano - e analisa um conjunto de medidas para conter a escalada dos preços. Uma das ações possíveis a curto prazo é a redução temporária da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul de 4% sobre o ácido fosfórico e de 10% sobre o fosfato bicálcico importados. Também estão em avaliação o fim do Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante - 25% do valor do frete das importações - e da cobrança de ICMS no transporte interestadual. Estão em análise, ainda, a criação de linhas de crédito, por meio do BNDES ou do Banco do Brasil, para financiar a compra de adubos e estimular a aquisição ou construção de unidades misturadoras próximas aos portos. (págs. 1 e B14)
- Com dois grandes projetos para produção de petróleo em fase de pesados investimentos no mundo - um deles no bloco BC-10, na bacia de Campos - a Shell planeja aumentar suas exportações de óleo brasileiro, hoje de 32 mil barris diários. Entre os destinos do produto estão a China e Trinidade e Tobago, alguns dos locais com refinarias capazes de processar óleo pesado.
A companhia anglo-holandesa vai aumentar sua produção no Brasil a partir de 2009. A primeira fase do desenvolvimento de quatro campos no BC-10 prevê a instalação da plataforma Espírito Santo, que terá capacidade para produzir 100 mil barris de petróleo por dia. Na segunda fase, serão perfurados mais de dez poços, que vão extrais petróleo do campo Nautilus, onde a Shell tem como sócios a Petrobrás (35%) e a indiana ONGC (15%). (págs. 1 e B8)
- Em relatórios confidenciais aos quais o Valor teve acesso, a Organização Mundial do Comércio (OMC) alerta os Estados Unidos e a China para que ajustem suas economias sem afetar ainda mais a situação global. A entidade sugere que os EUA evitem medidas protecionistas, inclusive em relação aos investimentos estrangeiros, na sua tentativa de reduzir o gigantesco déficit em conta corrente, que alcançou 5,3% do PIB em 2007. Com relação à China, a OMC pressiona por um regime cambial mais flexível e pela redução do enorme superávit em conta corrente que provoca tensões com os parceiros.
As duas grandes economias serão submetidas ainda neste mês e em junho ao exame dos 151 países membros da OMC, em sessões separadas, com base nesses relatórios confidenciais preparados pelos economistas da entidade. A vigilância às políticas macroeconômicas nacionais tornou-se uma atividade fundamental para a OMC, que cada vez mais se preocupa com os efeitos que elas podem ter nas políticas comerciais. A idéia é permitir que os participantes do comércio tenham maior clareza sobre as condições em que operam.(págs. 1 e A14)
- A Petrobrás lança na próxima segunda-feira a primeira etapa do programa para construção de embarcações de apoio a plataformas de petróleo. Serão 24 navios, de um total de 146 até 2014.(págs. 1 e B6)
- A CSN vai investir US$ 2,23 bilhões em seu complexo portuário na baía de Sepetiba (RJ). O anúncio foi feito ontem, durante conferência com analistas sobre o balanço da empresa, que obteve lucro de R$ 767 milhões no primeiro trimestre. (págs. 1 e B9)
- O Tesouro fez ontem sua primeira captação, de US$ 525 milhões, após o grau de investimento, com rendimento compatível com emissão de risco "AAA". A operação abre caminho às empresas brasileiras. (págs. 1, CI e C2)
Idéias: Eliana Cardoso - o fosso entre ricos e pobres aumentou no mundo no período entre 1980 e 2005. (pág. 2)
Idéias: Maria Inês Nassif - direção do PSDB não deixou espaço para a ascensão interna na máquina partidária. (pág. 8)
Juiz manda prender pai e madrasta de Isabella
- O juiz da 2ª Vara Criminal do Fórum de Santana, em São Paulo, Maurício Fossen, decretou ontem a prisão preventiva de Alexandre Nardoni, de 29 anos, e Anna Carolina Jatobá, de 24, pai e madrasta de Isabella Nardoni. Fossen acatou na íntegra a denúncia do Ministério Público contra o casal, que passa a ser réu no processo sobre o assassinato da menina. Na noite de ontem, a polícia negociava a entrega dos dois acusados do crime. O advogado deles Marco Polo Levorin havia dito, mais cedo, que eles se entregariam, caso a preventiva fosse decretada. Mas adiantou que entraria com pedido de habeas corpus para liberta-los. Segundo as primeiras informações, Anna Carolina seria levada para a penitenciária feminina do Carandiru, na Zona Norte da capital paulista, e Alexandre para o 13º Distrito Policial, na Casa Verde, na mesma região. (págs. 1 e 15)
- Em depoimento de mais de oito horas no Senado, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, voltou a negar a confecção de um dossiê de gastos do governo FHC em sua pasta, ainda que, segundo ela, não fossem sigilosos. E defendeu a abertura de despesas de ex-presidentes. Dilma resistiu à pressão da oposição, mostrando firmeza ao responder a todas as perguntas, inclusive sobre mentiras ditas no regime militar. Enfática, afirmou se orgulhar de ter mentido sob tortura para salvar companheiros. (págs. 1, 3 e 4)
- O aumento do custo dos fretes, de 15% a 16%, provocado pelo reajuste médio de 8,8% do óleo diesel, que já chegou aos postos,vai encarecer os produtos transportados por caminhões, principalmente os alimentos. A projeção dos transportadores é de que o preço das cargas suba de 0,23% a 5% e que os hortifrutigranjeiros sejam os mais afetados. Os atacadistas devem começar a pagar mais pelo frete na próxima semana. (Págs. 1 e 16)
- Sobram recursos e faltam imóveis para baixa renda. (págs. 1 e 20)
- Seqüestro: Fuga dramática (Pág. 1)
- Oposicionista abre caminho para Dilma brilhar no Senado (pág. 1)
- Jogo de empurra na Saúde complica vida dos pacientes (pág. 1)
- Pernambuco articula implantação de dois novos superprojetos (pág. 1)
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