Kennedy Alencar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a maioria dos dirigentes petistas gostam de dizer que venceram as eleições contra a opinião pública. Puro erro de avaliação. Presidente e partido confundem opinião pública com "opinião publicada": os artigos e reportagens da mídia impressa que atingem público muito pequeno para um país com mais de 187 milhões de habitantes.
O Brasil possui uma opinião pública complexa. Além das camadas médias e ricas, ela também é formada pelas parcelas mais pobres da população graças à presença da TV em praticamente 100% do território nacional. Há ainda o tremendo peso da Rede Globo (leia-se "Jornal Nacional") na formação de uma opinião pública do Oiapoque ao Chuí. A reta final do primeiro turno deu prova disso.
Duas obviedades, portanto. Os mais pobres se informam por meio da TV. E o povo faz parte da nossa opinião pública.
Lula e o PT, porém, acham que apenas uma elite intelectual e econômica, a grande consumidora da mídia impressa, forma a opinião pública. Misturam as bolas e passam a fazer análises equivocadas e conspiratórias.
Apesar do mensalão, a maioria da opinião pública reelegeu o presidente porque viu qualidades reais em seu governo. A inflação baixa, cesta básica mais barata, reajustes significativos do salário mínimo, crédito consignado e o programa social Bolsa-Família foram alguns dos benefícios que a maioria da população enxergou e aprovou.
A pesquisa Datafolha que mostrou Lula como o melhor presidente de nossa história retrata um encantamento da opinião pública com o atual governo porque ele é bom. É uma administração com méritos na economia e na área social e que cometeu erros graves na política.
Agora, o presidente parte para uma segunda etapa. Seria inteligente entender que a aprovação da opinião pública se deveu sobretudo a uma política econômica que, apesar das imperfeições, assegurou margem de manobra para que o governo melhorasse a vida dos mais pobres. Tivesse ficado na pura ideologia esquerdista em suas ações administrativas, Lula estaria agora terminando muito mal o primeiro governo de um operário na Presidência. Que resista a essa freqüente e "sedutora" tentação no segundo mandato.
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