13 janeiro 2007

DIRCEU E CHÁVEZ: TUDO A VER

Dirceu explica Chávez. Tremei, penhas!
Reinaldo Azevedo

Leiam com cuido o que segue em azul. Depois eu volto:

Sobre as medidas anunciadas pelo presidente Hugo Chávez na sua posse, dando seqüência à nacionalização, com indenização, das empresas de telecomunicações e energia, não devemos ter nenhuma dúvida: na Venezuela o processo político se aprofunda, muda de qualidade e, mais do que isso, inicia uma nova fase.
Sem entrar no mérito, porque isso exige uma análise com mais informações e com mais tempo, fica claro que o presidente e a direção do processo político venezuelano optaram por avançar rumo à permanência de Chávez no poder (permitindo a reeleição permanente), expandir a presença do Estado na economia (além das telecomunicações e da energia elétrica, também o gás será nacionalizado), introduzir o conceito de propriedade coletiva, extinguir a autonomia do Banco Central e colocar limites à atuação da iniciativa privada nas áreas da educação e saúde.
O governo solicitará – e conseguirá, já que tem maioria no Parlamento, porque a oposição boicotou as eleições de dezembro de 2005 – poderes para governar em determinadas matérias por decreto, a chamada Lei Habilitadora. Tudo será submetido a referendo, segundo o próprio presidente.
É bom lembrar que Hugo Chávez foi eleito, venceu uma Constituinte e um referendo sobre seu mandato e foi reeleito no ano passado com uma grande votação. Também vale o registro que a oposição, quase toda, apelou para um golpe de Estado ilegal, imoral e inconstitucional – e fracassou, graças o apoio do povo venezuelano e de parte importante das Forças Armadas do país. Já nas últimas eleições, por outro lado, aceitou as regras do jogo e reconheceu a reeleição de Chávez sem problemas, o que foi uma novidade importante.
Não se trata apenas da nacionalização de setores estratégicos da economia da Venezuela, mais sim de uma nova fase do processo político venezuelano, com novas e tensas agendas. Como reagirão as classes sociais e os interesses econômicos afetados e a própria comunidade internacional é a primeira questão, ainda mais porque há setores francamente contrários à nacionalização. A segunda é como se organizará o processo de mobilização social e política que apóia o presidente Chávez. A terceira é saber como reagirá a oposição, que, como se sabe, reorganizou-se para a disputa política institucional.Do ponto de vista interno, fica uma indagação principal: quais impactos terão essas medidas no já vigoroso crescimento da economia venezuelana, dependente do petróleo, e principalmente no combate à pobreza e desigualdade social, tão profundas lá como cá?

Voltei
Sabem quem escreveu o que vai acima? José Dirceu, aquele consultor de empresas da iniciativa privada... O titereiro da candidatura no Arlindo Chinaglia. Olhem que mimo. O homem reconhece que Chávez se organiza para se perpetuar no poder, faz um elenco de suas medidas antimercado, diz que não vai entrar no mérito – ah, por que não? – e atribui a responsabilidade pelo conjunto da obra às oposições: golpistas, imorais etc. Mais ainda: lembra que todas as mudanças operadas pelo venezuelano se deram por meio de referendos e plebiscitos. Logo, são democráticas, certo? Encerra chamando a atenção para o vigoroso crescimento da economia Venezuela – que, como se sabe, é praticamente uma monocultura e se sustenta hoje na alta do preço do petróleo.

Aquele que volta ao centro da cena do petismo não disfarça, não esconde, não edulcora a sua simpatia pelo ditador. Aliás, convenha-se: muitas acusações podem ser feitas a José Dirceu, mas que se reconheça: ele nunca fingiu ser um democrata. Nem ele nem muitas outras lideranças do PT. Cai na conversa dele quem quer ou, pior, quem concorda.

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