10 janeiro 2007

ALDO APUNHALADO E O JOGO DE LULA

Reinaldo Azevedo

Vamos diretamente ao ponto. Lula tirou a escada de Aldo Rebelo (PC do B-SP) e, na prática, disse-lhe o seguinte: “A derrota é sua, a vitória é nossa”.

Enquanto o presidente passeava na praia do Artilheiro ao lado de Lulinha, o seu fiel comunista do Brasil via, nesta terça, o aparelho petista se mobilizar em favor do candidato petista à presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Liberação de recursos e promessa de ministérios arrancaram de metade do partido – 46 dos 90 deputados – o apoio oficial ao petista. A idéia é que todos os peemedebistas sigam essa orientação. Esqueçam. Não acontecerá. Promessa de peemdebista não costuma valer um tostão furado, especialmente com voto secreto.

Aldo tem força junto ao chamado baixo clero e tenta obter o apoio dos dois maiores partidos de oposição: PSDB e PFL. Num eventual segundo turno, também poderia contar com os votos daqueles que eventualmente venham a formar com um nome da chamada Terceira Via - um anticandidato que seja.

O que importa, neste texto, não é isso. O que interessa é que o petismo demonstrou que, se preciso, joga pesado também contra aliados. É da sua natureza.
Há uma contradição ligeira entre o que queria Lula e o que quer José Dirceu? Há, sim. O agora consultor de empresas privadas está de volta pra valer à operação política e é o verdadeiro articulador da candidatura de Chinaglia. Com dois ou três lances, largou Tarso Genro falando sozinho. Fiel à sua natureza, o Apedeuta não correu em socorro de ninguém. Vá lá. Para ele, qualquer resultado interessa. Se pudesse escolher, escolheria Aldo. Se não der, serve o outro também. E quem sabe até a saída lhe fosse útil.

Vamos ver o que é que vem neste tal PAC, o dito Programa de Aceleração do Crescimento. Há 11 chances em dez de a burocracia do Banco Central ficar descontente com o resultado – se é que já não está. Por mais incompetente que seja este governo, suponho que alguma medida foi ao menos pensada. Um PT mobilizado em favor de um forte crescimento da economia, sob a sombra de Zé Dirceu, pode vir a ser uma desculpa útil a Lula.

Oposições
Vocês sabem o que penso. Pus de lado o convencionalismo, que hoje só serve ao PT, da análise e da prática política e defendo que PSDB e PFL cerrem fileiras com um candidato da Terceira Via. Mas eles têm lá seu próprio entendimento – ou “entendimentos” (no plural) – da política e seguem, por enquanto, simpatizando com a candidatura Aldo.
O PT agora avançará na praia oposicionista, ou tucana, para ser mais preciso. Acena com acordos nas Assembléias Legislativas – São Paulo é o caso mais evidente – em troca do apoio a Chinaglia. Não aposto que os petistas serão bem-sucedidos na iniciativa, mas certamente não faltará tentação àqueles que se opõem ao PT. Que fiquem na tentação.
Não se é petista cumprindo acordo, como Aldo sabe muito bem.

Lembremo-nos de que o PT é aquele partido que defendia a contribuição de inativos dos servidores federais, mas era contra a contribuição dos inativos em São Paulo. Claro!
A primeira beneficiava o governo Lula, e a segunda, o governo Alckmin.

O que um petista diz se escreve na água com o vento.

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