11 fevereiro 2007

LULA QUER 3º MANDATO

Lula insinua que quer disputar 3º mandato em 2014
Josias de Souza

Lula quer aprovar no Congresso uma emenda que acabe com o instituto da reeleição. Acha que vai chegar a 2010 em condições de influir na própria sucessão. Rebate com veemência a especulação de que flertaria com a idéia de alterar a legislação apenas para poder concorrer a um terceiro mandato consecutivo. Mas admite claramente a hipótese de disputar eleições presidenciais, de novo, em 2014.

As opiniões do presidente foram recolhidas dos diálogos que ele manteve durante sua passagem pela festa de aniversário de 27 anos do PT. Lula aparentemente desejava que suas idéias viessem a público. Abriu-as a mais de uma pessoa. Embora tivesse falado em reserva, longe de jornalistas, sabia, por óbvio, que suas palavras não seriam guardadas em segredo.

Na opinião do presidente, se tiver juízo, o PT ainda pode firmar-se como alternativa presidencial em 2010. Mesmo sem que ele esteja no páreo. Mencionou alguns nomes. O repórter conseguiu recolher dois: Jaques Wagner, governador da Bahia, e Marta Suplicy, potencial ministra da equipe do segundo mandato.

Não será, porém, uma tarefa simples. Lula deu a entender que, se necessário, não hesitará em apoiar um candidato de fora de seu partido. Citou o deputado Ciro Gomes (PSB-CE). Seja quem for o candidato, petista ou não, só terá chances efetivas, acredita Lula, se for hábil o bastante para construir em torno de si uma aliança pluripartidária que inclua o PMDB.

Lula não deixou dúvidas quanto à vontade que tem de chegar a 2010 como um grande eleitor. Condicionou a capacidade de influir na própria sucessão ao comportamento da economia nos próximos quatro anos. Ele se disse convencido de que o PIB irá crescer a médias superiores às registradas na última década. Não falou em percentuais.

Uma das pessoas que ouviram o presidente animou-se a provocá-lo, em tom de brincadeira. Disse que, se o país crescesse de forma consistente, Lula seria imbatível em 2010. Foi nesse ponto, segundo relato ouvido pelo repórter, que Lula afastou a idéia. Chegou mesmo a dizer que o Brasil não é a Venezuela. Uma alusão à decisão de Hugo Chávez de instituir em seu país a reeleição perpétua.

O presidente declarou, na seqüência, que se considera bem de saúde. Disse que, derrubada a reeleição, o próximo presidente teria “apenas” quatro ou cinco anos de mandato, a depender do prazo que vier a ser fixado na hora em que a constituição for modificada. Quem o ouviu ficou com a nítida impressão de que Lula cultiva o sonho de retornar ao Planalto na sucessão do seu sucessor.

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