01 setembro 2007

SEGUNDA CHANCE

Editorial da Folha de S. Paulo

Lula extingue programa Primeiro Emprego e já vitamina o Projovem, que precisa manter seu foco sobre a qualificação

O Programa Primeiro Emprego do governo federal surgiu com estrondo e se extingue como fracasso retumbante. No lançamento em junho de 2003, a retórica do presidente recém-eleito vinha embalada na formatação mercadológica de programas salvacionistas da campanha eleitoral, e o Primeiro Emprego foi trombeteado como projeto social mais importante da administração, depois do Fome Zero. Lula produziu a enésima frase de efeito, sobre investir em escolas e empregos e não em prisões, mas o projeto teve o mesmo destino do Fome Zero -ineficiência e abandono.
A razão era simples: não havia na base um diagnóstico objetivo, mas uma vontade de resolver problemas estruturais a golpes de prodigalidade estatal. Se jovens de 16 a 24 anos encontravam dificuldades para iniciar-se no mundo do trabalho, bastaria subsidiar sua contratação com repasse de R$ 1.500 anuais (valor atual) às empresas que se dispusessem a recebê-los e a não demitir outros funcionários por um ano. A expectativa era investir R$ 188 milhões em 2004 e criar 260 mil vagas por ano. Lula anunciou que seria possível chegar a 500 mil postos.
Oito meses depois, o Primeiro Emprego só tinha levado à contratação de um copeiro em Salvador. De lá para cá, apenas 15 mil vagas foram criadas, mesmo depois de suspensa a exigência de interromper demissões. A dotação orçamentária do programa foi minguando, até alcançar R$ 130 milhões neste ano -dos quais R$ 20 milhões foram gastos. Diante do desinteresse dos empresários, o Primeiro Emprego terminou enterrado pelo Plano Plurianual 2008-2011 (PPA), que não lhe destina um tostão.
Demorou um bom tanto para o Planalto reconhecer o vício de origem sempre reiterado pelos críticos do programa: o Primeiro Emprego não atacava a verdadeira deficiência, falta de qualificação dos jovens. No final de 2005, o governo pôs em marcha o sucedâneo Projovem, para contemplar moços e moças de 18 a 24 anos sem ensino fundamental completo (oitava série). O conceito era oferecer-lhes bolsa de R$ 100 mensais para concluírem a formação escolar, com ênfase em disciplinas voltadas para o mercado de trabalho, como informática e inglês.
Com o sepultamento do Primeiro Emprego, o Projovem herdará verbas e expectativas ambiciosas. O PPA destina-lhe R$ 7,4 bilhões no período 2008-2011, para beneficiar 6 milhões de jovens de 15 a 29 anos. Já se vê que a rentabilidade eleitoral do Bolsa Família faz escola. Num caso como no outro, contudo, a medida do sucesso dos programas estará na sua capacidade de emancipar os jovens e os pobres da dependência, e não de perpetuá-la com donativos de toda espécie.


*

O problema deste governo é a falta de programa. Tudo é feito assim, na total irresponsabilidade com uma única finalidade: eleitoral.
O governo quer aprovação a qualquer preço, não consegue enxergar o estrago que causa ao país.
Está criando uma geração totalmente dependente do Estado.
O que será do Brasil amanhã?

Nenhum comentário: