E a classe média paga o pato do baixo crescimento com assistencialismo
Fernando Canzian - Folha de São Paulo
“O saldo da criação de empregos e da evolução da renda da classe média no primeiro mandato do governo Lula é amplamente negativo. Nessa parcela da população que mais paga imposto e consome, deu-se o contrário do verificado entre os mais pobres, em que a renda e o emprego prosperaram.Entre a maioria dos países da América Latina, com exceção da Argentina, é no Brasil onde a classe média mais encolheu sua participação no total da renda nos últimos anos. O fenômeno ocorre desde os anos FHC. Considerando classe média quem ganha acima de três salários mínimos (mais de R$ 1.050), houve saldo negativo de quase 2 milhões de empregos formais nos últimos seis anos. A renda de quem conseguiu entrar no mercado recebendo mais de R$ 1.050 caiu 46% em termos reais (descontada a inflação) ante o que era pago aos que foram demitidos. Os trabalhadores com pior remuneração foram na outra direção. Houve um saldo positivo (admitidos menos demitidos) de quase 6 milhões de novas vagas para quem ganha entre um e três mínimos de 2001 a setembro de 2006. O aumento na renda foi de 48%. Para quem ganha só até um mínimo (R$ 350), o balanço também é positivo: 2,2 milhões de vagas e renda 124% maior. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho) e foram compilados pela MB Associados. (...) Apesar de ter perdido espaço e renda, foi a classe média quem bancou (com impostos crescentes) boa parte da melhora na distribuição de renda nos últimos anos -principalmente via programas assistenciais e subsidiados, como os da Previdência indexados ao mínimo e o Bolsa Família.”
POBRE CLASSE MÉDIA – “Apesar de representar menos de 32% do total das famílias no Brasil, a classe média responde por 50% de todo o mercado consumidor no país. Seu encolhimento e precarização representam um obstáculo a mais ao crescimento do consumo, do investimento e da atividade econômica. Na comparação com a maioria dos países da América Latina, a partir de 1990 foi a classe média brasileira quem mais encolheu -tendo em conta a participação desse grupo no total da renda de cada país. Segundo dados das Nações Unidas (até 2002), a participação da classe média no total da renda no Brasil encolheu de 47% em 1990 para 43% em 2002. A tendência pode ter se acentuado mais recentemente. (...) ‘A diminuição do mercado é mais um fator de constrangimento, além do custo do investimento, que é mais elevado no Brasil por causa dos juros elevados. Na comparação entre os Bric [Brasil, Rússia, Índia e China], o Brasil perde terreno sistematicamente na atração de mais capital produtivo’, afirma Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).”
HORA DE CRESCER – “O economista Sergei Soares, especialista em desigualdade social do Ipea (Instituto de Política Econômica Aplicada), vinculado ao Ministério do Planejamento, afirma que o governo deveria ‘dar um tempo’ na distribuição de renda para fazer o país voltar a crescer. ‘Sempre fui uma pessoa profundamente preocupada com distribuição de renda. Mas temos de dar um tempo. Quando o nosso PIB tiver crescido uns 10%, o país vai estar com muito mais sobra fiscal. Aí podemos continuar."
POBRE CLASSE MÉDIA – “Apesar de representar menos de 32% do total das famílias no Brasil, a classe média responde por 50% de todo o mercado consumidor no país. Seu encolhimento e precarização representam um obstáculo a mais ao crescimento do consumo, do investimento e da atividade econômica. Na comparação com a maioria dos países da América Latina, a partir de 1990 foi a classe média brasileira quem mais encolheu -tendo em conta a participação desse grupo no total da renda de cada país. Segundo dados das Nações Unidas (até 2002), a participação da classe média no total da renda no Brasil encolheu de 47% em 1990 para 43% em 2002. A tendência pode ter se acentuado mais recentemente. (...) ‘A diminuição do mercado é mais um fator de constrangimento, além do custo do investimento, que é mais elevado no Brasil por causa dos juros elevados. Na comparação entre os Bric [Brasil, Rússia, Índia e China], o Brasil perde terreno sistematicamente na atração de mais capital produtivo’, afirma Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).”
HORA DE CRESCER – “O economista Sergei Soares, especialista em desigualdade social do Ipea (Instituto de Política Econômica Aplicada), vinculado ao Ministério do Planejamento, afirma que o governo deveria ‘dar um tempo’ na distribuição de renda para fazer o país voltar a crescer. ‘Sempre fui uma pessoa profundamente preocupada com distribuição de renda. Mas temos de dar um tempo. Quando o nosso PIB tiver crescido uns 10%, o país vai estar com muito mais sobra fiscal. Aí podemos continuar."
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