31 dezembro 2006

Previsões políticas infalíveis para o Ano-Novo

Do blog de Josias de Souza

A folhinha encontra-se em pleno trabalho de parto. Logo, logo dará à luz 2007, um ano novinho em folha. É hora de antever o futuro. Coisa muito fácil de fazer. Desconsiderado o inesperado, que, por imprevisível, é impossível de prever, tudo o mais pode ser antecipado. Vai abaixo um kit de previsões infalíveis.

Exceto pelo bordão “nunca na história desse país”, que repetirá à saciedade, o Lula de 1º de janeiro será um novo homem. Manterá o nome antigo apenas por comodidade, para não ter de trocar todos os documentos. Mas no fundo, no fundo passará a se chamar JK da Silva –um personagem à direita de Lula e à esquerda de Lula, dependendo da época.

Depois de um discurso de re-posse que exalará pompa, o governo cruzará o ano tropeçando nas circunstâncias. O presidente prometerá desenvolvimento econômico. O PIB pode mesmo experimentar vigorosa recuperação, desde que a economia não volte a registrar um desempenho pífio.

O primeiro ano do segundo mandato será um sucesso, caso não se revele um fiasco. Os jornais não voltarão a noticiar escândalos, bastando para isso que Brasília seja varrida por uma onda de probidade.

A despeito da nova identidade, JK da Silva continuará filiado ao PT. Porém, vai exacerbar o movimento iniciado em 2003. Levará o ecumenismo político às últimas conseqüências. Sua grande tacada será a “coalizão”, novo eufemismo para fisiologia.

Depois de anunciar o último nome do “novo” ministério, o presidente desfilará pelos salões de Brasília de mãos dadas com o PMDB, que lhe baterá a carteira na primeira oportunidade. O casamento correrá às mil maravilhas. O que parecia mera estratégia política ganhará ares de comunhão de estilos.

Distanciado dos principais cofres, o PT protagonizará cenas de ciúme explícito. Os queixumes serão pendurados nas manchetes dos jornais. Em meio à algaravia, o brasileiro voltará a ser assaltado (com duplo sentido, por favor) pela incômoda sensação de que a Esplanada voltou a ser ocupada por dois tipos de ministros: os incapazes de todo e os capazes de tudo.

O novo Congresso sofrerá um processo de envelhecimento precoce. Votações importantes serão condicionadas ao tilintar de verbas e cargos. O Planalto será compelido a negociar tudo. Inclusive os escrúpulos.

Desiludida, a esquerda vai se mudar para um grotão. Alugará um casebre vizinho ao barraco da social-democracia. Penduradas na rede de proteção social do governo, as duas velhotas usarão as migalhas do Bolsa Família para comprar aguardente. Viverão em porre eterno. Evitarão sair às ruas, com medo de ser apedrejadas. Passarão noites em claro relendo Karl Marx e Max Weber. Nas horas vagas, jogarão dardos. Como alvos, um retrato de Lula e outro de FHC.

Se o Apocalipse não vier, 2008 vai chegar no exato instante em que dezembro de 2007 acabar. Junto com o burburinho das eleições municipais, surgirão as primeiras notícias sobre a iminente troca de cúmplices. E virá outra reforma ministerial.

O Ano-Novo será, portanto, aquela coisa velha de sempre. Mas não se apavore. Você será muito feliz, desde que não seja acometido por um surto de desoladora infelicidade.

29 dezembro 2006

A FESTA DE LULA

Reinaldo Azevedo
Lula gastará 9 vezes mais do que Serra em posse

A festa de posse do governador José Serra, em São Paulo, custará, no máximo, R$ 100 mil. A de Lula, em Brasília, em segundas núpcias, sem chefes de Estado estrangeiros, custará R$ 1 milhão. Eis uma, como direi?, diferença de estilo. “Ah, mas são coisas que não se comparam”, hão de dizer alguns. Por que não? São Paulo produz um terço do PIB nacional. Se Lula gastasse R$ 300 mil, haveria aí um senso de proporção. Mas quê... O homem é imodesto. Sempre foi. Há uma marca visível no seu reinado: o gosto por desfrutar do poder. E ai de quem lhe recomendar moderação. Ele dirá que está sendo patrulhado porque foi operário. Bem pensado, a imodéstia tem sido sua marca: avião de luxo; reforma do Alvorada com dinheiro privado; avião de graça para filho e amigos; estrela plantada num jardim que é bem público; filho que consegue um negocião com uma concessionária de serviço público de que o BNDES é sócio; mulher andando em carro aberto no dia da posse contra o cerimonial previsto; linho egípcio para embalar o sono dos justos... Misturam-se as banalidades do deslumbramento com a clara ausência de limites entre o público e o privado. E, é claro, nada disso se dá porque Lula foi um dia um trabalhador, e sim porque há muito ele já não é.

28 dezembro 2006

LIÇÕES EM MEIO A DESAPONTAMENTOS
Nélio DaSilva

Não existe instrução sem a presença da adversidade.
Benjamin Disraeli

Os momentos de desapontamento e percepção de aparentes fracassos não passam de uma preparação para aqueles instantes nos quais podem superar todos os obstáculos e finalmente experimentar a concretização dos alvos. Esses fracassos ao longo da jornada poderão ser um ingrediente valioso como parte do rico e fértil solo de preciosas lições aprendidas. A realidade, porém, é que não é fácil enxergar lições em meio a desapontamentos. No entanto, levantar certas perguntas faz com que as pessoas se coloquem na posição de aprender e crescer com tudo que acontece na vida. Seria bom fazer perguntas como estas: "O que posso aprender desta lição?"; "Como crescer mediante esta experiência?"; "O que aprender com esta experiência, que não aprenderia de outra maneira?"
Nenhum desapontamento, retrocesso, trauma ou tragédia pode se tornar tão devastador a ponto de não poder aprender e crescer por meio deles. Pessoas bem-sucedidas na vida são aquelas que têm uma habilidade toda especial em aprender e se tornar vitoriosas naquelas circunstâncias em que outras se vêem a si mesmas apenas como vítimas de fatos dolorosos. Não existe ninguém que não tenha uma lição a aprender. Se não aprender tais lições, elas certamente voltarão repetidamente, até que as aprenda. Quais são as lições que estão aí presentes?


Para Meditação:
Foi-me bom ter passado pelas aflições para que eu pudesse aprender os teu decretos. Salmos 119:71

20 dezembro 2006

LULA 3

Reinaldo Azevedo:

Foi aberta uma brecha para o 3º mandato de Lula
Leiam texto da Agência Senado. Volto em seguida:

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) poderá realizar, durante as eleições municipais ou em data que achar conveniente, plebiscito para consultar a população sobre o fim do voto eleitoral obrigatório, a adoção do financiamento público de campanha e a reeleição dos chefes do Poder Executivo. É o que prevê o substitutivo ao Projeto de Decreto Legislativo 1.494/04, aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) nesta quarta-feira (20). - Se o Congresso não consegue decidir nas propostas que dizem respeito a estes temas, vamos devolvê-las à população para que se pronuncie - disse o autor da proposta, senador Gerson Camata (PMDB-ES).
A data para a consulta será fixada de acordo com decisão do TSE, mas será obrigatoriamente definida em no máximo um ano após a aprovação da matéria. Outro tema proposto para a consulta pelo relator, senador Jefferson Péres (PDT-AM) - a redução da maioridade penal - não obteve consenso entre os parlamentares e, por esse motivo, será analisado por meio de destaque durante a votação em Plenário, que ocorrerá somente na próxima legislatura.”

Voltei.

Acabo de falar com um grande especialista nas matérias acima. Não é delírio: está aberto o caminho para Lula III — isso mesmo, o terceiro mandato de Lula. Isso está no texto aprovado? Não! Mas pode ser perfeitamente acrescentado por um acordo de lideranças. Vão dizer, evidentemente, que isso é delírio, mas não é.

Jefferson Péres (PDT-AM) é um bom homem. Mas tem um pé no esquerdismo light. Ora, se a consulta direta ao povo é sempre útil e se este povo é soberano, por que não ouvi-lo sobre se Lula merece ou não ser submetido a novo escrutínio popular? É rigorosamente a trilha que foi aberta na Venezuela, entenderam? Lá, Chávez, na aparência, sempre respeitou os ritos democráticos.

Constituição
Escrevi certa feita, para escândalo da esquerda, que também o povo é escravo da Constituição. Discutia-se, então, se era ou não viável encaminhar o processo de impeachment de Lula. Foi por ocasião da revelação de Duda Mendonça de que houvera recebido dinheiro no exterior como pagamento pela campanha presidencial do PT. “Ah, o povo não quer”. O povo também está subordinado às leis. Se não quer, tem de querer. Anotem: se essa tolice proposta por Gerson Camata (PMDB-ES) e relatada por Péres prosperar, estará aberto o caminho para um terceiro mandato de Lula.

A grande mídia praticamente ignorou o caso. Deveria ficar mais atenta. Especialmente num tempo em que o Congresso desce aos infernos.

COCA-COLA E FEMSA ANUNCIAM ACORDO PARA COMPRAR DEL VALLE

Folha de São Paulo

A Coca-Cola e a mexicana Femsa anunciaram ontem um acordo para a aquisição de até 100% da Sucos Del Valle, também do México, em operação de aproximadamente US$ 470 milhões.

O negócio representa mais uma investida agressiva da americana Coca-Cola no segmento denominado bebidas não-carbonatadas, que apresenta elevadas taxas de crescimento e inclui, por exemplo, sucos prontos, chás e bebidas energéticas.

Analistas apontam que, embora ainda seja a maior empresa de refrigerantes do mundo, a Coca-Cola "largou" com atraso em relação à concorrente PepsiCo, que fabrica a Pepsi, no segmento.

A Del Valle é a líder no ramo de sucos no Brasil e a segunda maior no México, os dois principais mercados na América Latina. A aquisição representaria o domínio da Coca-Cola na região.

Há pouco mais de um ano, a empresa americana já havia adquirido de dois grupos brasileiros, por cerca de R$ 110 milhões, a Sucos Mais, vice-líder no mercado doméstico. Meses mais tarde, colocou na embalagem sua marca global "Minute Maid".

A Femsa é um dos maiores grupos de bebidas no mundo e a maior engarrafadora da Coca-Cola na América Latina, com forte presença no Brasil. Ela e o grupo americano planejam criar uma terceira empresa para adquirir as ações da Del Valle. O negócio precisa ser aprovado por autoridades regulatórias.

TABELA DO IMPOSTO DE RENDA MUDA A PARTIR DO ANO QUE VEM

Folha Online

A tabela do Imposto de Renda será reajustada a partir do ano que vem. Com isso, o limite de isenção ficará maior, assim como as deduções que podem ser feitas.

O governo fechou um acordo com as centrais sindicais que irá corrigir a tabela em 4,5% em janeiro. Até 2010, a cada ano ela será corrigida no mesmo percentual.

Neste caso, para o ano que vem, o limite de isenção mensal passará de R$ 1.257,12 para R$ 1.313,69.

Já a alíquota de 15% passaria a incidir sobre salários entre R$ 1.313,70 e R$ 2.625,12. Por último, a maior alíquota do IRPF, de 27,5%, irá incidir sobre os salários acima de R$ 2.625,12. Hoje, esses limites vão de R$ 1.257,13 a R$ 2.512,08 e acima de R$ 2.512,08, respectivamente.

Já a dedução por dependente na declaração do IR passará de R$ 126,36 para R$ 132,04.

SALÁRIO CAI 12,7% E DESEMPREGO SOBRE 52% EM UMA DÉCADA, DIZ IBGE

Valor Online

A renda do trabalhador brasileiro caiu 12,7% entre 1995 e 2005. No mesmo período, a taxa de desemprego subiu 52,5%: em 1995, atingia 6,1% da população economicamente ativa (PEA), e, em 2005, passou a 9,3%, uma diferença de 3,2 pontos percentuais.

Os dados são da pesquisa Indicadores Sociais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre 2004 e 2005, houve uma evolução positiva na renda, que subiu 4,6%. Mas a alta não foi suficiente para anular as perdas dos últimos anos.

Em 2005, os homens tiveram uma renda média mensal de R$ 909,10, enquanto as mulheres receberam menos, o equivalente a R$ 718,80.

A pesquisa revelou ainda uma redução na desigualdade de renda. Em 1995, o rendimento dos 10% mais ricos que trabalhavam era 21,2 vezes maior que os rendimentos dos 40% trabalhadores mais pobres. Em 2005, essa relação foi reduzida para 15,8 vezes.

Jovens sem trabalho
Segundo o IBGE, os jovens de 10 a 17 anos e de 18 a 24 anos de idade foram os mais atingidos, com aumentos na taxa de desemprego de 87% e 68%, respectivamente, no período analisado.

Para o instituto, o elevado nível de desemprego entre os jovens revela não só o aumento da procura por trabalho, mas também a baixa capacidade da economia de absorver mão-de-obra qualificada.

Os jovens já tinham em 2005 uma média de anos de estudo semelhante, e em alguns casos, até maior que a média da população adulta. Na faixa etária de 18 a 24 anos, a taxa de desemprego chegou a 17,8% no ano passado.

Apesar do aumento do desemprego, houve uma maior formalização do emprego. No período abrangido pela pesquisa, a formalização da mão-de-obra cresceu quatro pontos percentuais, passando de 43,2% em 1995 para 47,2% em 2005, nível, no entanto, considerado baixo pelo IBGE.

PELA PRIMEIRA VEZ, BRASIL INVESTE NO EXTERIOR MAIS DO QUE RECEBE NO PAÍS

Reinaldo Azevedo

Mais uma da "estagnabilidade": Brasil mais investe no exterior do que recebe investimentos estrangeiros
Não há nada de errado no fato de empresas brasileiras investirem no exterior. Na economia globalizada é assim mesmo. O problema está no fato de os estrangeiros investirem tão pouco no Brasil. Um país emergente — que precisa crescer e gerar empregos — que mais investe fora do que recebe investimentos de fora está condenado. É mais uma delicadeza do modelo consagrado por Lula, que batizei de “estagnabilidade”, a estabilidade da estagnação.

Por Fernando Dantas no Estadão desta quarta:
Pela primeira vez, Brasil investe no exterior mais do que recebe no País
Projeções indicam investimentos de US$ 26 bi este ano; movimento reflete internacionalização de empresas

Em 2006, pela primeira vez na história, os investimentos diretos do Brasil no exterior, impulsionados pela internacionalização das operações de grandes empresas brasileiras, serão maiores que os investimentos diretos estrangeiros no País. As projeções indicam que os investimentos estrangeiros devem fechar o ano em pouco mais de US$ 18 bilhões e os investimentos brasileiros no exterior, acima de US$ 26 bilhões.

A ultrapassagem dos investimentos estrangeiros no Brasil pelos investimentos brasileiros no exterior tem também um lado preocupante, já que reflete o maior apetite por investir fora do País por parte tanto de empresas nacionais quanto de estrangeiras. 'Infelizmente, as condições para investir na China, onde há um saldo líquido positivo de investimentos de US$ 50 bilhões, são melhores que no Brasil', comentou Tomás Málaga, economista-chefe do Itaú.

A reviravolta em 2006 deve-se, basicamente, à aquisição da mineradora canadense Inco pela Vale, por US$ 18 bilhões. Mas os dados do Produto Interno Bruto (PIB) em valores do terceiro trimestre, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deixam claro que o movimento reflete tendência bem mais generalizada de internacionalização de empresas brasileiras como Vale, Petrobrás, Gerdau e Odebrecht, entre outras.

Os números do IBGE vão só até setembro e não incluem a compra da Inco, fechada em outubro e liquidada em novembro. De janeiro a setembro de 2006, os investimentos diretos do Brasil no exterior somaram US$ 7,8 bilhões, um avanço de 226% em relação aos US$ 2,4 bilhões investidos pelas empresas brasileiras fora do País no mesmo período de 2005.

Já os investimentos estrangeiros no Brasil atingiram US$ 11,9 bilhões de janeiro a setembro de 2006, apenas 2,1% acima dos US$ 11,7 bilhões de igual período de 2005. No fechamento do ano, porém, os investimentos estrangeiros no Brasil devem ter desempenho um pouco melhor, saindo de US$ 15 bilhões em 2005 para US$ 18 bilhões, um crescimento de 20%.Os investimentos brasileiros no exterior envolvendo operações de capital cresceram 188% entre o terceiro trimestre de 2005 e o mesmo período de 2006 (de R$ 1,7 bilhão para R$ 4,9 bilhões), de acordo com o IBGE. Já os empréstimos intercompanhia, entre a sede nacional de empresas brasileiras e suas filiais no exterior, cresceram 385 vezes na mesma base de comparação (de R$ 8,3 milhões para R$ 3,2 bilhões).

Segundo a assessoria de Comunicação da Petrobrás, os investimentos em atividades no exterior da estatal totalizaram R$ 3,9 bilhões de janeiro a setembro, um aumento de 110% ante o mesmo período de 2005. No terceiro trimestre, foi concluída, por intermédio da subsidiária Petrobrás América Inc, a aquisição de 50% da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, da Astra Oil Company, empresa de um grupo belga. O investimento final foi de US$ 360 milhões.

A capacidade de financiamento (equivalente ao saldo em conta corrente) no País atingiu o recorde para um terceiro trimestre neste ano, chegando a R$ 16,2 bilhões. No terceiro trimestre do ano passado, havia sido de R$ 13,4 bilhões.

A principal novidade é que, pela primeira vez, o crescimento não está relacionado ao saldo externo de bens e serviços, mas à queda do endividamento externo e ao aumento dos juros sobre o capital financeiro no exterior.

INFLAÇÃO, CRESCIMENTO E IGUALDADE À LUZ DA ESTAGNABILIDADE

Reinaldo Azevedo

O mercado já aposta em 2,8% de crescimento para este ano; eu chuto 2,7%, e há especialistas respeitáveis que temem meros 2,5%. O Banco Central, vejam só, veio a púbico para falar em 3%, não mais os 3,5% de sua previsão anterior, na qual já ninguém acreditava. O país segue firme e crente no rumo da “estagnabilidade”, a estabilidade da estagnação, defendida com denodo pelo BC. O banco também faz uma previsão do crescimento para o ano que vem: 3,8% — já está avisando ao Babalorixá que não virão os 5%. Se são os rapazes do banco que estão dizendo, sinal de que eles próprios esperam menos. Gente boa crava apenas 2,8% para o ano que vem.

A inflação, no entanto, está uma beleza. Exibe a saúde das economias arrumadas, de Primeiro Mundo. O IPCA-15 encerra o ano em 2,96%, metade do índice do ano passado (5,88%). Os especialistas apontam o câmbio como o fator decisivo desse índice magro, com visível efeito na queda do preço dos alimentos. Inflação assim baixa em razão da valorização do real significa, com efeito, maior poder de compra para os salários mais baixos, o que garante o mercado eleitoral de Lula. A inflação da classe média — elevação dos preços de serviços — não é percebida pelo povão. Ulalá!

É a estabilidade atingida num regime de baixo crescimento econômico. Temos pororoca, jabuticaba e, quem diria?, a primeira estagnação econômica popular do mundo. O BC está feliz e demonstra que é assim mesmo. A meta de inflação para este ano era de 4,5% — com margem de 2 pontos para mais ou para menos. O IPC deve ficar em 3% . O banco demonstra que a maioria dos países que adotam regime de metas fica abaixo do teto. Muito bom. Sobre como esses países lidam com crescimento, nada se disse.

O Brasil caminha para ser uma palhoça orgulhosa de seus indicadores de responsabilidade econômica. Vejam, por exemplo, nota nesta página sobre os pífios investimentos estrangeiros no país. Mas, como se sabe, nunca antes se viu coisa igual... Segundo o IBGE, o rendimento do trabalhador teve uma queda de 12,7% entre 1995 e 2005. Em todos os níveis de escolaridade. A gente consegue desmoralizar até a educação.

Mas, como estamos sob a égide da estagnabilidade, na estagnação tornada popular por causa da estabilidade, a igualdade aumentou. Em 95, o rendimento dos 10% mais ricos era 21,2 vezes maior que o rendimento dos 40% mais pobres. Agora, é 15,8 vezes. Como o rendimento caiu, conclui-se que os que ganhavam mais passaram a ganhar menos, mas o que ganhavam menos não passaram a ganhar mais. O Brasil ficou mais igual porque os mais ricos ficaram mais pobres sem que os mais pobres tenham ficado mais ricos.

Obra de gênios! Lula inventou a estagnação de resultados.

FALA DE GABEIRA

O deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) é um dos parlamentares que se opõe ao aumento de 91% no salário dos congressistas. Além disso, ele critica a imunidade parlamentar, dizendo: “muita gente que está fugindo da polícia foi eleita”, se referindo diretamente a Paulo Maluf (PP-SP) e Juvenil Alves (PT-MG).

19 dezembro 2006

COLUNA

Minha Coluna no Paraná Jornal de 20/12

GUARACI
A CNM (Confederação Nacional dos Municípios) divulgou o ranking nacional do IRFS (Índice de Responsabilidade Fiscal, Social de Gestão dos Municípios).
O IRFS é dividido em três sub-índices: fiscal (IRFS-F), gestão (IRFS-G) e social (IRFS-S).
Guaraci conquistou duas honrosas colocações: o 4º lugar do ranking nacional e 1º do ranking estadual no IRFS-S, onde são avaliadas as informações relativas à saúde e educação. Nele, são considerados os gastos com ações de saúde e saneamento básico, a cobertura vacinal, a taxa de mortalidade infantil e os números de atendimentos; na educação são avaliados os gastos, a taxa de matrícula na rede municipal, a taxa de abandono escolar e o índice de professores municipais com curso superior.
Parabéns prefeito Sidnei Dezoti! É isso que o povo espera de um prefeito: trabalho, dedicação e resultado.

AGRICULTURA
Um estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostra que a estimativa de apoio ao agricultor do Japão é de 58% do PIB agrícola, a União Européia de 34%, o Canadá 22%, os Estados Unidos 17% e no Brasil não chega a 3% do PIB agrícola nacional, acima apenas da Nova Zelândia.

FRASES DA SEMANA e notas
"A frase é típica do camaleonismo do presidente, que diz o que cada platéia quer ouvir, mas é um sinal de indigência cultural." Francisco de Oliveira, 73 anos, sociólogo, fundador e dissidente do PT Lula prega a "praga do populismo" e onde quer que vá, o que quer, é só agradar.
E como não gosta de ler, não deve conhecer a sábia frase: “Eu não sei qual é a chave para o sucesso, mas sei qual é a chave para o fracasso. A chave para o fracasso consiste na tentativa de agradar a todo mundo.”
Pior que nesse caso, o fracasso é coletivo: é meu, é seu, é do Brasil."A ineficiência do governo é por terra, mar e ar." Geraldo Alckmin, ainda em campanhaO tucano, confirmando o presente e prevendo o futuro.
Não há explicação para a inércia do governo Lula frente a um problema tão sério como esse do tráfego aéreo. O que há por trás disso?
"O Waldir Pires me disse que é necessário muita fé e que é preciso rezar um pouco para que tudo dê certo."Augusto Nardes, ministro do TCU, depois de conversar com o ministro da Defesa sobre as perspectivas do caos aéreo nas festas de fim de anoQuem precisa rezar é o povo brasileiro, para que Lula pelo menos, monte um governo eficiente e responsável.

PERGUNTAS CRETINAS
- A senhora está triste com a morte de seu filho?
- Está doendo muito? (para o acidentado que está gritando de dor)
- Feliz com a vitória? (para o técnico do time que acaba de ganhar o campeonato)
- Qual é a sua maior esperança? (para a mãe que procura um filho desaparecido)
- Vão jogar água? (aos bombeiros que chegam para apagar um incêndio)

REFLEXÃO
"Valorize e aprecie tudo o que você tem e tudo que você é, não importa quão modesto e insignificante possa parecer, pois tudo o que você tem é tudo o que você precisa para ser o que você deseja ser." Parker Mills

HUMOR

Do blog CHENGPONG:

CHURRASCO DE RICO E DE POBRE

TRAJE FEMININO DE RICO:Calça capri de cor clara da Zara ou outra grife importada, bolsas L.Vuitton ou Prada. Camisetinha básica branca da Club Chocolate ou Doc Dog. Óculos Chanel, Valentino, sandalinha rasteira da Lenny. Ela sempre chega sozinha, dirigindo o seu próprio carro.
DE POBRE:Mini-saia curtíssima, blusinha da C&A estampada, tamanco de madeira de salto altíssimo, óculos coloridos, piercing enorme e pendurado no umbigo, anel no dedo do pé.. Muitas usam biquíni fio dental por baixo, na esperança de tomar um banho de piscina "prástica."

TRAJE MASCULINO DE RICO:Bermuda Hugo Boss ou Richard, camisa esporte Siberian ou Brooksfield, óculos Armani e aquela caminhonete importada maravilhosa.
DE POBRE:Chinelo havaiana ou dupé, bermuda florida ou feita de uma calça jeans cortada com a barriga aparecendo, camisa do Flamengo jogada nas costas (morrem de calor e vivem suando) e óculos de camelô na testa. Chegam de Monza ou de carona com mais oito pessoas.

A COMIDA DE RICO:Normalmente eles não comem, quando comem é um pouquinho de cada coisa. Arroz com brócolis ou açafrão, farofa com frutas, filé de cordeiro, picanha argentina, muzzarella de búfala. Sendo que cada coisa a seu tempo e pausadamente.
DE POBRE: Vinagrete, farofa com muita cebola, maionese, muita asa de frango, lingüiça com pão de alho, coração e fígado de frango, costela e a tradicional bola da pá (que eles juram ser mais macia que a picanha!).

A BEBIDA DE RICO: Os homens, Chopp da Brahma ou cerveja Heineken geladíssima.As mulheres, tônica Schweppes Citrus ou Envian e Coca- Cola Light Lemon.
DE POBRE:Cerveja Lokal, Glacial , Itaipava ou Cintra, geladas no tanque de lavar rupa cheio de gelo. Quem fica tonto mais rápido, bebe intercalado água da torneira. Muita caipirinha com Caninha da Roça, refrigerantes: Baré Cola, Guaraná TOBI, salutaris, aruba, cola são bento, convenção de abacaxi, convenção ou marcas de supermercado como: carrefour, wal mart.

PRATO DE RICO: Normalmente beliscam uma picanha servida num enorme prato branco liso de porcelana, taças adequadas a cada tipo de bebida: água, chopp, refrigerante.
DE POBRE:Os tradicionais pratinhos de alumínio, papelão ou "prásticos", eles ficam o tempo todo de olho na fila esperando diminuir. As bebidas são servidas em copinhos plásticos de 200ml (compra-se a quantidade exata do número de convidados) - são descartáveis mas não podem jogar fora ou servem naqueles de requeijão ou geléia para os convidados mais chegados: familiares, algum cabo da PM, Corpo de Bombeiros, Escrivão da Polícia, etc..(OS VIPS). Garfos plásticos que quebram qdo se tentar espetar a carne muito dura !!!!!!!!

MÚSICA DE RICO:Jack Johnson, Maria Rita, música instrumental, Lounge Music e Jazz.Pode ser que contratem um grupo que toca chorinho, mas com músicos formados pela escola de Música da UFRJ, CD Um barzinho e violão.
DE POBRE:Aquele pagodão de pingar suor, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Revelação. Só CD's piratas (4 por 10,00) mídia azul. Não pode faltar o de Samba Enredo do ano. O importante é tirar a galera do chão, depois de umas 2 horas de churrasco, todos já estão dançando, independente das idades ou credos. Também rola uma batucada improvisada com panelas, tampas ou qualquer objeto disponível que emita um som (cantam de Almir Guineto à Alcione). A mulherada tira a sandália, porque não está acostumada, e bota a poeira pra subir. Tem também muito funk ( Quer bolete! leite moça pau na coxa!)

O CHURRASQUEIRO DE RICO:Contratado de uma churrascaria famosa. Trabalha com um uniforme impecável e traz consigo toda equipe necessária para atender todos os convidados.
DE POBRE:Amigo de um conhecido que adora fazer churrasco, e cada hora um fica um pouquinho pra revezar. Normalmente é um cara barrigudo que fica suando com uma toalhinha na mão (ele usa para enxugar o suor, limpar as mãos e o que mais precisar!). Adora ficar jogando cerveja na brasa para mostrar fartura!

O LOCAL DE RICO:Área coberta com piso de granito, tem mesinhas, ombrelones e bancos da Indonésia, num lindo jardim com piscina, mas ninguém se anima dar um mergulho.
DE POBRE:Normalmente na laje, com sol quente na cabeça ou chuva para acalmar o fogo (então é improvisada uma lona de caminhão como cobertura, mas só para proteger a churrasqueira), cadeiras só para quem chegar mais cedo (esses cedem o lugar para as grávidas que sempre chegam atrasadas), os demais ficam em pé, esbarrando uns nos outros e pisando no seu pé, mas não tem problema porque a maioria tá descalça. Sem esquecer o tradicional banho de chuveiro, onde os bêbados começam com a brincadeira de querer molhar todo mundo.

O FINAL DE RICO:Em no máximo 4 horas, cada pessoa sai em seu próprio carro. Mas saem em momentos diferentes, para que o dono do churrasco possa fazer os agradecimentos a cada um com atenção.
DE POBRE:Dura no mínimo 8 horas e depois que todos já estão bêbados, o dono da casa diz que tem que trabalhar cedo no dia seguinte, mas o pessoal ainda quer fazer vaquinha para comprar mais uma caixa de cerveja. Quem não tem carro pede carona ou vai de buzão mesmo. (isso sem falar nos que precisam curar o porre, estabacados no sofá ou no tapete, antes de pensar em ir embora!). O pessoal que tem carro, liga o som bem alto (pagode, claro!) e saibuzinando, sorrindo e gritando: Valeu maluco!Amanhã tô aí pro enterro dos ossos!!

18 dezembro 2006

HUMOR

Do blog do Rigon:

Circula pela rede:
Os 10 Mandamentos do Pronto-Socorro

1 - Se você não sabe o que tem, dê Voltaren;
2 - Se você não sabe o que viu, dê Benzetacil;
3 - Apertou a barriga e fez "ahn", dê Buscopan;
4 - Caiu e passou mal, dê Gardenal;
5 - Tá com uma dor bem grandona? Dê Dipirona;
6 - Se você não sabe o que é bom, dê Decadron;
7 - Vomitou tudo o que ingeriu, dê Plasil;
8 - Se a pressão subiu, dê Captopril;
9 - Se a pressão deu uma grande subida, dê Furosemida!
10- Chegou morrendo de choro, passe um soro;
E mais:
Arritmia doidona, dê Amiodarona...
Pelo não, pelo sim, dê Rocefin...
Não sabe o que faz, dê Fortaz!

17 dezembro 2006

FRASES DA SEMANA e notas

"A frase é típica do camaleonismo do presidente, que diz o que cada platéia quer ouvir, mas é um sinal de indigência cultural."
Francisco de Oliveira, 73 anos, sociólogo, fundador e dissidente do PT

Lula prega a "praga do populismo" e onde quer que vá, o que quer, é só agradar.


"A ineficiência do governo é por terra, mar e ar."
Geraldo Alckmin, ainda em campanha

O tucano, confirmando o presente e prevendo o futuro.


"O Waldir Pires me disse que é necessário muita fé e que é preciso rezar um pouco para que tudo dê certo."
Augusto Nardes, ministro do TCU, depois de conversar com o ministro da Defesa sobre as perspectivas do caos aéreo nas festas de fim de ano

Quem precisa rezar é o povo brasileiro, para que Lula pelo menos, monte um governo eficiente.

A IMPORTÂNCIA DAS AVÓS

Stephen Kanitz

"Se você acha que a menopausa vai diminuí-la,que você será menos mulher, fique tranqüila.Você estará é passando para um estágiosuperior, você estará transcendendo"

A menopausa é um período de mudanças e de reflexão. Algumas mulheres a vêem negativamente, pois ela marca o fim da capacidade de reprodução, outras a vêem como uma bênção. Na nossa cultura tradicional, o fim da maternidade é como se fosse o fim da função primordial da mulher, algo injusto e incorreto.

Até recentemente, a menopausa era considerada um paradoxo genético, por ser um gene ou conjunto de genes que reduzia o número de filhos que uma mulher poderia ter. Uma mulher que tem seis ou sete filhos até morrer deixará mais descendentes do que uma mulher que deixa somente cinco, devido ao fim da ovulação.

Mas na espécie humana ocorreu justamente o contrário. As primeiras mulheres a transmitir o "gene" da menopausa deixaram muito mais descendentes, algo muito intrigante. Na realidade, a menopausa foi uma evolução positiva para a mulher e para a humanidade, porque basicamente ela tem a função de transformar uma mãe em uma avó. A menopausa, ao contrário de ser uma falha, deveria ser considerada uma evolução importante da espécie humana, ao lado da postura ereta, do uso do polegar, do desenvolvimento da linguagem e do descobrimento do fogo. Com o aumento do período de maturação das crianças, as mulheres passaram a ficar cada vez mais assoberbadas com cada filho adicional. Por isso, o surgimento de uma outra mulher para ajudar foi uma enorme evolução, já que os homens desde o início da humanidade não se preocupavam tanto com crianças.

Mesmo que naquela época as avós morressem cedo, poucos anos após a menopausa, uma diferença de cinco anos já garantia uma vantagem genética significativa.

Essa hipótese da importância das avós, levantada por C.G. Williams em 1957, é contestada por muitos, e provavelmente nunca saberemos o que de fato ocorreu. Uma possibilidade é que essas avós tenham passado a exercer a função de babás das crianças mais velhas, sem sair da caverna, protegendo os netos dos leões. Os sintomas de calor que vêm com a menopausa, especialmente no sufocante continente africano, podem ter sido uma forma de obrigá-las a ficar estacionárias. O mesmo teria ocorrido com os sintomas da osteoporose, que reduzem rapidamente a mobilidade da mulher.

Parte do nosso sucesso como humanos é devida ao surgimento das avós, ao seu carinho e dedicação altruísta ao ajudar as filhas na dura tarefa de criação dos netos. Por essa razão, mulheres que desenvolveram a menopausa tiveram mais netos do que as mulheres que reproduziram até morrer, e netos com mais chances de sobreviver. Sem avós, eles estariam perdidos.

Muitas mulheres que se sentem desconfortáveis com a inevitabilidade da menopausa esquecem as raízes genéticas do processo e o recado que ele traz. A menopausa é o sinal de que chegou o momento de se preparar para ser uma avó carinhosa e prestativa, como antigamente. Homens não desenvolveram o gene da menopausa. A tão falada andropausa necessariamente não gera um avô. Não tira a capacidade de reprodução, não os obriga a uma pausa e à reflexão. Em vez de assumirem a função de avôs, muitos homens decidem ser pais novamente com uma nova mulher. Perde o novo filho, que não terá um avô, muitas vezes já falecido. Ou talvez ganhe mais um avô do que um pai, embora a maioria não aceite essa visão. Alegam que não estão envelhecendo, nós é que vivemos com a mesma mulher. Perdem também os netos do primeiro casamento, que não terão o avô presente como os avôs de antigamente.

Na mulher, a menopausa deixa essa questão bem clara, sem dúvidas ou interpretações. Ela passa a ser avó, o que de fato é uma transição, mas uma transição para melhor. Se você acha que a menopausa vai diminuí-la, que você será menos mulher, fique tranqüila. Você estará é passando para um estágio superior, você estará transcendendo. Passará a ser uma avó, cujo surgimento foi um dos eventos mais importantes que a espécie humana produziu, e uma das razões de nosso sucesso como espécie.

Só temos a agradecer o surgimento das avós, que cuidaram de nós com carinho e dedicação, em vez de cuidar de mais uma penca de filhos próprios. Nosso muito obrigado a elas.

O BILHÃO E A MANTEIGA

André Petry

"O problema brasileiro não é a durezacom que a Justiça trata o crime dos ricos. É a insistência quase exclusiva com quepune apenas o crime dos pobres"

Saiu a sentença contra o ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, condenado por desviar coisa de 3 bilhões de reais. Pegou 21 anos de cadeia. É a maior sentença que um banqueiro já recebeu no Brasil – e eis aí uma excelente notícia. Cumprindo o papel que lhe cabe, o advogado Sérgio Bermudes, que trabalha para o ex-banqueiro, protestou. "Vinte e um anos é uma pena para homicida. Esse juiz é um homem malvado." É o juiz Fausto Martin de Sanctis, titular da 6ª Vara Federal Criminal em São Paulo. Pois dizem que ele é malvado mesmo. Sua vara ganhou o apelido de "câmara de gás". Quem cai lá se dana. É a outra excelente notícia, porque a 6ª Vara do juiz Fausto de Sanctis é especializada no julgamento de crimes financeiros. Quando crimes financeiros começam a ser julgados com rigor, algo de bom está acontecendo.

Nos Estados Unidos, as sentenças contra os criminosos do colarinho-branco ficaram mais duras nesta primeira década de século. Bernard Ebbers, ex-barão da WorldCom, condenado por fraude contábil de 11 bilhões de dólares, pegou 25 anos de cana. Timothy Rigas, da Adelphia Communications, sentenciado por uma sucessão de crimes financeiros e fraudes contábeis, foi condenado a vinte anos. Dennis Kozlowski, ex-presidente do conglomerado industrial Tyco, também pegou 25 anos de cadeia. Desviou 600 milhões de dólares da empresa para o seu próprio bolso. O rigor é explicável: a montanha de fraudes estava minando a credibilidade do sistema financeiro, do mercado de ações, da poupança. As penas mais duras destinavam-se a preservar a confiança da massa de cidadãos que poupam e investem suas economias.

Edemar Cid Ferreira é acusado de surrupiar 3 bilhões de reais, uma parcela de seus investidores e outra do BNDES, que é parte do meu, do seu, do nosso dinheiro. É mais ganancioso do que Dennis Kozlowski e seus 600 milhões de dólares. A pena de 21 anos pode chamar atenção no cenário brasileiro, mas não é nada de outro mundo, como prova o exemplo americano. O problema brasileiro não é a dureza com que a Justiça trata o crime dos ricos. É a insistência quase exclusiva com que pune apenas o crime dos pobres – e, às vezes, com estonteante brutalidade.

O exemplo mais gritante dessa distorção é o caso da doméstica Angélica Aparecida Souza Teodoro. Ela foi flagrada furtando um pote de manteiga num mercado em São Paulo, que custa por volta de 5 reais. Ficou 128 dias na prisão. Seu advogado, Nilton José de Paula Trindade, foi quatro vezes à Justiça para conseguir que fosse libertada. Julgada recentemente, foi condenada a quatro anos em regime semi-aberto. Na sua sentença, o juiz Cesar Augusto Andrade, da 23ª Vara Criminal, explica que a pena não se deve apenas à tentativa de levar um pote de manteiga, mas sobretudo ao fato de que a acusada, ao ser abordada pelo dono do mercado e o irmão, devolveu a manteiga mas fez ameaças contra os dois homens. O juiz considerou a ameaça de "singular gravidade" e pôs a ré em cana por quatro anos.

Ninguém chama a 23ª Vara Criminal de "câmara de gás", nem o juiz César Andrade de "homem malvado".

FÁBULA CAPITAL

Diogo Mainardi

"Forjamos reportagens e mais reportagenssobre a roubalheira do PT. Alguém sugeriuorganizar um golpe. Passamos uns documentos falsos para os broncos do Paláciodo Planalto e mobilizamos nossos agentes da Polícia Federal. Viramos o jogo na última semana. O acidente da Gol quase atrapalhou nossos planos. Mas impedimos que o Jornal Nacional desse a notícia"

Arrumem outro colunista. Passei o ano tentando derrotar o Lula. Fracassei. Eu e mais quatro ou cinco panfleteiros da grande imprensa. Primeiro espalhamos que os petistas roubavam. Ninguém acreditou em nossa mentira. Depois lançamos a candidatura de Geraldo Alckmin, em vez de José Serra, embora o segundo aparecesse nas pesquisas com o dobro dos votos do primeiro. Quem eles pensam que a gente é? Eles pensam que a gente acredita em pesquisas compradas?

Engabelar os ricos é moleza. É o que demonstra a história da humanidade. Muito mais difícil é engabelar os pobres. Forjamos reportagens e mais reportagens. O eleitorado rico logo se rendeu a nós. O eleitorado pobre, dotado de maior discernimento, aquele mesmo discernimento que sempre o levou a fazer as escolhas certas, percebeu o engano e continuou fiel a Lula. Os mais obstinados foram os analfabetos, sobretudo os nordestinos, que se recusaram terminantemente a ler minha coluna e a votar em Geraldo Alckmin, mesmo que de nariz tapado.

Quando percebemos que Lula venceria no primeiro turno, foi um corre-corre danado. Alguém sugeriu organizar um golpe. A proposta foi aceita unanimemente. Um de nós pensou em implicar o chefe da máfia dos sanguessugas. Passamos uns documentos falsos para os broncos do Palácio do Planalto e mobilizamos nossos agentes da Polícia Federal. Com o apoio do resto da imprensa, denunciamos os broncos do Palácio do Planalto e viramos o jogo na última semana de campanha eleitoral. O acidente da Gol, possivelmente engendrado pelo aparato petista, quase atrapalhou nossos planos, desviando o foco dos telespectadores. Mas reagimos a tempo e impedimos que o Jornal Nacional desse a notícia.

Lula ganhou mesmo assim. Apesar de nossas tramóias. Apesar de nosso golpismo. Luis Fernando Verissimo recriminou os ricos por se recusarem a ser governados pelos pobres. Eu sou o retrato disso. Jamais poderei me conformar à perda do poder, depois de 500 anos de supremacia incontrastada. Estou até respondendo judicialmente pelas calúnias que pronunciei contra os pobres membros da classe trabalhadora da Previ, da Petros e do Funcef. A Previ tem um patrimônio líquido de 100 bilhões de reais. O da Petros é de 30 bilhões. O do Funcef é de 25 bilhões. Fui acusado de ofender esses pobres trabalhadores de "forma covarde".

Que fique claro: nunca fui rico. Que fique igualmente claro: nunca mandei em ninguém. Mas os petistas garantem que sou a voz do dono. E o dono é rico e manda num bocado de gente. Se Carlos Heitor Cony até hoje é conhecido como Manchetinha, por ser a voz de Adolpho Bloch, eu devo ser o Abrilzinho. Falei com o dono da Abril apenas uma vez na vida, num almoço. Os temas tratados foram etimologia e Tiazinha. Mesmo assim, os petistas dizem que tento interpretar seus desejos e editorializá-los em minha coluna.

Eu e os outros panfleteiros da grande imprensa ficamos baqueados com a vitória esmagadora de Lula. Aguardem: um dia a gente volta.

13 dezembro 2006

NOTAS DA COLUNA*

ÍNDICES DE CRESCIMENTO
Dos 399 municípios paranaenses, 160 tiveram variação positiva em sua arrecadação
De ICMS e 239 tiveram variação negativa. Como exemplo citamos Astorga que obteve variação negativa de -1.578, enquanto que nossa vizinha Jaguapitã obteve variação positiva de +20.53.

MAIS DÍVIDAS
Conforme Lei nº 1.868/2006, a Câmara Municipal de Astorga autorizou o Poder Executivo Municipal a contrair dívida junto ao Banco do Brasil no valor de R$ 537.240,00, para aquisição de máquinas e equipamento para conservação e melhoria das estradas municipais, o que se faz necessário, afinal, os agricultores precisam de boas estradas.

MAIS DÍVIDAS 2
Consta no orçamento do Estado do Paraná para 2007, programa de recuperação e conservação de estradas municipais. É meta do Governo Estadual fazer das estradas municipais o que fez com as estaduais. Então, pergunto ao Executivo e Legislativo de Astorga: por que sobrecarregar o Município com mais esta dívida, enquanto a saúde padece, falta moradia para as famílias de baixa renda e não há investimento na geração de emprego e renda?

*Minha coluna no Paraná Jornal de Astorga - 13/12/2006

11 dezembro 2006

NIXON, LULA E OS ALOPRADOS

Marcelo Itagiba

Em 1974, um ano antes de Lula assumir o cargo que o projetaria nacionalmente, o de presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a história dos EUA deu uma lição ao mundo político que, se tivesse sido assimilada pelo então líder operário, talvez o tivesse livrado dos transtornos causados pelos aliados ou "aloprados" do partido do presidente da República do Brasil.

Eleito presidente dos Estados Unidos, em 1968, com 43,3% dos votos, Richard Nixon se reelegeu, em 1972, com a magnífica marca de 60,8% dos votos populares e 97% do colégio eleitoral. Contudo, nem a força de tamanha popularidade foi capaz de evitar que, dois anos depois, renunciasse ao segundo mandato, pressionado pelo processo de impeachment instaurado pelo Congresso Nacional americano.

Nixon começou a ver sua carreira política desmoronar na madrugada de 17 de junho de 1972, ou seja, cinco meses antes das votações que o reelegeriam. Cinco aliados do republicano - mais tarde se revelaria que, entre eles, estava o diretor de segurança do seu comitê para a reeleição - foram flagrados instalando aparelhos de escuta no prédio Watergate, sede do rival Partido Democrata.

O caso ganharia a dimensão de um escândalo sem precedentes na história dos EUA quando, com Nixon já exercendo o segundo mandato, os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, do Washington Post, reuniram provas que ligavam os criminosos à Casa Branca.

Na verdade, o flagrante da ação criminosa evidenciou uma prática iniciada pelos republicanos já no primeiro ano de mandato de Nixon, em 1969. Auxiliares do presidente grampearam telefones de altos funcionários do governo e de jornalistas que cobriam a Casa Branca, para descobrir a origem do vazamento das informações que revelaram o bombardeio secreto feito pelos EUA no Camboja.

Aqui, numa ação igualmente insana, os aloprados do PT, por meio de atos condenáveis, tentaram interferir no processo eleitoral, mas a candidatura de Lula manteve-se inabalável frente ao desgaste provocado. Em sua recondução ao cargo - aliás, tão expressiva quanto a de Richard Nixon - Lula conquistou 60,83% dos votos válidos.

A estupenda votação demonstra que a continuidade do projeto social-democrata posto em vigor pelo governo anterior - e, assim, vigente nos últimos 12 anos - tem a aprovação majoritária da população brasileira. Com inflação sob controle, aumento do poder de compra e diminuição das taxas de desemprego, o país, hoje, reúne as condições necessárias para atingir maior crescimento econômico e suas tão desejáveis conseqüências.

O Brasil não pode desperdiçar a oportunidade histórica de promover um desenvolvimento que propicie condições de vida dignas para toda a população e redução dos níveis de injustiça social que, dentre suas diversas decorrências, desembocam nos altos índices de violência.

Não somos um país de aloprados, corruptos e criminosos. O Brasil é feito de gente honesta e trabalhadora. O presidente não pode estar cercado de pessoas para as quais os fins justificam os meios. O Projeto Brasil não pode ser sabotado por meia dúzia de aloprados.

DIA DA BÍBLIA

No último domingo (11) comemorou-se o Dia da Bíblia.

"O Dia da Bíblia surgiu em 1549, na Grã-Bretanha, quando o Bispo Cranmer, incluiu no livro de orações do Rei Eduardo VI um dia especial para que a população intercedesse em favor da leitura do Livro Sagrado. A data escolhida foi o segundo domingo do Advento - celebrado nos quatro domingos que antecedem o Natal. Foi assim que o segundo domingo de dezembro tornou-se o Dia da Bíblia.

No Brasil, o Dia da Bíblia passou a ser celebrado em 1850, com a chegada, da Europa e dos Estados Unidos, dos primeiros missionários evangélicos que aqui vieram semear a Palavra de Deus."

Em Astorga, o Dia da Bíblia foi comemorado pelas igrejas evangélicas com uma bela carreata, sábado (2), numa demonstração de união e com uma única finalidade: apresentar a Bíblia como ela é: a palavra de Deus, inquestionável e dirigida a todos os povos.

CLASSE MÉDIA EM APUROS

Fernando Canzian

Em terra ou no ar, a classe média brasileira vai mal.

Enquanto seus aviões não decolam ou atrasam, a situação aqui embaixo, no mercado de trabalho, tem sido a pior possível.

Nos últimos seis anos, foram criados mais de 8 milhões de empregos formais para a parcela mais pobre da população, as pessoas que ganham até três salários mínimos (R$ 1.050). O rendimento desse pessoal subiu mais de 45% acima da inflação.

Para os que estão acima desse patamar, onde começa a classe média, a situação é trágica: 2 milhões de vagas a menos e queda de mais de 46% nos rendimentos.

Não é à toa que filhos da classe média recém-saídos de boas universidades encontram, quando muito, salários medíocres ao chegar ao mercado de trabalho.

Esses opostos também explicam o mau humor da classe média com Lula e as razões da vitória do presidente por uma margem de 20 milhões de votos concentrada no estrato mais pobre da população.

Nos últimos quatro anos, o governo assistencialista e pró-pobre de Lula foi principalmente na direção de quem não tem problemas com o Cindacta de Brasília ou panes em radares. Mas com atrasos sistemáticos em linhas de ônibus populares e assaltos em trens de periferia abarrotados de gente --sem que a mídia faça todo o escarcéu atual.

Se Lula de fato tem e quer "sua força no povo", seu governo parece coerente com os resultados que apresenta no mercado de trabalho. Esse, no entanto, é apenas um lado da questão.

Dificilmente um país cresce de forma robusta se não tiver uma classe média ascendente em número de participantes e salários.

Enquanto a classe média brasileira representa pouco mais de 30% da população, ela é responsável por mais de 50% de todo o consumo, principalmente de produtos com maior valor agregado (mais sofisticados), que são os que puxam o desenvolvimento da indústria e dos serviços que pagam melhores salários.

Ao lado do maior vilão, o juro alto, o achatamento da classe média nos últimos anos explica, em boa medida, as taxas de crescimento medíocres que o Brasil vem apresentando. Também dá boas pistas de onde o governo vem tirando grande parte do dinheiro para financiar o assistencialismo aos mais pobres via Previdência e programas como o Bolsa Família.

Cerca de 60% do Imposto de Renda das pessoas físicas sai de quem ganha entre R$ 3.000 e R$ 10.000, onde, em termos tributários, se situa a classe média. É esse pessoal que arcou, via IR e impostos sobre o consumo, o grosso do aumento de mais de dez pontos percentuais na carga tributária do governo FHC para cá.

A análise recente do mercado de trabalho mostra que o país continua em uma clara transição. Ela é inclusiva do ponto de vista dos empregos baratos e da distribuição da renda, mas de sustentabilidade extremamente duvidosa.

FIQUE DE OLHO


VOTAÇÃO DE PEC's
Está marcada para esta terça-feira (12) na Câmara dos Deputados, a votação em segundo turno da PEC que acaba com o voto secreto no Congresso Nacional, e da PEC que aumenta de 70 para 75 anos a idade mínima para aposentadoria compulsória no serviço público.

RESTOS DE CAMPANHA
Apesar de ter recebido cerca de R$ 10 milhões de empresas ligadas à concessionárias públicas para sua campanha à reeleição, o presidente Lula deverá ter suas contas aprovadas "com ressalvas" pelo TSE.
O setor técnico do Tribunal, mesmo com a explicação do PT, recomendou a rejeição.
Sem a aprovação das contas, Lula não poderá ser diplomado.
Ora, se há suspeitas, por que não apurar para então aprovar definitivamente?

EM BUSCA DE UNIÃO?
Mesmo sem liderar o próprio Partido (que contrariando seu pedido lançou candidatura à presidência da Câmara), Lula insiste no tal "Conselho Político" e se reunirá com os 8 Partidos da coalização: PMDB, PTB, PP,PSB, PDT, PR (ex PL), PRB, PC do B. Com isso, o presidente pretende unir (ou distribuir?) os Partidos ao redor do seu governo.

CPI DAS SANGUESSUGAS
Finalmente o relatório final da CPI das Sanguessugas será conhecido. Mas, não deverá trazer nenhuma novidade. Afinal, a CPI basicamente já cumpriu seu papel quando enviou aos Conselhos de Ética da Câmara e do Senado os nomes dos parlamentares suspeitos.

COMISSÃO
O Senado criou uma Comissão para acompanhar a crise aérea. O primeiro encontro será com o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno.

ELEIÇÕES
As eleições no Congresso prometem agitar a semana.
No Senado, Renan Calheiros (PMDB) está tranquilo, pois corre atrás da sua reeleição sem adversário declarado. E espera apenas a formalização de apoio do PDT, já que a maior parte do PSDB tende a votar nele.
Na Câmara a coisa já é mais confusa. Aldo Rebelo (PC do B), o atual presidente, era o favorito até o PT, inesperadamente, lançar Arlindo Chinaglia. A briga é feia.

FÁBULA DE MILLÔR

O Homem que Dormiu no Ponto
À maneira dos... mongóis

Qian-Qnei, voltando de madrugada, depois de um mês de viagem, teve que bater violentamente na porta de casa até que a mulher o atendesse.

Caindo de cansaço, e irritado pela aparente desatenção, o homem esculhambou a mulher e, apesar de morto de fome, resolveu se deitar sem comer. A mulher, também zangada, virou pro lado na cama e, quando ele acendeu a luz, gritou: "Apaga essa porcaria que eu quero dormir!".

O homem apagou mas, apesar do escuro, viu a ponta de dois tamancos holandeses, vermelhos, aparecendo suspeitamente embaixo da cama. Envenenado de ódio, sentiu o sangue lhe subir à cabeça, pegou silenciosamente sua cimitarra, pronto para um ato de violência, quando se lembrou da lição existencial de seu mestre de filosofia, Ku-En-Puí: "Pense dez vezes e meia antes de uma ação que possa ser fatal".

Qian-Qnei se acalmou ao lembrar o conselho e refletiu lá consigo próprio: "Dormirei um sono tranqüilo, e amanhã, mais calmo, ajusto contas com meu amargo destino". Mas, assim que Qian-Qne dormiu e começou a roncar, a mulher, sabiamente, trocou o par de tamancos vermelhos que o amante holandês tinha abandonado no pavor da fuga, e botou no seu lugar um par de borzeguins dourados, do marido.

"Ah!", exclamou Qian-Qnie alegremente, ao acordar de manhã. "Extraordinário! Bastou passar a raiva, pra que eu visse melhor. Como é que eu fui confundir meus melhores borzeguins dourados com um par de tamancos vermelhos? Devia estar mesmo muito fora de mim. Se agisse precipitadamente, ontem à noite, teria ficado completamente ridicularizado diante de minha querida mulher".

MORAL: DEVEMOS SEMPRE AGIR ÀS CLARAS.


POBRE CLASSE MÉDIA

E a classe média paga o pato do baixo crescimento com assistencialismo

Fernando Canzian - Folha de São Paulo

“O saldo da criação de empregos e da evolução da renda da classe média no primeiro mandato do governo Lula é amplamente negativo. Nessa parcela da população que mais paga imposto e consome, deu-se o contrário do verificado entre os mais pobres, em que a renda e o emprego prosperaram.Entre a maioria dos países da América Latina, com exceção da Argentina, é no Brasil onde a classe média mais encolheu sua participação no total da renda nos últimos anos. O fenômeno ocorre desde os anos FHC. Considerando classe média quem ganha acima de três salários mínimos (mais de R$ 1.050), houve saldo negativo de quase 2 milhões de empregos formais nos últimos seis anos. A renda de quem conseguiu entrar no mercado recebendo mais de R$ 1.050 caiu 46% em termos reais (descontada a inflação) ante o que era pago aos que foram demitidos. Os trabalhadores com pior remuneração foram na outra direção. Houve um saldo positivo (admitidos menos demitidos) de quase 6 milhões de novas vagas para quem ganha entre um e três mínimos de 2001 a setembro de 2006. O aumento na renda foi de 48%. Para quem ganha só até um mínimo (R$ 350), o balanço também é positivo: 2,2 milhões de vagas e renda 124% maior. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho) e foram compilados pela MB Associados. (...) Apesar de ter perdido espaço e renda, foi a classe média quem bancou (com impostos crescentes) boa parte da melhora na distribuição de renda nos últimos anos -principalmente via programas assistenciais e subsidiados, como os da Previdência indexados ao mínimo e o Bolsa Família.”

POBRE CLASSE MÉDIA – “Apesar de representar menos de 32% do total das famílias no Brasil, a classe média responde por 50% de todo o mercado consumidor no país. Seu encolhimento e precarização representam um obstáculo a mais ao crescimento do consumo, do investimento e da atividade econômica. Na comparação com a maioria dos países da América Latina, a partir de 1990 foi a classe média brasileira quem mais encolheu -tendo em conta a participação desse grupo no total da renda de cada país. Segundo dados das Nações Unidas (até 2002), a participação da classe média no total da renda no Brasil encolheu de 47% em 1990 para 43% em 2002. A tendência pode ter se acentuado mais recentemente. (...) ‘A diminuição do mercado é mais um fator de constrangimento, além do custo do investimento, que é mais elevado no Brasil por causa dos juros elevados. Na comparação entre os Bric [Brasil, Rússia, Índia e China], o Brasil perde terreno sistematicamente na atração de mais capital produtivo’, afirma Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).”

HORA DE CRESCER – “O economista Sergei Soares, especialista em desigualdade social do Ipea (Instituto de Política Econômica Aplicada), vinculado ao Ministério do Planejamento, afirma que o governo deveria ‘dar um tempo’ na distribuição de renda para fazer o país voltar a crescer. ‘Sempre fui uma pessoa profundamente preocupada com distribuição de renda. Mas temos de dar um tempo. Quando o nosso PIB tiver crescido uns 10%, o país vai estar com muito mais sobra fiscal. Aí podemos continuar."

A ARTE DE NÃO LEVAR A NADA

Roberto Pompeu de Toledo

Escândalos de mais de cinco anos
continuam sem desfecho; no Brasil
as coisas não acabam – definham

O processo pelo qual o Ministério Público de São Paulo tenta recuperar o dinheiro alegadamente desviado pelo ex-prefeito Paulo Maluf para contas no exterior teve início em 2001. Fernando Henrique Cardoso era o presidente do Brasil, Fernando de la Rúa o da Argentina e não havia ocorrido ainda o ataque às torres gêmeas de Nova York. De 2002 são o seqüestro e o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. O Brasil era só tetracampeão mundial de futebol. O penta ainda estava por vir. De 2004 é o caso Waldomiro Diniz, o ex-assessor da Casa Civil filmado ao tentar arrancar uns trocados de um operador do jogo do bicho. O papa era João Paulo II e os EUA ainda achavam que iam estabelecer uma "democracia" no Iraque. De 2005 é o escândalo do mensalão. Evo Morales era apenas o líder dos índios da Bolívia e Plutão ainda era considerado um planeta.

O que há de comum nos escândalos brasileiros elencados acima é que nenhum deles encontrou um desfecho. O mais velho – o de Maluf – já completou cinco anos. Presidentes se sucedem mundo afora, muda o papa, até o sistema solar sofre um desfalque – e nada de os escândalos no Brasil avançarem rumo a um final, com as devidas condenações, outras tantas absolvições, esclarecimentos acima de qualquer dúvida e uma conclusão digna desse nome, uma conclusão verdadeiramente conclusiva. O Brasil inventou uma química pela qual os escândalos, depois de estourar, se transmudam em bolhas suspensas no ar, por muitos e muitos anos, até se evaporar.

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Quando o Coelho Branco, titubeante, disse não saber como começar seu depoimento, o Rei de Copas aconselhou: "Comece pelo começo, em seguida prossiga até o fim, e então pare". O conselho, proferido num momento crítico de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, cabe como uma luva aos brasileiros. Uma das características nacionais é não saber começar as coisas no começo, perder-se no meio e, dificilmente, como mostra o sistemático emperramento da máquina de apurar escândalos, chegar a um fim. O antropólogo Roberto DaMatta, que conhece como poucos a alma nacional, já diagnosticou o problema, ao comparar os hábitos em vigor nos Estados Unidos e no Brasil: "... lá (nos EUA) as coisas quase sempre têm um início, um meio e um fim, ao passo que aqui temos uma imensa dificuldade em fechar etapas e acontecimentos".

DaMatta escreveu isso num artigo intitulado "Da incapacidade de concluir". Para exemplificar, citou sua própria experiência como aluno calouro da Universidade Harvard, em 1963. Num dos primeiros dias, chegou às 8h30 para uma aula que começaria às 9 horas. Queria conversar com colegas sobre o curso. Ficou olhando para as paredes, sozinho na sala. Quando faltavam três minutos para as 9 horas, os colegas chegaram todos juntos. Terminada a aula, foram embora todos juntos. "Atônito", escreve DaMatta, "eu, que esperava um evento a ser construído por etapas, vivi a experiência 'calvinista' de um encontro com início, meio e fim – algo iniludivelmente bem marcado."

Se a característica nacional já é a de ter dificuldades de encarar com decisão e objetividade o roteiro a seguir, as coisas pioram para valer no terreno da política. Agora, aos naturais titubeios e desnorteamentos, acrescenta-se a malícia de quem quer protelar para enganar, confundir para melar. Regra geral, para o comum dos brasileiros, as coisas não são para começar no começo. Se a reunião está marcada para as 8 horas, começará às 9 horas. E sem hora para terminar, e muito menos com o compromisso de terminar com algo conclusivo. As reuniões terminam com a marcação de nova reunião.

Se é assim para o comum dos brasileiros, no mundo político é mais assim ainda. Do começo tatibitate, marcado por vacilos, remanchos e escamoteios, um começo sem começo, a regra é avançar para um meio tumultuado, aberto a múltiplas e contraditórias trilhas, recheado de armadilhas, sem método a reger os procedimentos ou, quando há método, sem disposição de obedecer a eles, e com apenas uma frouxa idéia de aonde se quer chegar. É o que ocorre nas CPIs. O Brasil teve uma overdose de CPIs nestes últimos anos. Já se sabe como é: o reinado das sessões que não têm hora para começar nem para acabar, dos inquisidores que não sabem o que inquirir, das pessoas que conversam ou falam ao celular enquanto outras depõem, da montanha de sigilos quebrados que se acumulam até não se saber o que fazer com eles, das testemunhas protegidas pelo direito sagrado e inalienável de mentir.

Neste ano de 2006 outros dois casos graúdos se juntaram à lista: o escândalo das ambulâncias superfaturadas, também conhecido como escândalo dos sanguessugas, e a conexa tentativa de compra, por uma turma de petistas, de um dossiê contra os adversários do PSDB. Neste último caso, continua de pé a tão repetida pergunta: de onde veio o dinheiro? O retrospecto indica que ela ainda estará de pé ao fim do ano que vem. E do outro, e do outro. No Brasil as coisas não acabam. Definham.

MEU BRASIL BRASILEIRO

André Petry

"Enquanto Daniele perdia sua filha, era
acusada de assassina, presa e espancada,
a Justiça brasileira discutia o tamanho de
suas férias e tentava aumentar os próprios salários"

Num período de pouco mais de um mês, de 29 de outubro a 5 de dezembro, Daniele Toledo do Prado, 21 anos, moradora de um bairro pobre de Taubaté, no interior de São Paulo, encarnou uma tragédia brasileira:

Sua filha, de 1 ano e 3 meses de idade, morreu, vítima de uma doença que os médicos não conseguiram identificar.

Ela foi acusada de matar a própria filha colocando cocaína dentro da mamadeira da criança.

Foi presa, pois um laudo preliminar indicou que o pó branco da mamadeira parecia mesmo ser cocaína.

Detida, foi espancada por dezoito presas. Enfiaram-lhe meia caneta no ouvido, quebraram-lhe a mandíbula, deixaram-lhe hematomas pelo corpo e lesões na cabeça. Ao ser socorrida, duas horas depois, Daniele estava inconsciente.

Na semana passada, Daniele deixou a cadeia onde ficou por 37 dias. Um laudo, definitivo, mostrou que o laudo anterior cometera um equívoco: o pó branco encontrado na mamadeira – e na língua da criança – não era cocaína. Daniele saiu da prisão, abraçou familiares, chorou e, pela primeira vez, visitou o túmulo da filha morta. "Nunca vi um caso como esse", escandaliza-se sua advogada Gladiwa de Almeida Ribeiro, nove anos de profissão.

Mesmo que a história de Daniele não esteja completamente esclarecida, mesmo que se venha a descobrir que sua inocência não é completa, seu caso chama atenção: tratada como culpada e impedida de velar a filha, foi presa e brutalmente espancada na cadeia, onde era chamada de "monstro da mamadeira". Daniele diz que vai recorrer à Justiça. Quer saber a causa da morte de sua filha, já que a suspeita de cocaína foi descartada, e quer indenização do Estado pelo espancamento de que foi vítima na cadeia.

Como seu caso acabará nos tribunais, é didático dar uma olhada no que acontecia na alta cúpula da Justiça brasileira no período em que Daniele mergulhava no inferno:

No fim de outubro, os membros do Conselho Nacional de Justiça decidiram que tinham direito a receber um jeton de 6.000 reais para participar de duas reuniões mensais, mesmo que o pagamento estourasse o teto salarial do funcionalismo, de 24.500 reais.

No dia 24 de outubro, os membros do mesmo Conselho Nacional de Justiça decidiram que os juízes brasileiros tinham direito a férias coletivas. (Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal cortou-lhes o barato.)

No dia 7 de novembro, o Conselho Nacional de Justiça mandou um projeto para o Congresso autorizando o tal pagamento dos 6.000 reais mesmo furando o teto salarial. (A pressão da opinião pública engavetou o projeto, mas ele segue lá, esperando uma distração nacional para dar o bote.)

No dia 4 de dezembro, um outro conselho, o do Ministério Público, decidiu que os salários de procuradores e promotores não tinham de ser limitados a 22.000 reais. Podiam ser tão altos quanto o teto nacional de 24.500 reais.

Resumindo, para eliminar qualquer réstia de dúvida sobre a natureza de uma das tragédias brasileiras: enquanto Dani perdia sua filha, era acusada de assassina, presa e espancada, a Justiça brasileira discutia o tamanho de suas férias e tentava aumentar os próprios salários.

Nada mais a comentar.

INEVITÁVEIS TRANSIÇÕES

Lya Luft

"Nem todas as perdas são vida
jogada fora. Algumas são necessárias"

Não queremos perder nada e, se pudéssemos, teríamos amarradas em nós todas as coisas positivas, os momentos felizes e as pessoas amadas – levando-as conosco feito um tesouro sufocante, pois o que é bom, quando agarrado com unhas e dentes, aprisiona.

Viver é perder, viver é ganhar, e, quando escrevi um pequeno ensaio chamado Perdas & Ganhos, eu falava nisso. Embora no mais recente, Em Outras Palavras, eu mais uma vez deixe a ficção reunindo crônicas sobre os assuntos mais gerais, alguém comentou que escrevo sempre sobre as mesmas coisas: pode ser. Todo artista tem seus temas viscerais, dos quais não quer se livrar. Ao contrário, ele os repete, exorciza e transfigura de muitos modos, não repetindo por pobreza, mas intensificando para melhor expressar.


Porque é assim que se faz. Ou é assim que eu faço, e falo da vida. Quando falo da morte, também falo da vida. Quando falo de vida e morte, falo em relações amorosas – ou rancorosas. Quando escrevo sobre palavras ou linguagem, escrevo sobre silêncio e incomunicabilidade.

Esta é, aliás, uma das marcas do ser humano: não saber se comunicar.

Quanta dor, quanto mal-entendido, quanta calúnia, quanto abandono e incompreensão devidos a palavras e emoções mal expressas, mal ouvidas, mal sentidas, insuficientes ou excessivas. Quanta perda, ou melhor: quanto desperdício.

Mas nem todas as perdas são vida jogada fora: algumas são necessárias. É preciso saber alternar as perdas com novos ganhos. Alguns deles, aliás, dependem da anterior perda. Somos contraditórios como tudo o mais.

Trabalho de momento em dois projetos, um ensaio sobre silêncio e incomunicabilidade e um livro de contos. Percebo, porém, nessa singular autonomia que a obra tem em relação ao autor, que talvez ambos acabem se fundindo num romance. Muitas vezes foi assim, muitas vezes será. O artista precisa de boa escuta: seguir o sopro do vento interior, que não é o dos elogios, críticas, vendagem ou fracasso, mas acontece num outro registro, que só ele percebe. É dele, ninguém mais tem acesso – nem deve ter.

Nesse novo trabalho ainda indefinido, ainda emergindo das águas profundas, escrevo sobre relacionamentos deteriorados, ou delicados amores. Sobre a nossa dificuldade em ser mais felizes, sobre a luta eterna entre pulsão de alegria e desejo de término e morte.

Por erro de momento e cálculo, podemos perder tempo e vida – mas podemos ter novos ganhos, se não formos nem tolos nem rígidos demais, se o vício da autoflagelação não superar o de realização. Podemos ter um amor bom porque perdemos o que estava distorcido e ruim. Podemos ter uma vida nova porque superamos a outra, que era tormentosa e falsa. Podemos ter novo projeto de trabalho porque o outro não nos satisfazia mais. Isso é que chamo de arrojo, audácia positiva, salvação.

Repito, muitas coisas é preciso perder. É preciso saber perder. A criança tem de perder de certa forma a mãe para a reconquistar em outra maneira, não mais a mãe todo-poderosa, sem a qual não sobrevivemos nos primeiros anos, mas a que estimula e concilia, que empurra para cima e para diante, nos respeita no que somos e podemos fazer – e assim também nos perde um pouco, para nos ganhar melhor. Quando adultos, temos de ratificar essa perda, tornando-nos mais autônomos, menos rebeldes porque mais seguros, mais amorosos talvez porque mais tranqüilos. As naturais implicâncias entre pais e filhos, sobretudo mães e filhos, cedem lugar a uma nova camaradagem, mais alegria e apoio mútuos.

Só quem não quiser botar rédeas e algemas poderá – sabendo perder – ganhar parceiro ou parceira carinhosos e alegres, em lugar de relações que parecem câmaras de tortura óbvias ou, pior, sutis.

O que é esse perder? É, de novo, olhar o outro, abrir-lhe os necessários espaços, permitir que o bom senso fale mais alto que o egoísmo. E, se algum dia houver uma real separação, nada mais digno, mais respeitável, do que deixar o outro ir, preservando os momentos bons que houve, para que não se envenene isso que um dia foi amor e compromisso mútuo.

Se não formos demasiado neuróticos, os belos momentos estarão em nós como fundamento de uma nova experiência.

O que não podemos perder de verdade é a capacidade de contemplar e curtir a beleza e os afetos, de manter a compostura, o orgulho e a esperança. Se os deuses nos ajudarem a tanto, porque às vezes isso é dura tarefa.

PAULO FRANCIS E EU

Diogo Mainardi

"Como se sabe, eu sou o imitador barato de
Paulo Francis. O que nele
era tragédia, comigo
se
transformou em farsa. A grande vantagem
de
pertencer a um universo farsesco é que, ao
contrário
de Paulo Francis, não há a menor possibilidade
de
que eu morra por causa dos meus processos"

Em 2007, fará dez anos que Paulo Francis morreu. Eu me encontrei com ele, pela última vez, dois meses antes de sua morte. Passamos o Natal juntos em Paris. Ele tinha acabado de resolver a pendenga judiciária com a Petrobras, que o processara por uma frase dita no programa Manhattan Connection. Em Paris, ele falou muito sobre o caso. Dizia-se aliviado e cansado. Elio Gaspari atribuiu sua morte ao imenso desgaste emocional sofrido durante o processo. Eu defendo a linha eliogaspariana. Acredito que Paulo Francis realmente morreu por esse motivo.

Como se sabe, eu sou o imitador barato de Paulo Francis. O que nele era tragédia, comigo se transformou em farsa. Estou sendo processado por um monte de gente ligada ao petismo. Num desses processos, a Brasil Telecom me apresentou como uma espécie de Marcola do parajornalismo, afirmando à autoridade judiciária que há 425 denúncias contra mim. O número foi ligeiramente inflacionado. Com isso não pretendo sugerir que a Brasil Telecom costuma inflacionar seus números, como aqueles oferecidos ao Citibank por sua cota na empresa. É bom que isso fique claro e que a Brasil Telecom me entenda, porque já tenho processos o bastante. O fato é que não há 425 denúncias contra mim. Atualmente, respondo a seis processos criminais e cerca de uma dúzia de cíveis. Um mais grotesco do que o outro. A Justiça sabe disso. Tanto que meu retrospecto legal é altamente positivo. Só nesta semana meus advogados ganharam duas causas. A grande vantagem de pertencer a um universo farsesco é que, ao contrário de Paulo Francis, não há a menor possibilidade de que eu morra por causa de meus processos. O pior que pode me acontecer é ter de viajar a São Paulo de dois em dois meses.

A tática de intimidar a imprensa por meio de processos judiciais foi testada pelos petistas no Rio Grande do Sul. O tema é tratado no livro de entrevistas Vanguarda do Atraso, de Diego Casagrande. O jornalista José Barrionuevo foi denunciado doze, treze vezes durante o governo Olívio Dutra, até ser condenado por uma estatal de energia. Políbio Braga foi obrigado a prestar depoimento numa delegacia de polícia. Em seguida, foi demitido da Bandeirantes e da Gazeta Mercantil porque o governo simplesmente cortou a publicidade destinada a esses veículos. Érico Valduga foi processado por delito de opinião, assim como Rogério Mendelski. No total, segundo o livro, uns vinte jornalistas foram perseguidos pelo petismo gaúcho, um número surpreendentemente grande, considerando a moralidade fluida da categoria. A gauchada é meio lenta. Levou alguns anos para aprender que os petistas mordem. Depois disso, livrou-se deles para sempre. O resto do Brasil é ainda mais lento do que o Rio Grande do Sul. Mas um dia aprende. Pavlovianamente. Cuidado. Os petistas mordem.

07 dezembro 2006

"Um governo precisa aprender a ser impopular. Quando, no entanto, há uma oposição que topa ser impopular em seu lugar, ele pode se dispensar desse peso."
Reinaldo Azevedo, ao comentar o voto do PSDB pela aprovação da MP que garante reajuste de 5,01% aos aposentados que recebem mais de um salário mínimo.

Um detalhe: o PFL queria um reajuste de 16,67%.

O TEATRO DO PMDB E O TCU

Do blog de Fernando Rodrigues:
Sem nomes, PMDB faz teatro e finge ter candidato a presidente da Câmara
Maior partido da Câmara, o PMDB está num beco quase sem saída na semana que vem, quando marcou para terça-feira uma reunião na qual supostamente escolherá seu candidato a presidente da Casa. Todos os líderes peemedebistas fingem que o partido está para valer na disputa, mas ninguém sabe como resolver o processo da escolha de um nome.

Não há na bancada peemedebista um único nome capaz de ser candidato para valer a presidente da Câmara e em condições de unificar os 89 deputados eleitos.

É razoável a chance de o PMDB chegar à semana que vem sem conseguir um consenso mínimo em torno de um nome para ser candidato da sigla.

Um movimento não desprezível ontem tentou lançar Michel Temer (PMDB-SP) como nome de consenso do partido. Não deu certo. Nem Michel Temer mordeu a isca. “Já fui traído uma vez numa situação dessas. Só seria candidato se houvesse realmente um cenário em que o partido me apoiasse de verdade e não existissem óbices por parte do governo e dos partidos da coalizão”, analisou o deputado a vários interlocutores ontem à noite.

Convenhamos, esse cenário descrito por Temer não existe na natureza neste momento. Nem há indicações de que possa ser construído.

A traição à qual se refere Temer ocorreu em 2005, quando Severino Cavalcanti teve de deixar a presidência da Câmara (acusado de corrupção) e Aldo Rebelo (PC do B-SP) foi eleito no seu lugar. Parte do PMDB jogou Temer na disputa, mas depois o abandonou.

Os outros dois pré-candidatos do PMDB a presidente da Câmara também enfrentam dificuldades na bancada. Geddel Vieira Lima (BA) é visto como cristão-novo no lulismo. Além disso, contra a sua vontade, carrega agora a pecha de que estaria na parada apenas para ficar com alguma recompensa –de preferência, um ministério. Geddel se irrita quando ouve essa versão, que reputa completamente fantasiosa. O fato é que seus inimigos criaram a história e a espalharam. Resta ao baiano ficar explicando. E, em política, como se sabe, tudo que tem de ser explicado não é bom.

Eunício Oliveira (PMDB-CE) é o terceiro nome do partido para a presidência da Câmara. Já foi ministro de Lula e não pode ser acusado de arrivista. Mas assim como Geddel o nome de Eunício sofre algumas resistências dentro da bancada. Não há indicações de que o partido seguirá unido em torno do cearense.

Resumo da ópera: o PMDB marcou para terça-feira uma reunião que ninguém sabe para que servirá, pois não há, no momento, a menor condição de o partido chegar a algum tipo de entendimento interno a respeito.


Governo toma sova na eleição para o TCU
A “coalizão programática” de Lula começou mal, muito mal. O deputado Aroldo Cedraz (PFL-BA) foi eleito pela Câmara para ser o novo ministro do TCU (Tribunal de Contas da União). Teve 172 votos contra 148 de Paulo Delgado (PT-MG). Gonzaga Mota (PSDB-CE) teve 50 votos. Ademir Camilo (PDT-MG) registrou 20 apoios. A soma dos votos contra Delgado dá 242. Em resumo, uma catástrofe para o Palácio do Planalto.

JOSÉ JANENE É ABSOLVIDO

Da Folha On Line:
O deputado federal José Janene (PP-PR), acusado de envolvimento no mensalão, foi absolvido na noite desta quarta-feira, em votação no plenário da Câmara dos Deputados. Foram 210 votos a favor da cassação e 128, contra. Para um deputado ser cassado são necessários 257 votos (metade mais um dos 513 deputados votantes). Janene foi acusado de receber R$ 4 milhões de contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Do total de 366 parlamentares votantes, houve 5 votos em branco e 23 abstenções. Não houve votos nulos. Janene era o único dos 19 parlamentares acusados de participar do mensalão que ainda não tinha sido julgado. O Conselho de Ética já havia recomendado a cassação do "mensaleiro" em junho deste ano. Dos acusados de envolvimento no esquema, foram cassados José Dirceu, Roberto Jefferson (PTB-RJ), que denunciou o mensalão, e Pedro Corrêa (PP-PE). Quatro parlamentares renunciaram para fugir do processo e 11 foram absolvidos.

Caro leitor: o que devemos pensar?!

HUGO CHÁVEZ

Do blog de Reinaldo Azevedo:

Chávez: um novo conceito de propriedade (???)

O cara aí do lado tem um novo conceito de propriedade privada...

Chávez veio falar com o presidente Lula. No Estadão de hoje, há uma reportagem, da agência AP, bastante interessante. Será que ele vai tentar convencer o Apedeuta a seguir o caminho? Leiam: “A reforma constitucional que o presidente Hugo Chávez promete promover na Venezuela consagrará os conceitos de 'propriedade coletiva' e 'propriedade social', vai aceitar a propriedade privada com exceções, criará regras que permitam a imposição de 'preços justos' e redefinirá as formas de organização do Estado, alterando, por exemplo, os papéis dos ministérios. A informação é do deputado governista Carlos Escarrá, que deve estar à frente da comissão do Parlamento venezuelano responsável pela reforma. 'A Carta Magna deve se adaptar ao novo modelo de sociedade que está sendo definido', disse o deputado, numa entrevista publicada pelo jornal El Universal, no dia em que Chávez chegou ao Brasil para uma visita oficial. 'Vamos passar de uma economia neoliberal para uma economia social', acrescentou Escarrá, ex-ministro do Supremo Tribunal de Justiça venezuelano.”

FRASE

"É tudo muito parecido com Chávez. Não quer oposição nem crítica."
Do prefeito César Maia (PFL), referindo-se à relação do PT com a imprensa.

COLUNA

Da minha Coluna no Paraná Jornal de Astorga:

AOS NOBRES EDIS
O que a Câmara faria se o prefeito fosse também o Presidente da Câmara e fiscalizasse seus próprios atos?
Pois é: na Secretaria de Saúde isso já acontece. Como comentei aqui há algum tempo atrás, o Secretário de Saúde continua presidindo o Conselho de Saúde. Ora, o Conselho tem a função de fiscalizar os atos da Secretaria, então, como pode o secretário ser o presidente e fiscalizar seus próprios atos?

AOS NOBRES EDIS 2
A presidência do Conselho sendo ocupada pelo Secretário de Saúde abre questionamentos: há algo a esconder ou não há gente capacitada para realizar uma fiscalização isenta e transparente como determina a Lei?

CURIOSIDADE
Maiores cidades do mundo:
1ª - Mumbai (Índia)
2ª - Karachi (Paquistão)
3ª - Deli (Índia)
4ª - Shangai (China)
5ª Moscou (Rússia)
6ª - Seul (Coréia do Sul)
7ª - São Paulo (Brasil)
8ª - Istambul (Turquia)

HUMOR
De José Simão:
O PT dançou no Ministérico do Lula. Os companheiros vão ficar vendo estrela! A única pasta que o PT vai pegar é uma pasta de dente. Só vai sobrar pasta Colgate pros petistas! Sabe o que significa PT, agora?! Perda Total. Ou como diriam os companheiros: "perca total"!

O Lula está coligando com todo mundo. Ele tem nove dedos, mas faz tanta aliança!

Dizem que a dona Marisa parece boneca de carnaval de Olinda: vai em tudo quanto é evento, balança, balança, mas não fala nada!

Cartilha do Lula
Xaveco: companheiro Lula que pensa que é amigo do Chávez. É um xaveco furado!


HUMOR 2
Controlador de vôo que atrasa não adianta
Castelo

Então fica assim, os Três Poderes são - o Legislativo, o Executivo e a Corrupção.
Millôr

REFLEXÃO
"O melhor caminho para se experimentar abundância consiste em parar de se preocupar com aquilo que está errado e começar a ser genuinamente grato por aquilo que está indo bem. A razão para isso é que aquilo em que uma pessoa se focaliza é exatamente aquilo que irá crescer." Ted Danson

04 dezembro 2006

PREVIDÊNCIA, REFORMA OU GESTÃO EFICIENTE?

Reinhold Stephanes*

Reformar ou não a Previdência Social é uma decisão que persegue os governos, mesmo os que resistem à idéia. Quase sempre as razões para fazê-lo baseiam-se no crescente déficit e na necessidade de corrigir erros e vícios resultantes da construção de diversos regimes. As correções ou reformas acabam sendo minimizadas diante das dificuldades políticas em alterar uma área que afeta a vida de milhões de pessoas.

Propostas são freqüentes, quase sempre parciais e sem visão global do sistema. Há vários dias, por exemplo, especula-se a volta da idade mínima para aposentadoria no INSS. Outra iniciativa recente, de 90 entidades empresariais e de trabalhadores, sugere um novo modelo de Previdência, com regime de capitalização, para quem ganha acima de três salários mínimos, vinculando o valor da aposentadoria à poupança.

A capitalização, na verdade, foi defendida, há quinze anos, pelo Banco Mundial e se assemelha ao que já está definido em emenda constitucional para o regime dos servidores públicos, embora sem regulamentação. Na lista de propostas, consta, ainda, aplicar o “fator previdenciário” na concessão da aposentadoria para os servidores; um critério adotado pelo INSS que combina idade do segurado, tempo de contribuição e expectativa de sobrevida do beneficiário.

Além de enfocarem regimes diferenciados, essas sugestões, nos itens estruturais, pretendem atingir os novos trabalhadores que ingressarem na Previdência. Isso significa um impacto sobre as despesas somente em trinta anos. Então, o que fazer com o déficit até lá? Aliás, se há ou não um déficit é uma questão a ser esclarecida. Porém, independentemente de esclarecimentos, as regras que fogem dos fundamentos e princípios usados na construção de um regime previdenciário devem ser corrigidas.

Ao contrário do que se pensa, o Regime Geral (chamado de INSS) é o que menos precisa de alterações estruturais e para o qual há três linhas de ação: melhor gerenciamento; inclusão de parte dos trabalhadores informais; e reestruturação dos serviços de perícia médica. O sistema é composto por mais três regimes, com problemas e peculiaridades: o dos servidores públicos, o dos fundos de pensão e o dos militares, incluindo as polícias militares.

Como disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro Neto, reconhecer a complexidade do sistema é o primeiro passo para acertar, pois não existe uma solução mágica para corrigi-lo, tampouco duas ou três medidas pontuais. Para isso, são imprescindíveis ajustes estruturais, combinados com ações gerenciais permanentes.

Entretanto, reformar o sistema previdenciário é uma decisão politicamente difícil, considerando os desgastes que pode trazer para os governos. Em vários momentos da História foram apresentadas soluções para Previdência Social, mas as dificuldades surgiram ou na aprovação dos projetos no Congresso ou na capacidade de gerenciar a implantação das medidas. Ou seja, além de boas idéias também tem que haver eficiência gerencial.

A doutrina e os fundamentos universais viabilizam a elaboração de um projeto técnico. A maioria dos países quando faz reformas conta com sistemas bem-estruturados e administrados, por isso, ao surgirem problemas são feitas alterações, como aumentar idade para obtenção de benefícios, aumentar o valor da contribuição ou reduzir o valor dos benefícios. Já no Brasil, onde o sistema foi mal construído, ainda há muito a fazer, não obstante o êxito de algumas alterações nos últimos 15 anos.

Claro que idade mínima é um dos fundamentos do regime. No caso das aposentadorias do Regime Geral, ela deixou de existir com a adoção do fator previdenciário. Agora, volta a ser discutida, assim como a igualdade para a aposentadoria entre homens e mulheres. Vale lembrar que, em 70% dos países, a Previdência não faz distinção entre os sexos neste quesito.

A idade mínima é um aspecto estrutural a ser considerado para o equilíbrio do sistema. Mas há, ainda, questão do gerenciamento, com redução de fraudes, desvios e corrupção; da melhoria da arrecadação; da reestruturação do sistema de perícias médicas, pela importância na geração de novos benefícios; e, sobretudo, o avanço do mercado informal. Um sistema no qual quem trabalha paga a conta de quem está inativo, não pode ter futuro se a metade da força de trabalho do País está na informalidade.

É uma decisão política difícil, concordo, mas, de qualquer forma, as soluções em pouco afetarão os trabalhadores do INSS, cabendo aos demais regimes alguns anos a mais de trabalho.

*Deputado federal (PMDB – PR) e ex-ministro da Previdência Social

AMÉRICA LATINA

Lula aqui.
Hugo Chavez lá.
Evo Morales acolá.

O que será da América Latina?!

PERGUNTE AO PÓ

Diogo Mainardi

"Assaltantes tomaram um prédio perto do meu. Isso tudo só aconteceu, de acordo como teorema da polícia, porque negligenciei a tarefa de cheirar minha cota social de cocaína, para redistribuir renda pelos morros cariocas. Lula? Sim,há Lula nessa história. Ele é um estado mental"

Cheire pó. Quanto mais, melhor. Há um aumento da criminalidade no Rio de Janeiro. A polícia diz que é porque os ricos passaram a consumir menos drogas. A partir do momento em que os ricos passaram a consumir menos drogas, os traficantes pobres foram obrigados a recorrer a outros meios. Daí o atual aumento de assaltos, seqüestros e assassinatos, segundo a polícia.

Até outro dia se dizia o contrário. Dizia-se que era o consumo de drogas dos ricos que alimentava a criminalidade dos traficantes pobres. Se os ricos consumissem menos drogas, a criminalidade diminuiria. É complicado saber o que fazer. Se a gente cheira pó, metem bala na nossa cabeça porque a gente cheira pó. Se paramos de cheirar, metem bala porque paramos de cheirar. A única certeza é que os culpados somos sempre nós. E que uma bala atingirá nossa cabeça. É o catch-22 do socialismo moreno.

Na semana passada, assaltantes tomaram um prédio perto do meu. Fizeram reféns, esvaziaram apartamentos, espancaram moradores. Isso tudo só aconteceu, de acordo com o teorema da polícia, porque negligenciei a tarefa de cheirar minha cota social de cocaína, para redistribuir renda pelos morros cariocas. Os assaltantes enganaram o porteiro fazendo-se passar por oficiais judiciários. Coincidentemente, naquele mesmo dia, num intervalo de dez minutos, dois oficiais judiciários bateram à minha porta, porque fui denunciado por uns comparsas de Lula.
Lula? Sim, há Lula nessa história. Como em todas as outras. Muita gente reclama porque eu falo demais sobre ele. Está todo mundo cheio do Lula. Ninguém mais quer saber dele. E o segundo mandato ainda nem começou. Nos últimos dias, um leitor publicou até uma carta aberta na internet, pedindo-me a delicadeza de mudar de assunto. Compreendo perfeitamente o sentimento. Lula cansa, aborrece, enauseia. Só que ele é como droga. Se a gente a consome, se dana. Se pára de consumi-la, se dana do mesmo jeito.

Lula – o meu Lula – já não é mais o presidente Lula. É um estado mental. É o símbolo da nossa incapacidade de pensar direito. É o gremlin que emperra o país. Cedo ou tarde o presidente Lula será esquecido. Até mesmo por mim. Nem os lulistas se lembrarão dele. Porque ele é desimportante. Mas seu espírito atarantado continuará entre nós, com outro nome, com outra cara. Euclides da Cunha disse tudo o que era necessário dizer sobre a nossa raça.

Lula – o meu Lula – é a mais perfeita síntese euclidiana. Ele representa o "temperamento delirante", o "senso moral deprimido", o "fetichismo bárbaro", a "servidão inconsciente", a "preguiça invencível", o "desequilíbrio incurável", a "fealdade", a "psicose coletiva", a "degenerescência intelectual" que nos impediu de viver "num meio mais adiantado".

Euclides da Cunha sentenciou: "Ou progredimos, ou desaparecemos". O Brasil o desmentiu: nem progrediu, nem desapareceu. Ficou parado numa "fase remota da evolução". Eu parei. Nós paramos. Lula parou. Para sempre.