Diogo Mainardi - Veja
Estou aqui. Em Jacarepaguá. Rede Globo. Comendo bisnaguinhas com presunto e queijo. Quantas já comi? Seis? Sete?
Faltam duas horas para o debate eleitoral. Lula acaba de mandar uma mensagem à Rede Globo. A mensagem diz: "Não posso render-me à ação premeditada e articulada de alguns adversários que pretendiam transformar o debate desta noite em uma arena de grosserias e agressões". Foi só para isso que eu vim a Jacarepaguá. Para ver Lula na arena. Ele desistiu no último momento. Chegou a mandar sua lista de convidados. De todos eles, eu só queria ter visto sua secretária particular. A mulher de Oswaldo Bargas. Preciso parar de comer bisnaguinhas com presunto e queijo.
Entro no auditório. Quem é aquele? Gabriel Chalita? Fiz um artigo a respeito dele. Quem é aquele outro? Ricardo Noblat? Sei de uma história dele dos tempos da Propeg. Geraldo Alckmin está acenando para mim ou para a Paula? É para a Paula. Chegou o Tasso Jereissati. O irmão dele está me processando. Viu o cabelo do Alberto Goldman? Errou a tintura.
Começa o debate. Fala Cristovam Buarque. Fala Geraldo Alckmin. Fala Heloísa Helena. Réplica. Tréplica. Lula faz falta. O repórter na minha frente anota sem parar. Olho meus papéis. Só há uma anotação: Chiquinho 97626382. É o celular do motorista. No fim do primeiro bloco, telefono para o Chiquinho e volto correndo para casa.
Quero que Lula perca. Mas perder ou ganhar é igual. Se ele perder, tem de ser cassado. Se ele ganhar, tem de ser cassado. O comando da campanha eleitoral de Lula foi pego com dinheiro sujo. Quem é pego com dinheiro sujo deve ser punido. Os lulistas sabem que o Tribunal Superior Eleitoral acabará pedindo a cassação do mandato de Lula. É a lei. José Dirceu, Marco Aurélio Garcia, Ricardo Berzoini e Tarso Genro já declararam que aplicar a lei contra Lula é golpe. Tarso Genro alertou para o risco de um "golpe branco", um "golpe eleitoreiro", um "golpe jurídico", um "golpe brando". Na última quinta-feira, num artigo publicado no Globo, ele chegou até mesmo a chamá-lo de "golpe legal". Se o golpe é legal, a defesa da legalidade só pode ser golpista. E a defesa da ilegalidade só pode ser democrática. Depois de legitimar o roubo, o lulismo está conseguindo legitimar o golpe de Estado. Se é assim, eu sou golpista. Um golpista sem farda. Um golpista sem tanque. Um golpista sem bala.
O golpista Mainardi se entrincheira com seus leitores. Do outro lado da barricada, o lulismo. Falta-nos apenas um comando. Um general bigodudo e truculento. O segundo mandato de Lula será melhor do que o primeiro. Pelo menos para nós, golpistas. Um fato nós já sabemos com certeza: está rolando um bocado de dinheiro sujo na campanha eleitoral. Aquele mesmo dinheiro sujo que seria usado para comprar o depoimento fraudulento dos Vedoin. Procurando um pouquinho, no segundo mandato poderemos encalacrar um petista por semana.
O golpe dará certo.
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