16 julho 2009

DIPLOMA DE JORNALISMO

Fora de foco

Dad Squarisi

Diploma de jornalista? O STF derrubou a obrigatoriedade do canudo para o exercício da profissão. A sentença pegou todo mundo de surpresa. A frase do ministro Gilmar Mendes, que comparou jornalista a chef de cozinha, indignou a moçada. Muitos gozaram. “Agora”, disseram eles, “posso receber mais em casa. Estou habilitado a pilotar fogão e fazer comidas gostosas”. A categoria se mobilizou. Resultado: tramita no Congresso projeto de lei que restaura a exigência do certificado de conclusão do curso.

Gay Talese, criador do novo jornalismo, surpreendeu-se com a discussão do assunto. Em palestra na Festa Literária de Paraty, afirmou que ninguém precisa de diploma de jornalista para ser jornalista. Além de bom texto, o profissional deve ter outras qualidades. Entre elas, a curiosidade e a disposição para correr atrás da história que não está na internet. Está nas ruas, protagonizada por gente comum. Cristovam Buarque vai além. Não só prega a dispensa do diploma, mas também dá prazo de validade aos demais, seja qual for a especialidade. A razão: o conhecimento avança em tal ritmo que cinco anos é tempo suficiente para o saber não reciclado caducar.

E daí? Pesa contra a exigência do diploma o fato de a lei que a instituiu ter nascido na ditadura. Ideologias à parte, vale a questão. O diploma específico é necessário? Digo que não. Jornalista e diplomata se parecem. Ambas as profissões exigem ampla diversidade de conhecimentos — medicina, psicologia, educação, informática, engenharia, direito, antropologia, letras, literatura, música, cinema, história, sociologia, política, relações internacionais & cia. ilimitada. O Itamaraty recruta, em seleção rigorosa, candidatos formados em qualquer curso. Os aprovados frequentam o Instituto Rio Branco. De lá saem diplomatas respeitados mundo afora.

Se a meta do jornalismo é bem informar, quem informa melhor sobre saúde que o médico? Sobre direito que o advogado? Sobre cinema que um cineasta? Claro que não será qualquer médico, nem qualquer advogado, nem qualquer cineasta. Será o vocacionado para descobrir, apurar e apresentar a notícia com técnica, engenho e arte que se dispõe a abraçar outra profissão e nela investir. Não só. Será o selecionado entre os tantos que têm talento parecido. E, brilhante bruto, lapidado em curso de formação. Não é pouco.

Um comentário:

Anônimo disse...

Osvaldo, vc pode dar uma mão na divulgação do blog http://eugostodecachorro.blogspot.com/

?

abraço,
Flávio Mantovani