24 outubro 2010

TIRANDO A TRAVE



"E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?" Lucas 7:3

As palavras de Jesus são contundentes e chamam a nossa atenção, pois nos alerta para olharmos de dentro para fora. Olhando um texto sobre psicologia, me deparei com uma teoria muito interessante de Jung do mecanismo psicológico da projeção ou "percepção inconsciente".

Ele caminha na linha deste texto de Jesus Cristo que nos alerta para o fato de ser mais fácil perceber o erro do outro do que aquele que nos pertence. Muito mais do que isto, ele diz que muitas vezes o erro que eu mais repudio no outro é aquele que tenho encravado na alma.

Conhecemos bem a história do Rei Davi - 2ª Samuel 12:1-15, que mesmo sendo confrontado com seu pecado, não reconheceu este erro na sua vida.

Esta projeção segundo Jung, seria uma característica que vemos em uma outra pessoa tais como: insegurança, intransigência, apatia e etc. Geralmente coisas que não apreciamos, mas que inconscientemente também temos em nós mesmos, ou seja, aquilo que eu não gosto na outra pessoa pode ser algo que faz parte do meu eu.

O maior problema sobre a projeção é o fato de muitas vezes criarmos um sentimento de ódio pela característica do outro sem saber que daquilo que odiamos está cheio o nosso coração, mais ou menos como o filme "Dormindo com o Inimigo".

Não é raro encontrarmos pessoas que são extremamente puritanas e santarronas mas que nos bastidores do seu coração se esconde um personalidade desejosa pelas coisas "mundanas" e por isto ela precisa contestar tanto, brigar tanto contra isto.

Entendemos então que aquilo que esteja estragando o casamento não seja o cisco no olho da esposa mas a trave que está no olho do marido, ou não é o cisco no olho do filho mas a trave no olho da mãe.

Jesus falou estas palavras direcionadas aos fariseus que demonstravam uma ira descomunal contra toda atitude profana, mas que no recôndito de suas almas os maus desejos prevaleciam.

É uma atitude irracional querer afirmar nosso caráter negando o problema e criticando o outro, precisamos entender que devemos perceber a trave que está em nossos olhos e mudar nosso jeito de ser.

Quero dar alguns exemplos: O marido fica incomodado com a falta de atitude da esposa, quando na verdade ele também é inseguro e inconstante mas tenta esconder; e a atitude da esposa o incomoda porque sempre o lembra quem ele realmente é.

O amigo que critica a atitude de infidelidade do outro mas que não consegue ser fiel a ninguém por causa do seu medo de magoar-se. Muitas pessoas acham na crítica um alívio para seus problemas. Então tenho que falar mal, criticar, confrontar, para fugir da minha própria falha.

Jesus certa feita falou: "Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca." Mateus 12:34

Confesso que não sei muita coisa sobre psicologia, mas olhando para o maior psicólogo que já existiu (Jesus), aprendemos uma estratégia muito simples para perceber este princípio da projeção - a boca.

Geralmente o que nos incomoda é o que mais toma conta de nossa fala, já perceberam isto? Por isto falamos tanto do cisco que está no olho do outro, pois aquilo incomoda mais a nós do que qualquer outra coisa.

Certa feita trouxeram a Jesus uma mulher pega em adultério - João 8:1-11. As pessoas queriam apedrejá-la, falavam mal, esbravejam contra ela, então perguntaram para Jesus o que deveriam fazer com aquela mulher.

Jesus sabia muito bem que muitos daqueles que queriam apedrejá-la tinha pecados semelhantes e talvez aquele que adulterou com ela estivesse ali também.

Jesus então diz: "Aquele que não tem pecado atire a primeira pedra". Ninguém se habilitou a consumar a condenação.

A verdade suprema que Jesus nos coloca é que muitas vezes condenamos e criticamos as pessoas porque elas nos incomodam revelando as nossas verdades. Oro para que sinceramente ao invés de atirarmos "a primeira pedra", possamos perceber a "trave" que está em nossos olhos.

Armando Altino da Silva Júnior

Reprodução autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e a fonte como: http://www.institutojetro.com/

Nenhum comentário: