13 janeiro 2007

FHC

Em nota, FHC critica apoio do PSDB a Chinaglia
Josias de Souza

Dono de um método peculiar de tomada de decisão, o tucanato surpreendeu o mundo da política ao anunciar o apoio a Arlindo Chinaglia (PT). Ninguém imaginava que o PSDB, logo ele, desceria do muro tão cedo. Mercê da falta de prática com a ligeireza, os tucanos desceram, veja você, dos dois lados do muro.

O sururu começou já na quinta (11), dia em que Jutahy Magalhães apertou a mão de Chinaglia. Nesta sexta (12), o alarido foi encorpado por uma nota de repúdio do tucano-mor Fernando Henrique Cardoso. Ele tachou de “precipitado” o gesto pró-Chinaglia. Preferiria Aldo Rebelo (PC do B), sem excluir a análise de um nome surgido da terceira-via.

Eis a nota de FHC:

"A respeito do apoio precipitado à candidatura do deputado Arlindo Chinaglia à presidência da Câmara de Deputados tenho a dizer que:

1. Quando estava em férias de Natal em Maceió, fui informado pelo deputado Aldo Rebelo de sua disposição de se candidatar à presidência da Câmara. Respondi que, se ele se mantivesse candidato, não veria como o PSDB pudesse votar no candidato do PT.

2. Havendo uma cisão na base governista, à qual, pela lógica política, caberia a Presidência da Câmara, abrir-se-ia, uma alternativa para a oposição. Aliás, mais de uma, penso, pois o anúncio posterior de eventual candidato de outros na linha da independência do Congresso nas questões institucionais e do não comprometimento com as tantas pizzas do passado recente.

3. Dei ciência ao governador de São Paulo e ao líder do partido na Câmara da conversa que mantivera com o deputado Aldo Rebelo, à qual esteve presente também o governador de Alagoas, Teotônio Vilela. Por isso, me surpreendeu a decisão, que considero precipitada, assegurar ao PT os votos do PSDB, sem discussão política mais profunda sobre as implicações e conseqüências do gesto. Ainda há tempo para as lideranças pensarem na opinião pública e nos milhões de brasileiros que esperam do PSDB uma posição construtiva, mas oposicionista, para que possamos manter a esperança de dias melhores”.

Abespinhado, o líder Jutahy, unha e carne com José Serra, disse que não vê problemas em reunir a bancada para retificar ou ratificar o apoio a Chinaglia. Parece confiar na acuidade da pesquisa telefônica que aferiu o sentimento da bancada. "Colocamos três opções: a defesa do critério da proporcionalidade das bancadas, o que implicava o apoio ao Chinaglia, a alternativa pró-Aldo e uma terceira, a de lançar uma candidatura contra esses dois. A vencedora foi a primeira." Ele não fala em percentuais.

No embalo de FHC, também o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), decidiu meter a colher no angu da Câmara. Disse que vai pedir à Executiva do partido que convoque uma mega-reunião, especificamente para debater o apoio a Chinaglia. Quer a participação de deputados, senadores e de grão-tucanos sem mandato.

“Não me estou intrometendo em assunto interno da Câmara. Entendo, sim, que se trata de questão maior, a ser amplamente discutida pela Direção Nacional do partido. Todos devem ser ouvidos, a começar pelo presidente de honra, Fernando Henrique Cardoso", anotou Virgílio em nota.

Como se vê, tucanos são mesmo um bichos complexos. Sendo oposição, abraçam-se ao PT. Depois, inauguram um movimento de oposição a si mesmos, bicando-se uns aos outros. Aldo Rebelo não perdeu a oportunidade de espicaçar as aves de coloração petista. O esvoaçar de penas encontra-se exposto no portal do PSDB na internet

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