31 março 2008

DE DIREITOS E RENÚNCIAS

CLÓVIS ROSSI

Você certamente já ouviu ou leu recomendações como estas: "Fique calmo e não corra"; "deixe suas mãos visíveis"; "não faça movimentos bruscos".
Lembra? Claro. São as recomendações da polícia para o caso de você trombar com bandidos. Agora, saiu uma nova versão. As recomendações são as mesmas, mas servem para o inverso, ou seja, para o caso de você trombar com a polícia.
Constarão de 1 milhão de folhetos a serem distribuídos por meio da Secretaria Especial de Direitos Humanos do governo federal. Há na iniciativa dois problemas.
Primeiro: equipara policiais a bandidos, como agentes a serem igualmente temidos. Pior: reforça a incontrolável tendência do poder público brasileiro, em todos os seus níveis, de fugir dos problemas, pedindo aos cidadãos que se eduquem para renunciar a direitos.
Menos mal que Rosiana Queiroz, coordenadora nacional do Movimento Nacional de Direitos Humanos, leu corretamente a iniciativa: "A modificação de uma abordagem policial depende de repensar a polícia, sua estrutura, a concepção militaresca, a forma de selecionar policiais, formá-los, orientá-los e dar um bom salário a eles". Mais: "Precisa fazer uma investigação sobre quais policiais estão envolvidos com o crime organizado", disse Rosiana a Eduardo Scolese.
Bingo. Pena que a tese de Rosiana seja muito difícil e trabalhosa para implementar. E o poder público foge de tudo o que é difícil. Já que não pode educar policiais a respeitar normas de conduta e direitos individuais básicos, trata de educar o público a não irritar policiais.
Como tampouco pode educar/ prender/punir bandidos, educa a população a não reagir a eles.
Ou seja, educa-a a renunciar a bens e ao direito de ir e vir, sob pena de perder ambos e mais a vida.
É um país muito medíocre.

DANÇA TRIBAL

Folha de S. Paulo

Na sucessão paulistana, alianças políticas e identidades partidárias se esfacelam em meio à disputa entre caciques


O absurdo qüiproquó em que se enreda a política paulistana, até que tem certa lógica a atitude do tucano Alexandre Schneider, secretário municipal da Educação. A exemplo de outros quadros do PSDB, Schneider ocupa um cargo vital na administração de Gilberto Kassab, do DEM. As eleições para a prefeitura se aproximam.
Como deixar de apoiar o atual prefeito, com quem tantos tucanos colaboram? Ao mesmo tempo, como apoiar o prefeito, se o PSDB lançar outro candidato?
Tudo se encaminha para que Geraldo Alckmin, do PSDB, dispute a prefeitura. Tudo se encaminha para que Gilberto Kassab, do DEM, tente a reeleição. São remotas, no momento, as chances de composição entre os dois.
Em entrevista à Folha, Alexandre Schneider afirmou que não pode "virar as costas para Kassab, que foi leal e é leal com o programa que elegeu José Serra". Mas Schneider pertence ao partido de Alckmin.
Que partido? O dilema se concentra nesse ponto. Há o PSDB de Serra, que empresta sua plumagem à administração Kassab; e o PSDB de Alckmin, que cada vez tem menos pontos em comum com o primeiro.
É natural que, dentro de uma mesma agremiação, rivalidades pessoais se manifestem. Pretensões desse tipo não costumam, porém, levar a uma crise de identidade tão intensa quanto a que se verifica em São Paulo.
Há algo de cômico em tamanha seriedade: o prefeito do DEM estaria cumprindo à risca os programas do PSDB; mas um tucano afirma sua disposição de recuperar para o partido a condução dos destinos paulistanos.
Na verdade, os caciques de um partido supostamente moderno e programático, como o PSDB, giram em falso numa dança tribal. E uma sigla muitas vezes tida como atrasada e fisiológica, o ex-PFL, coloca seu pragmatismo sob a orientação técnica de quadros tucanos. Todos se misturam, e ninguém se entende.
A idéia moderna do que deveria ser uma agremiação política - articulando visões de mundo próprias, a serem implementadas sob o controle de uma militância de base - desaparece na cidade mais desenvolvida do país, por força de um personalismo arcaico de cúpulas.
Enquanto isso, o PT de Marta Suplicy, outra desmoralizada promessa de modernidade organizacional, dá sinais de articular uma aliança com o PMDB quercista, e o partido de Maluf compõe a base de sustentação de Lula no plano federal.
A lógica política, dentro desse quadro, desiste de qualquer linearidade. Espera, inutilmente talvez, os programas que cada candidato venha a apresentar.
Programas? Que programas? Partidos? Que partidos? Oposição? Situação? Quem as distingue? Restará ao eleitor votar em pessoas, apenas? Mas a pergunta se repete: que pessoas? Nem elas mesmas parecem saber o que representam, nem para onde vão.

E SE PLANTÁSSEMOS CÉREBROS?

Gustavo Ioschpe

O Brasil tem uma área de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Mas pouco mais de um terço desse território é para os brasileiros. O restante – uma área de 5,4 milhões de quilômetros quadrados, equivalente a quase o triplo da área ocupada por França, Espanha, Itália, Reino Unido e Alemanha somados – é destinado por lei às árvores e aos animais. Não quaisquer animais, aliás: apenas aqueles que não produzem divisas. A criação de bois e vacas não é permitida. O número é uma subestimação, pois inclui apenas as florestas federais e as reservas obrigatórias da área da Amazônia Legal e dos campos registrados pelo IBGE no resto do país. Faltaria ainda incluir as áreas protegidas por legislação estadual e municipal, áreas às margens de rios, reservas indígenas etc.

Mesmo nas áreas em que a atividade industrial é permitida, ela não escapa do controle – e dos custos – da polícia verde. Qualquer obra de grande impacto ambiental no país (fábricas, siderúrgicas...) deve pagar uma taxa de 0,5% de seu valor ao Instituto Chico Mendes, órgão do Ministério do Meio Ambiente. Essa taxa deve produzir uma arrecadação de 400 milhões de reais no triênio 2008-2010.

Além disso, a empresa precisa obter licenças do Ibama para operar. O caso de geração de energia é emblemático. Há anos o Brasil flerta com a escassez de energia, e existe grande risco de o apagão voltar num futuro próximo. Apesar disso há, segundo o site do Ibama, 45 projetos de usinas hidrelétricas aguardando a expedição de licenças ambientais para iniciar a operação. Uma delas, a de Tijuco Alto, se arrastou por sete anos antes de ter o pedido negado, e o novo pedido foi iniciado há quatro anos. As mais importantes são provavelmente as duas usinas do Rio Madeira, obras do PAC, responsáveis conjuntamente pela produção de 6.450 megawatts. O processo da maior delas, a do Jirau, foi aberto em 2005. Dois anos depois, em julho passado, foi expedida a licença prévia da obra – com 33 condicionantes. Cumpridas essas condicionantes, virá a licença de instalação e só depois a licença de operação, sabe-se lá quando. Os danos não serão sentidos apenas em caso de apagão – são perceptíveis desde já. No começo deste ano, o preço da energia elétrica no mercado atacadista subiu 91% em apenas uma semana, chegando ao patamar mais alto desde o racionamento de 2002. Essa alta de um dos insumos básicos da produção causará cancelamento de investimentos, demissões e aumento de preços ao consumidor.

O Orçamento da União de 2008 resume bem a punição que o Brasil se impõe: o orçamento do Ministério do Meio Ambiente (2,9 bilhões de reais) é mais do que o dobro daquele destinado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (1,3 bilhão de reais). Apesar de sermos um país jovem e pobre, investimos mais na conservação da nossa escassez do que na produção das riquezas futuras. Esse não é um fetiche dos nossos governantes: é algo enraizado na sociedade brasileira. Conforme se divulgou recentemente na coluna Radar, somos um dos povos mais ligados às questões ambientais: 96% dos nossos compatriotas se dizem preocupados com o aquecimento global, contra 85% da média internacional. Os programas jornalísticos da Rede Globo transmitiram no ano passado 281 matérias sobre questões ambientais – quase uma por dia. É só no Brasil que a Ford produz um carro – esse monumento à poluição e ao sedentarismo – chamado EcoSport.

O aquecimento global é um assunto que efetivamente merece a consternação planetária (ainda que, já desde Malthus, uma boa dose de ceticismo para com as previsões catastrofistas seja sempre recomendada). Faz todo o sentido que os países desenvolvidos, que danificaram seu patrimônio natural (e, em muitos casos, aquele de suas colônias) enquanto enriqueciam, queiram agora usar um pouco dessa riqueza acumulada para melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos, reconstruindo aquilo que foi danificado em seus países. Faz mais sentido ainda que queiram dividir a empreitada com países pobres, instando-os a preservar suas áreas naturais e poupando a atmosfera e os mares – não apenas para reduzir a fatia do ônus que lhes cabe, mas também pelo bônus adicional de impor aos países em desenvolvimento uma série de medidas restritivas ao seu crescimento.

O que espanta, no caso brasileiro, é que esse discurso tenha sido integralmente "comprado" por aqueles que certamente colhem mais custos do que benefícios com a preservação ambiental, da maneira como vem sendo praticada. Estudo recente da economista U. Srinivasan, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, estima que os países ricos imporão perdas ambientais de até 7,4 trilhões de dólares aos países de renda per capita baixa e média (como o Brasil) em razão de suas ações no período 1961-2000. Segundo o estudo, são estimativas conservadoras, e não levam em conta todo o dano causado desde os primórdios da Revolução Industrial até os anos 60. Nem, aliás, os danos atuais – sim, porque os países ricos propagam seus gases poluentes com voracidade maior do que a expansão de suas idéias preservacionistas. Segundo relatório do IPCC de 2005, a América Latina é responsável por 5% do volume anual de emissão global de CO2 – os EUA respondem sozinhos por 25% e os outros países da OCDE, por mais 24%.

Aos defensores da fraternidade universal, que afirmam sermos todos igualmente responsáveis pelo destino do planeta, pergunto: por que essa solidariedade toda só aparece na hora de socializar as perdas, e não os ganhos? Por que parece natural e aceitável dizer que nós, brasileiros, devemos preservar nossas florestas e rios para o bem dos europeus, mas parece ficção científica sugerir aos mesmos europeus que devolvam as toneladas de recursos naturais brasileiros que eles roubaram durante séculos de colonização? Por que eles podem defender nossas árvores e ficar com nosso ouro?

Não estou defendendo o desmatamento da Amazônia nem a poluição de nossos rios. A beleza das paisagens imaculadas me maravilha tanto quanto ao manifestante do Greenpeace. Mas há uma questão de prioridade e de foco. Nosso foco deve ser o bem-estar do brasileiro, antes daquele de outros países. Enquanto uma massa de brasileiros vive em condições subumanas, sinto-me moralmente impedido de defender a preservação do mico-leão-dourado. Se os países ricos querem que preservemos nossas florestas, que paguem por isso. Se querem evitar o desmatamento, por que não param de subsidiar os seus agricultores e passam a transferir renda para os nossos? Precisamos defender os nossos interesses e pensar na estratégia ambiental que interessa aos brasileiros. A generosidade é um lindo traço da espécie humana, mas ela precisa de um substrato material. Do contrário, passa a ser autofagia. Faz sentido, em um país com os nossos índices de criminalidade, com os nossos problemas de tráfico de drogas e contrabando nas fronteiras, deslocar 1.000 homens da Polícia Federal para vigiar madeireiras no Pará, como o governo acaba de anunciar?

No início do ano, foram revelados os últimos resultados do Indicador de Alfabetismo Funcional. De 2001 a 2007, o índice de pessoas plenamente alfabetizadas no Brasil permaneceu praticamente estável, passando de 26% para 28% da população adulta. São dados desesperadores. A cada dia, milhões de crianças vão para as nossas escolas e saem delas sem conseguir ler nem escrever ou dominar as operações aritméticas básicas. Nesse tipo de preservação, somos craques: já está garantido que o cérebro da nossa população permanecerá território virgem pelos próximos trinta anos. O país vai fechando suas possibilidades de desenvolvimento.

Fico imaginando, otimista, o que aconteceria com o Brasil se a nossa obsessão fosse a criação e a preservação de cérebros brilhantes. Se toda essa energia despendida na preservação de florestas e animais selvagens fosse investida na consecução de um único, singelo e não tão difícil objetivo: garantir que todas as nossas crianças aprendam a ler e a escrever na 1ª série. Para começar, só isso bastaria. Que revolução seria se nos preocupássemos mais com a inteligência das nossas crianças e menos com as opiniões da intelligentsia estrangeira.

Se a colonização intelectual nos leva à cópia de todas as porcarias que vêm do Hemisfério Norte, do fast-food ao blockbuster, será que não podíamos também copiar o pragmatismo e o patriotismo que ajudaram a levar esses países aonde eles estão hoje?

PENSANDO BEM...

Cláudio Humberto

Amanhã, 1º. de abril, é que deveria ser o feriado da Pátria.

SINOPSES DE JORNAIS

Radiobrás


JORNAL DO BRASIL

- Hospitais de guerra abrem hoje no Rio

- Exército, Marinha e Aeronáutica ajudam a enfrentar o drama da dengue. (pág. 1 e Cidades, págs. A7, A11 e A14)

- O presidente Lula desembarca hoje em Duque de Caxias e, depois, almoça com o governador Sérgio Cabral preocupado em manter a aliança com o PMDB no Rio. Em Brasília, a oposição quer centrar ataques na ministra Dilma Rousseff pelo vazamento de informações sigilosas sobre gastos pessoais de FH. (pág. 1 e País, págs. A2 e A3)

- Mesmo diante de relatório formal da Controladoria Geral da União, que aponta fraudes generalizadas em licitações e desvios de recursos em 14 municípios de diferentes Estados, eles continuam recebendo dinheiro do governo federal. Ministérios não sabem explicar por que o parecer é desprezado. (pág. 1 e País, pág. A3)

FOLHA DE SÃO PAULO

- Serra mantém favoritismo para 2010

- Tucano preserva 1º lugar, com Ciro Gomes (PSB) em 2º, mostra o Datafolha; petistas não passam da 4ª posição. (pág. 1)

- Lula obtém sua melhor avaliação. (pág. 1)

- Dossiê é 'covardia institucional', diz ministro do STF. (pág. 1)

O ESTADO DE SÃO PAULO

- CPI dos cartões terá dados que complicam ministros

- Lote de informações para o Congresso pode atingir governos FHC e Lula, avisa Planalto. (págs. 1 e A4)

- Professores sem curso ensinam matemática - 23% não têm diploma universitário. (págs. 1 e A17)

- Oposição a Mugabe já proclama vitória - Governo do Zimbábue vê golpismo. (págs. 1 e A10)

O GLOBO

- Tribunais do tráfico desafiam a sociedade

- Especialistas no tema da violência culpam ausência do Estado por mortes. (págs. 1 e 9)

- A epidemia do caos - Hospitais nas áreas mais afetadas pela dengue entram em colapso. (págs. 1, 10 e 13 e Joaquim Ferreira dos Santos)

- Em nova versão sobre o dossiê com gastos de Fernando Henrique Cardoso, o Planalto disse que ele foi montado com dados da Casa Civil. "O relatório foi tirado do banco de dados. Alguém do Planalto resolveu fazer o mal", disse o ministro José Múcio. (págs. 1 e 3)

GAZETA MERCANTIL

- Está na baixa renda a maior oportunidade para os bancos

- A população de baixa renda, que vem ganhando poder de compra, começa a entrar na rota dos bancos. "Não vejo alternativa para os bancos de varejo crescerem de forma orgânica se não focarem suas estratégias para a faixa de menor renda. No topo da pirâmide o mercado já está saturado", afirma Celso Fernandes, diretor da Losango, promotora de vendas do HSBC. Os especialistas afirmam que é nesse nicho de mercado que está o maior potencial de expansão da base de clientes. Estima-se em 45 milhões o número de desbancarizados no Brasil, ante mais de 100 milhões de contas, entre poupança e corrente. (págs. 1 e B1)

- O governo federal continua liberando recursos, por meio de convênios, para municípios que foram flagrados em irregularidades na utilização do dinheiro público. Apesar de ter conhecimento de extenso relatório elaborado pela Controladoria Geral da União (CGU), dando conta de fraudes generalizadas em licitações, desvios e malversação de recursos em municípios espalhados por todo o País, praticamente todos os ministérios assinaram convênios e liberaram verbas nos últimos meses para as prefeituras. (págs. 1 e A9)

CORREIO BRAZILIENSE

- Câmara paga até enxoval para imóveis funcionais

- Para aumentar a taxa de ocupação dos apartamentos e reduzir os custos com auxílios-moradia dos parlamentares, a Câmara oferece mordomias como móveis e eletrodomésticos. Dados do Siafi apontam que a despesa de R$ 8,9 milhões com os funcionais incluem ainda persianas, cortinas e lâmpadas. Em 2007, foram gastos R$ 570 mil só em camas box. Além dessas vantagens, o governo também banca o condomínio. (págs. 1 e 2)

- Dossiê contra tucanos tem nova versão - Ministros passaram o domingo em reuniões para tentar contornar a crise. José Múcio, ministro das Relações Institucionais, disse que vazamento partiu de alguém do governo. Apesar do desgaste, Dilma Rousseff participa hoje de inauguração de obras do PAC no Rio. (págs. 1 e 3)

VALOR ECONÔMICO

- Captação no exterior se mantém, mas custo sobe

- Apesar do agravamento da crise de liquidez no sistema financeiro dos países ricos neste começo de ano, as empresas e bancos brasileiros continuam a captar recursos no mercado externo e em volumes que ultrapassam os vencimentos de dívida externa. Os prêmios pagos subiram e as garantias e seguros exigidos pelos credores, também. Segundo dados dos Banco Central, a taxa de rolagem da dívida externa (relação entre desembolsos e amortizações) de empresas e bancos chegou a 231% em média no primeiro bimestre deste ano. Em igual período de 2007, bem mais calmo, quando a crise das hipotecas americanas não havia ainda contaminado os mercados, as amortizações haviam sido maiores do que as captações - a taxa de rolagem foi de 38%. (págs. 1 e C1)

- O desemprego natural no país é estimado entre 7,4% e 8,5%. Essa taxa, que indica o nível mínimo de desemprego que a economia suporta sem provocar a alta da inflação, foi divulgada pela primeira vez pelo Banco Central. A taxa de desemprego real, que segundo o IBGE ficou em 8,7% em fevereiro, está muito próxima de atingir o nível do desemprego natural. De um ano para cá, o BC passou a dar importância ao emprego na definição da política monetária, porque cresceu a parcela dos serviços no PIB. Quando a economia era predominantemente industrial, o uso da capacidade da indústria era um bom indicador dos limites do crescimento. Agora, com mais serviços, a taxa de desemprego natural passou a ser melhor sinalizador. (págs. 1 e A4)

30 março 2008

O JOVEM ELEITOR

RÉGIS BONVICINO

O voto é facultativo aos adolescentes de 16 a 17 anos, uma das maiores conquistas da incipiente democracia brasileira

Em 1955 , quando nasci em fevereiro, o Brasil teve cinco presidentes da República: Café Filho, que assumiu depois do suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954, Carlos Luz, em virtude do infarto sofrido por Filho, o golpista general Lott, Nereu Ramos e o eleito Juscelino Kubitschek, que, ao tomar posse, em 1956, construiu Brasília, símbolo de um Brasil "moderno", aberto ao capital internacional, sob um ciclo favorável da economia.
Juscelino não conseguiu fazer seu sucessor e Jânio Quadros elegeu-se, renunciando meses depois, o que levou ao poder seu vice-presidente, João Goulart. Alvo antigo da direita brasileira, Jango teve dificuldades para assumir. Nesse interregno, viveu-se um período parlamentarista, sob Tancredo Neves. Todavia, pouco depois, passaria a governar com plenos poderes, o que "agregou" os Estados Unidos, preocupados com Fidel Castro (1959 no poder em Cuba), e a direita brasileira para desfechar um golpe, em 31 de março de 1964, com a implantação de uma ditadura militar que, na verdade, terminaria apenas com a eleição de Fernando Collor de Mello, em 1989, quando, aos 34 anos, fui votar pela primeira vez para presidente da República.
Lembro-me, como se fosse hoje, do ato institucional número 5, de 13 de dezembro de 1968, "medida" que veio em resposta a um discurso do deputado Moreira Alves, que pedia ao povo brasileiro que boicotasse o 7 de Setembro. O AI-5 fechou o Congresso, cassou mandatos de senadores, deputados, prefeitos e governadores, interveio no Judiciário, cassando ministros do STF, como Evandro Lins e Silva, e implantou a censura nos meios de comunicação e nas artes.
Votei pela primeira vez na vida para deputado federal e estadual, em 1974, no primeiro ano da faculdade. Ulysses Guimarães (MDB), naquele ano, fez sua memorável anticampanha para a Presidência da República, como protesto contra a ditadura. Naquela época, governadores, prefeitos de capital e de cidades "segurança nacional" eram indicados pelos ditadores. Para senador, votei no MDB, contra o arenista Carvalho Pinto, em 1978.
Para governador, votei em Franco Montoro, em 1982, que nomeou Mário Covas para prefeito de São Paulo. Antes disso, acompanhei toda a guerrilha de esquerda contra os militares, a tortura, os presos políticos e os exílios. E a volta dos exilados, muitos deles mais interessados em poder e dinheiro do que em democracia, até hoje.
Vi Fernando Henrique -o político mais preparado da história recente do Brasil (PMDB então)- perder a primeira eleição direta para prefeito de São Paulo para Jânio Quadros, em 1985. Simultaneamente, participei da campanha Diretas-Já, em 1984/85, que, todavia, levou ao poder um dos mais arcaicos políticos desse país: José Sarney. O artigo 14 da Constituição regula os direitos políticos. O voto é facultativo aos adolescentes de 16 a 17 anos.
Essa foi uma das maiores conquistas da incipiente democracia brasileira porque institui uma espécie de treinamento para a cidadania num país que passou quase metade do século 20 sob ditaduras.
Qual é esse treinamento para a cidadania? Respondo, com Celso Lafer: "A vida moral e a vida do poder dão a impressão de correr paralelas, com raras convergências. Esse desencontro entre a ética e a política incomoda e indigna a todos que querem ver e sentir a presença de virtudes na condução dos negócios públicos, e não a mentira".
Por isso, reproduzi aos estudantes dos vários colégios que percorri em meu território eleitoral fazendo palestras o cartum de El Roto, do jornal espanhol "El País": "mejor que cronometrar el tiempo, que les midan las mentiras!" (melhor que cronometrar o tempo, que meçam suas mentiras).
Cabe, portanto, aos eleitores de 16 e 17 anos alistarem-se e passarem a exercer o seu espírito crítico em relação aos políticos, medindo suas mentiras, aferindo o que propõem de consistente, para substituir o marketing pelo debate, para que a vida moral e a do poder sigam em convergência, e não em divergência - como agora.
É para isso que os chamo: medir, rigorosamente, as mentiras, para que as verdades possam vir à tona - cooperando para diminuir o "risco rua" e projetando um país mais igual, de verdade, para um futuro próximo.

O ESCANDALOSO SEM ESCÂNDALO

JANIO DE FREITAS

Não é o PAC que é eleitoreiro por si só; eleitoreiro sim, agressivamente eleitoreiro, é o uso que Lula faz do PAC

A razão que Lula pode ter ao dizer-se "indignado" com as "acusações de que o PAC é eleitoreiro" ("cretinices verbais", na sua versão de polidez verbal) devem-se a uma distorção da crítica oposicionista e do comentarismo jornalístico. Não é o Programa de Aceleração do Crescimento, conjunto de obras convenientes, umas, e discutíveis outras, que é eleitoreiro, por si só. Eleitoreiro sim, agressivamente eleitoreiro, é o uso que Lula faz do PAC. E eleitoreiro é só um dos aspectos, talvez o menos grave, do uso que Lula faz do seu tempo útil, no cotidiano presidencial, e dos recursos de governo para desenvolver sua propaganda personalista, a imagem de um-pai-pátria.
Essa atividade não-presidencial, por seu agudo sentido antidemocrático e pelo acinte irrefreado de sua prática, é o grande, o maior escândalo do governo Lula. Sem, no entanto, constituir escândalo propriamente, por um composto de fatores em que os políticos oposicionistas, a imprensa, a TV, o rádio e representações civis, com realce para a OAB, não ficam bem. Estamos todos vendo, sem enxergar, ou sem querer fazê-lo, um processo bem conhecido.
Lula deu ontem uma demonstração completa do uso que faz do PAC, já sem resistir até a explicitar a exploração também eleitoreira do programa. Era só o discurso de lançamento do PAC em Recife, mas assim: "Nós vamos fazer o sucessor" (implicitamente, na Presidência, no governo de Pernambuco e na Prefeitura de Recife), "apenas fazendo discurso não vão nos derrotar, têm que trabalhar mais do que nós", "a oposição pode tirar o cavalinho chuva", e por aí foi. Com a disposição sintetizada no discurso, não será proveitoso duvidar da previsão de Lula, mas seria inteligente refletir sobre o que subjaz a ela.
Lula não faltou, é claro, com o culto a si mesmo. A comparação do seu vitorioso governo com os inúteis 500 anos precedentes, a liderança econômica a que seu governo levará o Brasil no mundo, até o pagamento ao FMI entrou, para o entendimento nebuloso do comício nordestino, no rol dos seus feitos. Tudo, é claro, como único caso histórico de governo para os pobres.
Lula, PAC, Recife: mais um eco dos discursos de todos os dias, cada vez menos objetos das atenções que merecem cada vez mais. Ao menos para observação dos efeitos presentes na advertência de que as repetições, de verdades ou não, são como perfuratrizes. Só o próprio Lula, porém, parece estar atento para tais aspectos de suas possíveis condutas e palavras, como portadoras de mensagens.

CAIXA-PRETA DA DITADURA

CARLOS HEITOR CONY

Apareceu mais um cidadão que tomou parte no esquema do regime militar, declarando ter participado da chacina promovida contra os guerrilheiros na região do Araguaia. O ex-soldado está disposto a contar o que sabe. Os episódios ligados à subversão e à repressão continuam como um quebra-cabeça e, embora haja pressão nacional pela liberação dos arquivos relativos àquele período abominável de nossa história, nenhum governo até agora teve coragem de abrir a sua caixa-preta.
Apesar do relativo consenso sobre a anistia, que deve funcionar para os dois lados, o temor de um revanchismo contra os militares não pode justificar o silêncio oficial sobre o que realmente aconteceu nos anos de chumbo. Os mais exaltados aderem à tese segundo a qual os crimes da ditadura não podem ser prescritos - o que é uma bobagem. Não mais se trata de punir quem quer seja, mesmo os que mataram ou torturaram nos dois lados da luta armada.
O problema não é policial nem mesmo político, mas histórico. Só para dar um exemplo: na passagem de 20 para 21 de agosto de 1976, na Casa da Manchete, em São Paulo, onde JK e eu estávamos hospedados, a conversa que varou a noite foi um desabafo do ex-presidente, que vivia um momento tenso em sua vida doméstica. Dias antes, correra a notícia de que ele morrera num acidente de carro na estrada que liga Luziânia a Brasília, fato que realmente aconteceria no dia seguinte, na Rio-São Paulo.
Aos 74 anos, JK pressentia que teria poucos anos de vida, e seu maior desejo era ter revelados os depoimentos que dera na Polícia Militar (RJ) quando regressou do seu primeiro exílio, em 1965. Na opinião dele, foi uma das maiores contribuições que tivera a oportunidade de dar à história de seu tempo.

O OLHO DA CARA

ELIANE CANTANHÊDE

Deveras interessante a posição do PMDB de recomendar aos governadores e dirigentes estaduais e municipais do partido alianças prioritárias com o PT e os partidos aliados ao Planalto nas eleições das prefeituras. Excelente aposta para um partido que é o mais enraizado no país, tem sete governadores, as maiores bancadas parlamentares, uma marca ainda hoje identificada com as velhas boas causas e... nenhuma perspectiva de subir a rampa do Planalto.
Antes, pendurava-se no PSDB. Agora, pendura-se no PT. Ou melhor, em Lula, na sua enorme popularidade e nas suas boas perspectivas - reais, apesar de ainda não registrada pelas pesquisas - de fazer o sucessor em 2010.
É assim que o PMDB se eterniza no poder, pegando carona não nas vitórias de um outro partido, mas sim na gangorra entre PSDB e PT. E com destaque. Vide o Pará, onde quem se elegeu foi a petista Ana Júlia, mas as informações que vêm de lá dizem que quem manda é o peemedebista Jader Barbalho. Vide São Paulo, onde a candidata será a petista Marta Suplicy, à beira de ceder à conveniência pragmática de uma aliança com Orestes Quércia.
E na Bahia? O PT fez bonito. Venceu as eleições para o governo do Estado nos últimos minutos e chegou ao Palácio de Ondina com o baiano-carioca Jaques Wagner.
Mas tudo indica que o grande beneficiário do ocaso do carlismo não será exatamente o PT, e, sim, o PMDB de Geddel Vieira Lima - o mais tucano dos peemedebistas no governo FHC, o mais petista dos peemedebistas no governo Lula. E ministro da Integração Nacional.
Atenção Ricardo Berzoini, contrário à aliança PT-PSDB em Minas: o poder tem custado caro a tucanos e petistas, mas o que custa o olho da cara é a disputa cruenta entre ambos. PT, PMDB e DEM (que tem lado) perdem. O PMDB, que vai para onde o vento sopra, se dá bem.
E como!

DESIGUALDADE SECULAR

CLÓVIS ROSSI

Peço licença ao bom ministro Fernando Haddad para discordar de sua avaliação de que o grande nó da educação no Brasil é o ensino médio. É um nó, sim. Mas o grande problema está na desigualdade social e seu reflexo na educação. Pior: a desigualdade, ao contrário do que diz a propaganda oficial, não diminuiu no governo Lula. Em alguns pontos, aliás, até aumentou. Exemplo: a taxa de analfabetismo na população de 15 anos ou mais era, em 2005, de 19,4% entre os 20% mais pobres e de 1,5% entre os 20% mais ricos. No ano seguinte, aumentou o analfabetismo entre os 20% mais pobres (para 20,8%) e aumentou também, mas menos, entre os 20% mais ricos (para 1,8%). Consequência: a desigualdade em pontos percentuais subiu, de um ano para outro, de 17,9 para 19. São dados que surgem do estudo "As Desigualdades na Escolarização no Brasil", preparado pelo Comitê Técnico do Observatório da Equidade, criado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência (não é, portanto, da "mídia golpista"). O número de fevereiro de "Desafios do Desenvolvimento" (editada pelo Ipea, Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) antecipa números, como sempre chocantes. O espaço não permite resgatar a maioria deles, mas vale citar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, elaborado pelo MEC de Haddad, que estabelece a meta de os alunos alcançarem pelo menos 6 pontos (numa escala de 0 a 10) em 2021. Resultado: os alunos de escolas públicas alcançam 3,6 pontos, ao passo que, na escola privada, a média é 5,9, quase na meta. Conclui a revista: "Quem tem condições de pagar uma escola privada já está em 2021". Quem não está, fica no século passado. Como educação é talvez a mais vital alavanca para reduzir desigualdades, tem-se que elas só podem eternizar-se.

AMOR E LEALDADE

Stephen Kanitz

"Se acha que ninguém o ama ou que não é amado o suficiente, talvez isso ocorra porque você não tem sido leal com as pessoas a quem ama"

Seu filho e sua filha de 12 anos mostram enorme interesse em assistir ao filme baseado em um livro que eles estão lendo na escola. Você descobre que o lançamento será daqui a quatro sábados e promete que vai levá-los já na pré-estréia. Será uma tarde muito especial, só vocês. Você ganhou pontos como pai, fez um golaço e tanto. Melhor ainda, agora eles serão os primeiros a contar para os colegas de escola como o filme se desenrola, serão o centro da roda e heróis por um dia, graças a você. E eles começam a sonhar com o grande dia. Três semanas se passam e na quinta-feira anterior à pré-estréia seus colegas de trabalho o convidam para um jogo de futebol seguido de churrasco. Seu chefe vai estar lá, jogando com a turma. Um amigo se prontifica a buscá-lo às 10 horas do sábado. Você aceita sem pestanejar. Ser convidado para jogar com o chefe é muito importante para a sua carreira, que por sinal não anda muito bem. Seria uma boa oportunidade para fazer média. Você nem se lembrou do compromisso anterior com os filhos.

No sábado, às 10 horas em ponto, seu amigo está à porta, quando seu filho, absolutamente estarrecido, lhe pergunta: "Pai, você esqueceu o nosso filme?".

O que você faz numa situação dessas?

1. Você diz que não irá ao futebol. Pede mil desculpas ao amigo, diz que não poderá jogar conforme o prometido, pede que ele explique o ocorrido ao seu chefe, e fim de papo.

2. Você pede mil desculpas aos seus filhos, explica a situação, diz que o chefe vai estar lá, que você os levará no sábado que vem, com direito a pipoca em dobro. E tudo se resolverá a contento, sem prejuízo de ninguém.

Qual das duas opções você escolhe? Se respondeu que é a primeira, lamento dizer que você está mentindo. Todo mundo escolhe a segunda opção. Afinal, é sua carreira que poderia estar em jogo. Você bem que podia se tornar mais amigo da turma do trabalho, você está inseguro. Aliás, quem não está?

O que quero discutir aqui é a razão por trás da sua escolha, o raciocínio que determinou a decisão de postergar o cinema com os filhos. Você fez essa opção porque no fundo sabe que seus filhos o amam. E, porque o amam, eles entenderão. Sem dúvida, eles ficarão desapontados, mas não para sempre. Afinal, você conseguiu conciliar a agenda de cada um, só vai demorar mais um pouquinho.

Porém, com esse tipo de raciocínio, você acaba colocando as pessoas que o amam para trás. Justamente as pessoas que nos amam é que acabamos decepcionando, vítimas dos nossos erros do dia-a-dia. Que recompensa é essa que dispensamos àqueles que nos amam e que nos são leais? Por quanto tempo eles continuarão nos amando diante de atitudes assim?

Eu não tenho a menor dúvida de que você escolheu jogar futebol porque sabe muito bem que seu chefe não o ama. Muito pelo contrário, ele não está nem aí para você. Ele pode substituí-lo na hora que quiser, sem um pingo de remorso. Você aceitou jogar com os colegas para que eles gostem um pouco mais de você. E com os seus filhos, que já o adoram, você aproveitou para negociar. Eles não vão dizer nada, vão entender, mas sentirão calados uma punhalada nas costas. A lógica diz que deveríamos ser leais com as pessoas que nos amam, mas na prática fazemos justamente o contrário.

Se acha que ninguém o ama ou que não é amado o suficiente, talvez isso ocorra porque você não tem sido leal com as pessoas a quem ama. Achar que elas serão sempre compreensivas e razoáveis é seguramente o caminho para o desastre. Seus filhos acreditarão em você na próxima vez que lhes fizer uma promessa? Eles aprenderão o significado da palavra lealdade?

Seu chefe vai esquecê-lo totalmente um mês depois de você se aposentar, bem como os seus colegas de trabalho. Os únicos que jamais vão esquecê-lo são seus filhos, pela sua lealdade ou pelas pequenas decepções e infidelidades cometidas por você ao longo da vida.

SINOPSES DE REVISTAS

Radiobrás


VEJA

- A CLASSE DOMINANTE - Com 86 milhões de brasileiros, a classe C torna-se a maior do país. Saiba como esse fenômeno populacional e de mercado vai revolucionar o Brasil

- O DOSSIÊ DOS GASTOS - Da negativa às explicações

- GARIBALDI ALVES: "O Congresso está na UTI"

Entrevista: Garibaldi Alves - O Congresso na UTI - O senador diz que o Parlamento está agonizante e que muitos políticos usam o mandato apenas em proveito próprio. (Capa e págs. 11 a 15)

O erro de cálculo - Quem quer que tenha montado o dossiê se esqueceu de que ele não sumirá sozinho. Já há até uma suspeita de sua autoria. (Capa e págs. 56 a 60)

Popularidade e fúria - Apesar dos índices recordes de aprovação, Lula esbraveja no palanque e afaga políticos punidos. (págs. 64 e 65)

J.R.Guzzo - São Paulo e Paraná - "Nenhuma menção foi feita pelo presidente, enfim, ao fato de que Severino, após renunciar, tentou voltar à Câmara nas eleições de 2006. Não poderia haver oportunidade melhor para o povo de Pernambuco, com a força do voto livre e secreto, corrigir a injustiça feita pela elite de São Paulo e do Paraná, dando um novo mandato ao ex-deputado. Mas o povo de Pernambuco não quis dar um novo mandato ao ex-deputado". (pág. 66)

O recado das panelas - Cristina ouve, pela primeira vez, o panelaço que já derrubou presidentes na Argentina. (págs. 68 e 69)

Epidemia do descaso - O surto de dengue no Rio de Janeiro expõe a negligência dos governos com a saúde. (págs. 76 e 77)

Ela empurra o crescimento - Em dois anos, 20 milhões de brasileiros saíram da pobreza e emergiram para a classe C. Esse fenômeno catapultou o consumo e expandiu a classe média, deixando o país a um salto do desenvolvimento. (Capa e págs. 82 a 89)

Artigo - José Júlio Senna - A era do crédito - "O quadro econômico que provavelmente prevalecerá em 2010 não será muito diferente do atual. A chamada classe C, composta de pessoas que têm experimentado oportunidades ampliadas de emprego, salários mais altos e acesso a produtos bancários e crédito, constituirá importante força eleitoral". (págs. 90 e 91)

Ciência num lugar inesperado - Numa cidade brasileira marcada pelo atraso, surgirá um dos mais avançados laboratórios de neurociências do mundo. (págs. 108 e 109)

Memórias da estupidez - Em nome do "bom gosto", até Mário de Andrade teve poemas censurados pela ditadura militar. (págs. 112 e 113)

Diogo Mainardi - Entendeu, Tabatha? - "O blog de Paulo Henrique Amorim está em nome da Nexxy Capital Brasil Ltda., de Luiz Roberto Demarco. A Internet é assim. Os blogueiros jornalistas podem criar uma nova identidade por dia. Mas sempre dá para descobrir quem manda neles". (pág. 123)

Roberto Pompeu de Toledo - Noites de almirante do marujo McCain - "Inesquecíveis aventuras vividas no Rio de Janeiro por um jovem aspirante da Marinha dos EUA". (pág. 130)


ÉPOCA

- ELA AGÜENTA? O impacto do vazamento de informações no futuro de Dilma

Ela vai resistir? - Como a crise provocada pelo vazamento de informações sigilosas de gastos pessoais do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afeta o futuro de Dilma Rousseff, a candidata preferida de Lula para 2010. (Capa e págs. 39 a 42)

Entrevista: "Inventaram um dossiê" - Dilma Rousseff admite vazamento de informações, mas nega que o governo tenha bisbilhotado dados de FHC. (pág. 143)

Nossa política - Fernando Abrucio - O baile de máscaras da eleição municipal - "A disputa pelas prefeituras embaralhou o jogo em três grandes partidos: PT, PSDB e DEM". (pág. 44)

O movimento dos sem-rumo - Enfraquecido em sua luta original pela reforma agrária, o MST muda de bandeira. O ataque agora é contra a Vale e o êxito da economia de mercado. (págs. 46 a 49)

Nossa economia - Paulo Guedes - A crise pode ser boa para os investidores - "Haverá mais critério nos lançamentos de ações. As empresas oportunistas terão menos espaço". (pág. 50)

O filósofo da improvisação - Mangabeira Unger, o ministro do Longo Prazo, tenta ganhar influência no governo semeando, a curto prazo, suas idéias polêmicas. (págs. 52 a 55)

Algo novo nos céus do Brasil - O criador da JetBlue - uma das mais inovadoras empresas aéreas do mundo - entra no mercado brasileiro para enfrentar a Gol e a TAM. Por que isso é bom para o passageiro. (págs. 58 e 59)

O retrato do abandono - A mais grave epidemia de dengue da história do Rio de Janeiro expõe a precariedade do atendimento à saúde. Qual cidade poderá ser a próxima? (págs. 92 a 98)

Sucata supersônica - Os caças que nos anos 1970 foram a coisa mais avançada que a FAB já teve vão para o desmanche. (pág. 100)

Nossa antena - Ruth de Aquino - A crônica da dengue anunciada - "O realismo fantástico invade o Rio. Seu prefeito pede ao santo que mande os mosquitos para o mar". (pág. 138)


ISTOÉ

- DENGUE NO RIO - A epidemia que já matou mais de 50 pessoas transforma a rotina dos cariocas

Entrevista: Haroldo Lima - "Podemos trocar petróleo por ferrovias e portos" - Presidente da ANP quer recriar o monopólio do Estado na extração e defende a criação de uma nova estatal para o setor. (págs. 4 a 9)

Lula no melhor dos mundos - Embalado pela popularidade recorde e pela ampliação da classe média, o presidente está de volta aos palanques. (págs. 28 a 30)

A política industrial de Miguel Jorge - Governo prevê investimentos de R$ 251 bilhões até 2010 em 24 setores da economia, mas a eficácia desse plano vai depender da política monetária. (págs. 32 a 35)

Dinheiro ao vento - Ministério Público e TCU encontram irregularidades que envolvem ex-ministro e paralisam projeto de R$ 320 milhões. (págs. 36 e 37)

Matança impune - Após reportagem de ISTOÉ, três militantes da LCP são mortos e o governador de Rondônia pede ajuda federal para combater a guerrilha. (págs. 38 e 39)

Epidemia criminosa - Omissão de ministro, governador e prefeito favorece a proliferação do mosquito e leva o Rio à pior onda de dengue de sua história. (Capa e págs. 42 a 45)

Temporão, o resistente - A saúde degringola com a febre amarela e a dengue e Procuradoria da República entra com ação contra o ministro. (págs. 46 e 47)

Fittipaldi acelera contra o BNDES - O bicampeão de Fórmula 1 quer construir usina de etanol no Brasil, mas reclama de garantias exigidas pelo banco. (págs. 84 e 85)


DINHEIRO

- ELE QUER BRIGA! - David Neeleman, o brasileiro que revolucionou a aviação nos EUA, desafia Gol e TAM com uma nova empresa aérea. Suas armas: 76 aviões, 200 rotas, passagens baratas e conforto a bordo. É o bastante?

- ENERGIA - O plano secreto para criar a Super Eletrobrás

Vem aí a Super Eletrobrás - O governo quer transformar a estatal num gigante. O plano prevê novas usinas dentro e fora do País, criando uma empresa tão valiosa como a Petrobras. Conseguirá? (Capa e págs. 28 a 30)

Depois do PAC, o PDC - Para evitar uma alta nos juros, governo cogitou um "Programa de Desaceleração do Crescimento". Felizmente, voltou atrás. (pág. 34)

O plano da indústria - Miguel Jorge conclui um pacote para o desenvolvimento industrial que prevê mais pesquisa, mais investimentos e menos impostos. Falta só acelerar e colocar em prática. (págs. 36 e 37)

Frevo latino - No Recife, Brasil estreita relações econômicas com dois importantes parceiros: México e Venezuela. (págs. 40 e 41)

David contra o duopólio - A estratégia do empresário David Neeleman para, com uma nova companhia aérea de baixo custo, sacudir o setor dominado por TAM e Gol. (Capa e págs. 62 a 66)

Artigo - Luiz Fernando Sá - Um choque nos planos de Serra - Fracasso do leilão da empresa causou um prejuízo de R$ 1,7 bilhão aos acionistas com a queda de valor de mercado. O valor pode ser debitado do cacife político do governador. (pág. 98)


CARTACAPITAL

- DIAS DIFÍCEIS PARA JOSÉ SERRA - O governador paulista tem de engolir o fracasso do leilão da Cesp e a candidatura de Geraldo Alckmin à prefeitura da capital - Aécio Neves explica a aliança entre PSDB e PT no pleito de Belo Horizonte e condena a hegemonia de São Paulo na disputa pela Presidência da República - Ciro Gomes atira lenha à fogueira e acena com a chance de ser vice em uma chapa encabeçada por Aécio

- DENGUE: O SURTO AVANÇA NO RIO E EXPÕE A NEGLIGÊNCIA DAS AUTORIDADES

Um vale de dúvidas - Impasse - Há 20 anos o Ribeira convive com o fantasma de uma usina. O Ibama sinaliza a aprovação, mas muitos moradores temem o impacto na região, marcada pela miséria e o descaso. (págs. 10 a 16)

Mina Carta - O silêncio e a calúnia - A saída de Paulo Henrique Amorim lembra um episódio que eu vivi. E me levou a crer que valho 50 milhões de dólares. (págs. 18 e 19)

O caso do "dossiê" - O Planalto nega participação - A Presidência investiga em busca dos responsáveis pelo vazamento. (pág. 19)

Sextante - Antonio Delfim Netto - Quase lá - "Para não retroceder, o Brasil precisa urgentemente de um programa industrial-exportador. Mesmo porque o País começa a envelhecer, antes de ser desenvolvido". (pág. 21)

Choque de realidade - Política - O fiasco no leilão da Cesp, Geraldo Alckmin candidato e o namoro de Aécio com o PT atrapalham os planos de Serra. (Capa e págs. 22 a 24)

A hegemonia de São Paulo tem de acabar - Entrevista - Aécio destrincha os significados da paz mineira entre PT e PSDB. (págs. 24 a 28)

E Ciro contenta-se em ser vice de Aécio - Círculo alargado - O ex-ministro e deputado cearense prestigia a aliança mineira. (págs. 28 e 29)

Descuido fatal - Dengue - O surto no Rio de Janeiro avança e mata em um ritmo cinco vezes maior do que o da última grande epidemia. (Capa e págs. 30 a 32)

Evolução e Saúde - Rogério Tuma - De volta à Idade Média - A epidemia de dengue desnuda as fragilidades do Rio, que negligenciou as ações de prevenção e sanitarismo. (pág. 33)

Rosa-dos-ventos - Maurício Dias - Carta Cidadã em risco - "A reforma tributária proposta pelo governo abala os pilares erguidos pelo dr. Ulysses". (pág. 34)

Herrar é Umano - EUA - Os financistas insistem em ficar acima de regras, apesar da série de fiascos. (págs. 36 a 38)

Os filmes como moeda - Política Cultural - Por que o cinema passou a interessar aos fundos de investimento. (págs. 52 e 53)