30 novembro 2006

HUMOR

De José Simão:

O PT dançou no Ministérico do Lula. Os companheiros vão ficar vendo estrela! Rarará! A única pasta que o PT vai pegar é uma pasta de dente. Só vai sobrar pasta Colgate pros petistas! Rarará! Sabe o que significa PT, agora?! Perda Total. Ou como diriam os companheiros: "perca total"! Rarará!!!

26 novembro 2006

MORALES CRIA LEI QUE PERMITE A DESTITUIÇÃO DE GOVERNADORES

O presidente boliviano, Evo Morales, enviou ao Congresso um projeto de lei que prevê poderes ao Legislativo para fiscalizar governos departamentais (estaduais) e, ao Executivo, destituí-los ou não.

A proposta foi um dos motivos que levaram os governadores da oposição – seis dos nove Departamentos da Bolívia – a romper com o governo, sob o argumento de que suas cabeças estarão em mãos da maioria governista no Congresso. Juntos, os Departamentos – entre os quais o mais rico do país, Santa Cruz – representam 80% dos cerca de 9 milhões de bolivianos.

O projeto de lei tem quatro artigos e precisa ser aprovado por dois terços dos parlamentares – ou seja, com votos da oposição. O ponto mais polêmica é o artigo que permite ao Congresso interpelar e, se comprovadas irregularidades, aprovar moções de censura contra governadores. Nesse caso, o governador censurado é obrigado a renunciar. Caberia ao presidente decidir se ele fica ou deixa o cargo.

Os seis governadores convocaram uma reunião para definir uma estratégia conjunta.

Fonte: CD

PREVI

A Previ, o Fundo de Pensão dos funcionários do Banco do Brasil, é hoje o 59º maior fundo de pensão do mundo. O poderoso ultrapassou pela primeira vez os 100 bilhões de reais em ativos.

Não é à toa que os Fundos de Pensão rondam os sonhos de muitos políticos, e também trocas intermináveis de acusações entre Partidos.

FAZENDO FALTA

O jornalista Boris Casoy está um bom tempo fora da tv, depois que foi demitido da Record.

Desde então, travou uma batalha judicial com a emissora, a quem cobra uma indenização milionária pela quebra de contrato.

Mas, seu retorno às telas está praticamente definido. Boris volta à TV a partir do início do ano na Rede CNT. Mas, provavelmente não apresentará telejornal.

Boris Casoy é um âncora bastante expressivo, porém, na Record ficava um tanto quanto "controlado". Esperamos que nesse novo espaço ele possa emitir suas opiniões, sempre tão vibrantes, sem nenhuma censura.

Sem dúvida, o seu "é uma vergonha!" faz falta.

FRASES DA SEMANA e notas

"Eu vou me dedicar até o dia 31 de dezembro para destravar o país. E não me pergunte o que é ainda, que eu não sei, e não me pergunte a solução, que eu não tenho, mas vou encontrar, porque o país precisa crescer."
LULA

Reeleito, Lula continua sem saber de nada.
Será que algum dia ele vai saber que foi presidente?

"Não sou contra as medidas assistencialistas, desde que provisórias e que apontem o rumo da porta de saída, de modo que o beneficiário possa ficar independente das benesses do poder público e dispor de meios para gerar a própria renda."
FREI BETTO, frade dominicano e escritor

Frei Beto é amigo de Lula. O presidente bem que poderia aceitar sua dica.

"O PT é uma coisa horrível. O que é o PT? Sindicalista, Igreja Católica de sacristia e guerrilheiro. Não podia dar certo."
CLÁUDIO LEMBO, governador de São Paulo, em entrevista a Jô Soares
"Corre a informação de que você casou virgem. É verdade?"
JÔ SOARES, para o governador paulista Cláudio Lembo
"É possível!"
CLÁUDIO LEMBO, respondendo a Jô

O governador é sempre um show à parte.

"O Waldir Pires vai acabar como ministro da Defesa do Palmeiras!"
JOSÉ SIMÃO, colunista da Folha de S.Paulo, sobre o fraco desempenho do ministro da Defesa no caso do apagão aéreo

O ministro da Defesa só defende o caos aéreo. É o próprio apagão.







OS MICHÉIS TÊMERES

André Petry

"O que intriga é que os dois Michéis Têmeres poderiam vir a público revelar sua dupla existência. Qual o problema? Gêmeos não podem ser políticos?"

Estão fazendo uma injustiça tremenda com o deputado Michel Temer, o presidente do PMDB. E tudo porque ele apoiou o tucano Geraldo Alckmin até o último minuto da campanha presidencial e acaba de declarar apoio ao petista Luiz Inácio Lula da Silva antes de começar o primeiro minuto de seu segundo mandato. É uma injustiça porque, nos bastidores da política em Brasília, se comenta abertamente que Michel Temer não é um só. Pois é: existem dois Michéis Têmeres. Ambos têm 66 anos, ambos presidem o PMDB, ambos se elegeram agora para deputado federal com 99 000 votos – mas são dois.

No peito de um Michel Temer sempre bateu um coração meio petista. Há um Michel Temer que sempre quis integrar o governo de Lula. Sempre. No início do primeiro mandato, quando o então todo-poderoso José Dirceu negociava a adesão do PMDB ao governo, um entusiasta da negociação era justamente Michel Temer, o petista. E na semana passada quem se sentou à mesa com Lula e anunciou a adesão do PMDB ao governo foi o mesmo Michel Temer, o petista. Não se deve confundi-lo com o outro Michel Temer, em cujo peito sempre bateu um coração meio tucano. Esse outro Michel Temer é que subiu no palanque de Geraldo Alckmin. São dois. São gêmeos.

O que intriga a política brasiliense é que os Michéis Têmeres poderiam vir a público revelar sua dupla existência. Qual o problema? Gêmeos não podem ser políticos? Gêmeos não podem ter preferências políticas diferentes? Em vez disso, os dois Michéis Têmeres insistem em tentar enganar a platéia como se fossem um só. Não se dão conta de que é esse disfarce que gera a injustiça. Agora mesmo, antes de ser chamado para conversar com Lula no Palácio do Planalto, Michel Temer andava irritado. Irritado porque o presidente não o chamava nunca. Alguém lembrou: "Ele também não pode querer que o Lula esqueça que menos de um mês atrás ele estava com Alckmin no Vale do Anhangabaú". Injustiça. Quem estava lá era Michel Temer, o tucano. Quem andava irritado com a demora de Lula era outro Michel Temer, o petista.

Um dos mandamentos básicos para esconder a existência de dois Michéis Têmeres é nunca, jamais, dizer qualquer coisa que seja muito clara. Assim, um Michel Temer não compromete o outro Michel Temer. Confira no seguinte diálogo:

Veja – Por que o senhor apoiou Alckmin?

Temer – Eu ouvia dizer que o partido inteiro estava com Lula. Como não era assim, resolvi restabelecer a verdade. O PMDB ficou dividido e declarei o meu apoio ao Geraldo Alckmin, a quem eu sempre fui mais ligado.

Veja – Por que o senhor agora apóia Lula?

Temer – Agora, identifiquei que a grande maioria gostaria de atender aos apelos do presidente para que o PMDB ingressasse no governo. O que eu fiz foi ser coerente com a decisão do PMDB de apoiar o governo.

Os dois Michéis Têmeres estão sempre a serviço de evidenciar a vontade partidária: vira tucano para mostrar a divisão, vira petista para mostrar a união.

Não é um disfarce perfeito?

SEM RITMO NEM AFINAÇÃO

Lya Luft - Ponto de Vista

"Caminhamos com passos atrapalhados num samba de incerto destino"

Como cidadãos deste país, devemos dedicar alguns pensamentos a quem comanda nosso destino cívico: o novo Congresso, onde vão se produzir grandes consensos – o maior deles, o silêncio sobre nossos mais candentes problemas. Como o fato de que nosso índice de desenvolvimento humano (IDH) desceu mais uma vez: fomos para a 69ª posição, perdendo para vizinhos como Uruguai (43ª), Chile (38ª) e Argentina (36ª). Segundo estudos do Banco Mundial, entre 175 países é no Brasil que se gasta mais tempo para cumprir obrigações fiscais: 2.600 horas por ano por empresa, 800% a mais do que a média dos outros países. Somos campeões na desigualdade social e um dos países que menos crescem no mundo, perdendo só para o Haiti, na América Latina. Embora a equipe do governo trabalhe para garantir o crescimento de 5% do PIB a partir de 2007, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério do Planejamento, estima uma expansão dessa magnitude somente para 2017. O estudo estava pronto antes das eleições, mas só agora vem sendo divulgado. Comentário de uma alta autoridade: "Ora, o Ipea é só um órgão de estudos..."

Nosso dinheiro duramente ganho (quando temos emprego) vai sobretudo para os impostos, que comem 113 dias de trabalho da classe média, a qual, embora seja a menor parcela da população, é responsável por 60% da arrecadação. O que resta entra no ralo dos serviços que o Estado deveria fornecer de boa qualidade, mas que nós pagamos: gastos com saúde, educação, segurança, previdência privada e pedágios devoraram 31% dos ganhos da tão atacada classe média em 2006. Nós, os professores, bancários, jornalistas, donas-de-casa, balconistas, secretárias, motoristas, que mantemos este país andando.

Na corrupção, segue animado o baile de máscaras: ninguém fornece dados que permitam processar responsáveis pelo dossiê Cuiabá. Há um assunto de cartilhas que mal consegue emergir; é logo abafado. Sem falar no mensalão, nos sanguessugas, no dinheiro mal aplicado de muitas ONGs, nos escândalos do INSS e outros. Naturalmente o Brasil só podia ter piorado nesse ranking: segundo a Transparência Internacional, passamos para o septuagésimo lugar entre os países mais corruptos, acima apenas da Argentina, do Paraguai, da Venezuela e do Equador.

Com o país caindo aos pedaços, aviões começaram a fazer o mesmo, ou quase. Nota atualíssima nos diz que só neste ano houve iminência de três colisões nos céus brasileiros – fato gravíssimo! O que está acontecendo em aeroportos e nos ares é o inimaginável fruto do descaso, da desorganização, da falta de autoridade e consenso, brincando com vidas humanas: a próxima pode ser a minha, a sua, a de pessoas que amamos. O governo reduziu gastos com a segurança aérea e vai investir só 40% do necessário em infra-estrutura nesse setor. Sofrendo pela falta de preparo (só 3% falam inglês elementar), treinamento e atividade mais racionalizada, os controladores de vôo afirmam que trabalhar nas condições em que trabalham é um pesadelo.

Tendo diminuído também os gastos em educação, que deveria ser, junto com saúde e segurança, nossa prioridade absoluta, descemos mais um lance dessa ladeira íngreme. Aumenta o número de jovens chegando ao mercado de trabalho sem qualificação, portanto desempregados. Da população entre 15 e 25 anos, quase 40% não completaram nem o ensino fundamental. Nem vão concluir: o número de jovens assassinados é maior do que nas guerras. Nunca vimos tanta gente morando nas ruas e praças, tantas crianças e jovens pedintes, tantos drogados criminosos, jamais a insegurança grassou de tal maneira em nossas cidades e no campo, nunca fomos tão claramente reféns da violência quase descontrolada. O Brasil também atrai menos investimentos estrangeiros, e caiu do sexto para o 13º lugar na lista dos que mais receberam projetos. A falta de investimento estrangeiro no Brasil colabora para o desemprego, e o país vai perdendo cada vez mais a corrida da competitividade.

Energia elétrica, rodovias, portos, aeroportos, vivem sob a ameaça de apagão geral. A participação da iniciativa privada em obras foi regulamentada neste ano, mas nenhum processo foi concluído: vivemos no reino do papel, como é de fantasia a riqueza que os políticos querem distribuir e ainda nem foi gerada. Quem pode foge, como os imigrantes da Grande São Paulo que começam a retornar às terras de origem, no Norte e no Nordeste: lá, afirmam, podem viver do Bolsa Família.

Comentários de uma inesperada catastrofista? Engano: nada do que escrevi acima é meu. Como qualquer alfabetizado pode fazer, colhi frases recentes de nossa imprensa – que precisamos cada vez mais livre, para iluminar nossos passos atrapalhados num samba de incerto destino, sem ritmo nem afinação.

A IMPRENSA LUBRIFICADA

Diogo Mainardi

"Dudu Godoy é sócio da agência queatende a Petrobras. Hamilton Lacerdarecebeu uma chamada do celular de Dudu. O que ele disse a Hamilton? Propôs umpacote publicitário para a IstoÉ?"

Quando a IstoÉ publicou a entrevista com o chefe dos sanguessugas, sugeri que ela poderia ser recompensada com anúncios da Petrobras. Ninguém deu bola para o assunto. Na ocasião, indiquei o nome dos intermediários: Hamilton Lacerda, assessor de Aloizio Mercadante, e Wilson Santarosa, diretor de marketing da Petrobras. Agora a CPI dos Sanguessugas revelou que os dois trocaram dezenas de telefonemas no período de negociação do dossiê contra os tucanos. A CPI quer saber se o dinheiro para comprar o dossiê saiu da Petrobras. É perda de tempo. O que a CPI deveria investigar é se o dinheiro da Petrobras foi usado para comprar a cumplicidade da IstoÉ.

Na última quarta-feira, encontrei mais um dado comprometedor para a Petrobras. Analisando os telefonemas de Hamilton Lacerda, em poder da CPI, descobri que ele recebeu uma chamada do celular de Dudu Godoy. Dudu Godoy é um dos sócios da Quê, a agência de propaganda que atende a Petrobras e controla a verba publicitária da empresa. O telefonema de Dudu Godoy para Hamilton Lacerda ocorreu em 5 de setembro, às 15h33. Dois dias depois, em pleno feriado de 7 de setembro, Hamilton Lacerda foi à IstoÉ para combinar a entrevista com o chefe dos sanguessugas. Dudu Godoy fez carreira em Campinas, assim como Wilson Santarosa, que presidiu o sindicato dos petroleiros local. Em 1998, ele foi um dos marqueteiros da campanha de Lula à Presidência. A seguir, passou a trabalhar para Marta Suplicy e Zeca do PT. O que é que Dudu Godoy disse a Hamilton Lacerda? Ele propôs um pacote publicitário para a IstoÉ?

Um dos articuladores da entrevista com o chefe dos sanguessugas disse que a IstoÉ foi escolhida para publicá-la porque os petistas "estavam em guerra" com o resto da imprensa. Quem também está em guerra com o resto da imprensa é o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. Na semana passada, ele acusou o Globo e a Folha de praticar "jornalismo marrom". Isso porque os jornais ousaram publicar reportagens mostrando o favorecimento da estatal a ONGs e empreiteiras ligadas ao PT. O Globo, em editorial, atacou: "Nunca como no governo Lula a Petrobras foi tão usada como aparelho partidário e instrumento de propaganda".

O fato é que a Petrobras não favorece apenas ONGs e empreiteiras ligadas ao PT. Ela favorece também a imprensa caudatária do governo. De maio a setembro de 2006, segundo o levantamento de Reinaldo Azevedo, a IstoÉ veiculou 58 páginas de anúncios da Petrobras. Neste ano, pelos dados do Ibope Monitor, foram 2,6 milhões de reais investidos pela estatal na IstoÉ. Carta Capital lucrou ainda mais, proporcionalmente à sua tiragem. Foram 789.000 reais. Na TV aconteceu algo semelhante. A Bandeirantes, depois de ceder um canal ao filho de Lula, tornou-se a segunda maior arrecadadora de comerciais da Petrobras, na frente do SBT e da Record, faturando mais de 20% do total destinado pela empresa às emissoras de TV. Detalhe: o diretor de marketing da Petrobras, Wilson Santarosa, é também o presidente do conselho deliberativo da Petros, o fundo de pensão da Petrobras. Um de seus colegas na diretoria da Petros, Jacó Bittar, é o pai dos sócios do filho de Lula.

O petismo está em guerra com a imprensa. Esse negócio vai acabar mal.

22 novembro 2006

POR QUE OS PREFEITOS CHORAM?

Final de ano é comum ver a choradeira de prefeitos, em quase todos os municípios brasileiros, com a alegação de que não terão recursos para o pagamento do 13º salário, que não terão condições de cumprirem a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Analisando a evolução dos repasses do FPM, no período entre 2002-2005, pode-se observar que houve um aumento significativo no repasse, da ordem de 47,95%; houve, ainda, aumento no repasse da merenda escolar de R$ 0,13 para R$ 0,22; no repasse do valor do PAB de R$ 11,00/hab/ano em 2001 para 13,00/hab/ano em 2004.

Analisando estes indicadores, poderíamos afirmar que a situação financeira dos municípios melhorou consideravelmente. Então por que choram os prefeitos?

Quando da promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988, os municípios recebiam 12% da carga tributária nacional; em 1991 com a implementação dos dispositivos constitucionais, esta participação chegou a 19,5%.

De 1994 para cá - com a implantação do Plano Real e criação de diversos mecanismos de salvaguarda para a União, a exemplos: aumento do COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) em 400%, entre 1998 e 2005; criação do CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), que arrecadou apenas em 2005, R$ 30 bilhões, sem qualquer repasse para os municípios; e aumento da CSLL (Contribuição sobre o Lucro Líquido) da ordem de 200%. Com estes mecanismos de contribuição que os municípios não tem participação, a contribuição dos municípios foi sendo corroída até chegarmos ao patamar atual de 15,9% de participação no bolo da CT – Carga Tributaria nacional

O grande complicador para os municípios é que, diversos programas criados pelo Governo Federal, são de fato executados pelos municípios, vejamos: PSF, programa do Ministério da Saúde que repassa R$ 8.100,00 por equipe do PSF composta de médico, enfermeira padrão e um técnico de enfermagem. Ocorre que, na realidade, esta equipe custa para as prefeituras R$ 16.200,00, média nacional/CNM. Os municípios arcam com uma diferença de R$ 8.100,00 mês/equipe, anualmente chega-se um gasto extra para cada equipe do PSF de aproximadamente R$ 97.200,00.

Programa Agente Comunitário de Saúde: o governo repassa R$ 350,00 por agente, o município arca com os recursos para pagar o INSS e férias.

Programa Merenda Escolar: o repasse saltou de R$ 0,13 em 2003 para R$ 0,22 por aluno em 2006, ocorre que, seu custo não sai por menos de R$ 0,76/aluno/dia segundo a CNM, levando os municípios a arcar com uma diferença de R$ 0,54 por aluno dia.Programa Peti e Bolsa Família: são recursos da união, mas os municípios têm que arcar com sua implementação o que também gera custos, exemplos: operacionalização com pessoal, material de expediente, transporte e telefone/internet, que, ainda, segundo estimativa da CNM, representa 44% de contrapartida dos municípios.

Talvez sejam estas as causas da choradeira dos prefeitos, enquanto o governo federal aumenta sua arrecadação através de contribuições sociais, os municípios padecem sem direito a parte destes recursos, e ainda arcando cada vez mais com programas que deveria ser custeado integralmente pela União.

FHC: PROPOSTA PARA ENCONTRAR LULA "É UMA BOBAGEM"

Do blog de Reinaldo Azevedo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso repreendeu ontem o senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB no Senado, por ter revelado à imprensa um presumido futuro convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao seu antecessor para uma conversa no Palácio do Planalto. A informação, publicada domingo com exclusividade pelo Estado, irritou FHC. Ontem, o tucano comentou em São Paulo com amigos que Lula está perplexo, 'sem agenda' e 'sem capacidade de articulação' para montar o seu futuro governo. A proposta feita por Lula a Virgílio causou muitas reações na base oposicionista. O governador reeleito Aécio Neves (MG) disse em Belo Horizonteque não se negará a conversar com Lula sobre o crescimento do País, mas deixou claro que o gesto 'não se trata de conciliação'. O governador eleito José Serra (SP) afirmou que, se for convidado, irá, mas a agenda da conversa deve ser proposta por Lula. A governadora também eleita Yeda Crusius (RS) disse que aceita discutir a reforma tributária 'desde que o governo federal mostre antes qual é a contribuição que vai dar'. 'Isso (o convite) é uma bobagem', disse FHC a amigos ontem, ao justificar a repreensão feita a Virgílio por telefone. FHC julgou uma impropriedade que o eventual convite tenha sido divulgado antes que o convidado fosse informado e que o anfitrião divulgasse a agenda do encontro. O ex-presidente relatou a amigos que, apesar da vitória retumbante em outubro, Lula tem mostrado sinais de desorientação porque, aparentemente, não está sabendo elaborar uma agenda de alto nível para seu segundo governo nem mostrar consistência na articulação política. Ele comentou que o petista falha ao organizar a sua base política e não consegue sequer harmonizar a sua base original. FHC julgou que a proposta de Lula para conversas no palácio tem a aparência de um factóide, cortina de fumaça para encobrir a sua incapacidade de construir uma agenda e de montar uma sólida base política de apoio. Ele disse a amigos que não tem nada a conversar com o atual presidente antes de receber um convite formal e ver anunciada a pauta da conversa.”

16 novembro 2006

SENADO APROVA PERÍODO ESCOLAR DE OITO HORAS

Lisandra Paraguassú

Se Câmara aprovar projeto, Estados e municípios terão 5 anos para se adaptar e contarão com auxílio da União.

A Comissão de Educação do Senado aprovou na última terça-feira (14), por unanimidade, um projeto que institui o turno integral de 8 horas nas escolas de ensino fundamental. A proposta dá cinco anos a Estados e municípios para se adaptarem à lei e prevê que a União vá ajudar financeiramente prefeitos e governadores. Por ter sido aprovado em caráter terminativo, o projeto não precisa passar pelo plenário do Senado e vai direto para a Câmara.

Se ele for aprovado pelos deputados - o que é muito provável -, a ajuda da União será realmente necessária. A conta feita pelo relator, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), é que seriam necessários R$ 7 bilhões no primeiro ano e R$ 20 bilhões por ano, além do que já é investido hoje, para alcançar o que propõe o projeto. 'É apenas 50% a mais do que se investe hoje. Tem que ser assim ou não se faz', defendeu o senador. 'Se em cinco anos não se consegue, então o presidente pede desculpa. Não se pode é ficar alongando a coisa para ele (o presidente) comemorar o pouco que fez.'

A proposta prevê que, das 8 horas, as crianças passem 5 em sala de aula. O restante seria dividido entre refeições e atividades extra-classe, incluindo oficinas de arte, esportes e auxílio pedagógico. Atualmente, a média de horas-aula no País é em torno de 4. Mas em alguns municípios e Estados chega a ficar abaixo disso.

15 novembro 2006

DESVIO DE FUNÇÃO

Dora Kramer

No lugar de se prestar a ser usado de novo por Hugo Chávez, desta vez como cabo eleitoral, o presidente Lula faria um bem à sua biografia e ao destino do segundo mandato se se dedicasse a entender o que se passa de fato no sistema de tráfego aéreo, a fim de fornecer à população a explicação - e, se possível uma solução - que nem a Aeronáutica nem o Ministério da Defesa conseguem dar para os constantes, e pelo visto perenes, atrasos de vôos nos aeroportos dos quais tanto se orgulha.

Se o presidente ainda não percebeu, não se trata de um assunto atinente às necessidades das 'elites'. São negócios adiados, tarefas não cumpridas, urgências canceladas, o turismo prejudicado, milhões de pessoas na condição de verdadeiros reféns de uma crise envolta em mistérios sobre os quais o governo federal não demonstra empenho em lançar luz.

Lula age como se não fosse com ele, como se o assunto não guardasse relação com a gestão governamental, como se o transporte aéreo não fosse uma questão de Estado e de segurança nacional num país das dimensões do Brasil.

As justificativas apresentadas até agora são mais que insuficientes, configuram-se pueris. Por exemplo: se, como diz a Aeronáutica, o problema é de falta de pessoal e de aumento do tráfego aéreo, por que os vôos saíam no horário até 20 dias atrás? O que houve nesse período?

Se a obediência estrita às normas de segurança provoca tal desorganização no serviço é sinal óbvio do, até então, estado permanente de insegurança dos vôos. Sob o gentil patrocínio do poder público.

Com seu destino político resolvido, na primeira etapa da crise, o presidente fez uma reunião, exigiu providências e foi à praia de Aerolula, enquanto milhares se estressavam em aeroportos para viajar no feriado de Finados.

Na segunda, Lula estava no palanque de Chávez esbravejando contra a 'incompreensão e o preconceito' sofridos por ele por parte da imprensa, dos banqueiros, do empresariado e de ex-governantes, no intuito de desenhar identificação e proximidade com seu candidato à eleição presidencial da Venezuela. Candidato a um terceiro mandato, diga-se.

O presidente Lula faria um bem à sua biografia e ao destino de seu segundo mandato - que ficará para o registro da história - se descesse dos palanques, nacionais e internacionais, e dedicasse tempo e atenção ao cotidiano dos brasileiros. De todos, mas principalmente daqueles que o reelegeram acreditando na mistificação publicitária segundo a qual os problemas do Brasil serão todos resolvidos se a oposição deixar o homem trabalhar.

Ao trabalho, portanto.

PIB

O IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, órgão do Ministério do Planejamento, acaba de divulgar que a promessa feita pelo presidente Lula, na noite de sua reeleição é um “delírio”.
O Instituto estima que “a perspectiva de crescimento médio para o biênio 2006-2007 é de apenas 3,5% ao ano”. E prevê que até 2010 o PIB oscilará positivamente entre 4% e 4,5%. Desde que o governo adote uma série de medidas duríssimas . A taxa de 5% só viria em 2017. Ou seja, a promessa do presidente reeleito ficará para o sucessor de seu sucessor cumprir.

NORDESTINOS

Constantemente nordestinos reclamam de discriminação. São cobrados, injustamente, pela miséria de seus Estados. Contudo, os três principais cargos do País são ocupados por seus conterrâneos: presidente da República, presidente da Câmara dos Deputados e presidente do Senado.
Todo esse poder deveria ser refletido na região.

REFLEXÃO

"Podemos escolher o que semear, mas somos obrigados a colher aquilo que plantarmos" Provérbio Chinês

A ASTORGA QUE SONHAMOS

O sonho é a mola propulsora para que se atinja qualquer objetivo. Sonhar é preciso, sonhar com um futuro melhor, não só para aqueles que estão ao lado do rei, mas para todos que trabalham para viver e conquistar dias melhores. Acredito que isto seja possível, desde que se tenha visão administrativa empreendedora e coletiva, além disso precisamos olhar para nossa cidade com visão periférica enxergando toda região. Astorga é o maior município dentre aproximadamente 19 municípios que poderiam estar centralizados aqui. Este é um sonho que é possível alcançar, basta querermos e termos competência articuladora para realizá-lo.

Creio que enquanto ficarmos atrelados à realidade de Maringá, na dependência da região metropolitana seremos sempre sombra de uma grande cidade, e ao invés de crescermos e conquistarmos melhor qualidade de vida, retroagiremos. Precisamos nos conscientizar que o que é bom para Maringá nem sempre é bom para Astorga. Nós podemos e devemos ter vida própria para nos transformarmos em pólo regional, concentrando aqui as potencialidades de nossa região, ao invés de fortalecermos o comércio e a indústria de Maringá, Arapongas e Londrina, levando nossos recursos para estas cidades. Precisamos juntos criarmos mecanismos para que estes fiquem aqui, e ainda possamos atrair os da região.

Um sonho só se torna realidade quando acreditamos nele e com competência, união e vontade trabalharmos para realizá-lo.

A cidade que queremos e sonhamos é possível.

12 novembro 2006

A SENSATEZ DO PRESIDENTE

"O PT vai ter uma participação no governo que tenha o tamanho do PT.
Aliás, o PT já tem o cargo mais importante do governo, que é o de presidente da República. Já é uma boa representação."
Lula, ao explicar a possível diminuição de seu Partido em seu Governo.

LULA ENTENDE DE MATISSE

Diogo Mainardi

Entre Deus e Lula, Lula é melhor. Pelo menos para a Rede Bandeirantes. No começo do ano, o bispo R.R. Soares tentou comprar o Canal 21. A Bandeirantes preferiu ceder o negócio à Gamecorp, a empresa do filho de Lula. De lá para cá, segundo os dados do Ibope Monitor, os gastos em propaganda estatal na Bandeirantes aumentaram sem parar. Em 2005, foram 113 milhões e 181 000 reais. Em 2006, só até setembro, atingiram 151 milhões e 593 000 reais. Um salto de 40 milhões de reais. Quem precisa de Deus podendo contar com um parceiro desses?

É moleza manipular os números do mercado publicitário. Por isso a propaganda virou o instrumento ideal para a reciclagem de dinheiro sujo da política. Mas o fato é que o investimento do lulismo na Bandeirantes cresceu anormalmente qualquer que seja o critério adotado, tanto em cifras absolutas quanto no cotejo com as demais emissoras. Do total destinado pelo governo à propaganda televisiva, a fatia da Bandeirantes subiu mais de 50% de um ano para o outro. Considerando-se apenas o período de maio a setembro, depois que a programação do Canal 21 passou para o controle da empresa do filho de Lula, o crescimento foi ainda maior: 60%. Curiosamente, o único dado que permaneceu igual foi a audiência.
Nesse ponto, a Bandeirantes ficou estacionada, como sempre.

Se o Brasil fosse menos bananeiro, a imprensa, os partidos políticos e a Justiça se perguntariam se há algum elo entre os negócios do filho do presidente e o aumento da propaganda estatal na emissora de seus parceiros. Como o Brasil é o que é, o assunto será ignorado. Mesmo que um dos maiores aumentos tenha ocorrido justamente na verba publicitária da Presidência da República, de responsabilidade direta do gabinete de Lula. Em 2005, a Bandeirantes recebeu 5 milhões e 871 000 reais do Palácio do Planalto. Em 2006, até setembro, incluindo o período de recesso eleitoral, foram 10 milhões e 28 000 reais. Quase o dobro.

A agência que cuida da publicidade da Presidência da República é a Matisse. A Matisse nasceu numa sala dos fundos da M7, a produtora de Kalil e Fernando Bittar, sócios do filho de Lula na Gamecorp. O mercado até suspeita que eles sejam sócios ocultos da agência. A verba que o gabinete de Lula destina à Matisse aumenta todos os anos. Foram 3 milhões e 687 812 reais em 2003. 36 milhões e 941 315 reais em 2004. 37 milhões e 882 635 reais em 2005. 59 milhões e 858 210 reais em 2006. O número de 2006 reúne os gastos até setembro, mas o governo já autorizou um acréscimo de 37 milhões de reais para os últimos meses do ano. A Matisse tem outras contas do governo. Coincidentemente, todos os seus clientes estatais passaram a anunciar mais na Bandeirantes. Entendeu o rolo? Lula dá cada vez mais dinheiro à Matisse, que dá cada vez mais dinheiro à Bandeirantes, que deu um canal ao filho de Lula.

O TCU acaba de apontar um buraco de mais de 100 milhões de reais na publicidade do governo federal. O ministro Ubiratan Aguiar chegou a defender o fim da publicidade institucional.
Sorte de Lula o Brasil ser o que é.

MULHERES & PODER

Lya Luft

Acho meio triste o espanto provocado por aquilo que as mulheres conquistam ou pelo que lhes acontece de bom, pois isso me parece apenas natural. Não deveria ser inusitado mulher administrar sua vida (na medida em que se administra qualquer coisa nesse terreno...), ser parceira do seu homem em vez de dissimulada inimiga, ser apoio e alegria dos filhos em lugar de complicador, ser, como o homem, uma boa profissional se for a sua escolha. Mas sua saída da relativa sombra ainda causa perplexidade: como reagirão os homens a essa "nova mulher" (termo de gosto duvidoso)? Acho que os bobos se assustam; os interessantes estão encantados com essa parceira. Que mulher haveria de querer parceria com alguém do primeiro tipo?

Há quem duvide de que nem todas conhecemos a opressão masculina. Homem grosseiro, frio ou sarcástico: não conheci isso na figura de meu pai na infância nem conviveria com isso na figura de nenhum companheiro quando adulta. Fui uma criança rebelde, de uma maneira dramaticamente inocente para os padrões de hoje, mas nunca me senti menos amada. Se uma coisa aprendi com meu pai, foi ter dignidade e respeito por mim mesma. Em um de meus livros, fiz-lhe a dedicatória honesta: "A meu pai, Arthur, para quem eu não era só uma criança: era uma pessoa". Não encontrei maior elogio para aquele a quem tanto devo. Por isso talvez, apesar dos medos, fragilidades, carências, mil imperfeições, não precisei cultivar ressentimentos.

Muitas mulheres não tiveram escolha: foram oprimidas e massacradas, sem oportunidade de crescer e florescer como seres humanos; outras se acomodaram e, mesmo tendo saída e recursos, optaram por permanecer nas areias movediças de uma vida frustrante. O resultado explodiria mais tarde, na forma de autovitimização, eternas cobranças, amargura.

É um tema muito interessante esse, de como as mulheres fazem uso do poder que hoje assumem em tantos departamentos da sociedade. Foram educadas para doçura e inaparência, incompletas se não avalizadas por um homem, com medo de parecer inteligentes e fortes, mais ainda de ter dinheiro – pois correriam o risco de ficar sozinhas. Para muitas isso pode parecer anedótico: para a grande maioria, continua a ser um dilema. Mas cada vez mais mulheres se afirmam neste mundo, em tanta coisa medíocre e lamentável. Nem ao menos é novidade: na Idade Média mulheres geriam os feudos enquanto os maridos saíam para as Cruzadas, organizavam sindicatos de tecelãs. Davam aulas de teologia e filosofia em universidades européias; doutoras da Igreja estudavam e escreviam em seus conventos; há menos tempo, mulheres cultas recebiam em seus salões grandes escritores, músicos, pintores, influenciavam seu tempo, escreviam e publicavam livros. Houve porém ondas de obscurecimento, quando parece que eram todas um cortejo vestido de preto e de tragédia, escondidas nos quartos penumbrosos ou nas cozinhas abafadas.

Estamos num momento de nova iluminação. Podemos e devemos nos pensar primeiro como pessoas, depois como homens ou mulheres: grande transformação. E talvez seja preciso rever também alguns conceitos. Um deles é "liberdade", lembrando que toda parceria, sobretudo amorosa, é um dificílimo equilíbrio entre adaptação e firmeza, gentileza e preservação da auto-estima, cuidado e discrição, ternura e respeito. Para os homens, não amar pensando na casa arrumada, na refeição pronta, nas crianças atendidas. Para as mulheres, amar sem visualizar o cartão de crédito, o status de amante ou casada, muito menos algum passaporte para a chamada felicidade. Difícil, eu sei. Viver é difícil. Mas quantos momentos de ternura, de descobertas, de glória, no meio das agruras normais de uma vida normal a dois.

Neste momento de nosso país, de tanta expectativa sobre os rumos que serão tomados, de como vão se realizar (ou não) os anseios de tanta gente, de como o Brasil vai se portar e se manter, mulheres revelam cada vez mais personalidade e força. Assumem, por exemplo, o governo de três estados: eu as imagino trabalhando duro, sem enganar nem fingir; rigorosas nas questões éticas; reconstruindo nossa abalada auto-estima – sem se deslumbrar nem se achar um messias de saias, porque não precisam disso. Elas têm mais o que fazer: perseguem interesses melhores do que os de Narciso.

No misto de curiosidade, receio e generalizada torcida para que a gente avance, progrida e se firme, esse assunto faz parte do positivo.

E da esperança nossa de cada dia.

05 novembro 2006

BAGAÇO DE CANA BARATEIA CUSTO DO CIMENTO

Débora Alves

Resíduos da indústria e da agroindústria podem servir de matéria-prima para a fabricação de cimento. As cinzas do bagaço da cana-de-açúcar, da casca do arroz, as raspas de borracha de pneus e a escória da indústria siderúrgica podem ser adicionadas à massa de concreto, proporcionando economia de até 30% no volume de cimento utilizado na obra.

Pesquisas realizadas pela equipe de engenharia da Uniderp, em Campo Grande, coordenadas pelo professor e engenheiro civil Sidiclei Formagini, testaram as cinzas do bagaço da cana-de-açúcar e comprovaram que a adição de 20% a 30% ao cimento aumenta a resistência do concreto e a capacidade de carga em 15%. "É como se na construção de um edifício de 10 pavimentos – utilizando-se o resíduo da cana-de-açúcar – pudéssemos construir um pavimento a mais mantendo o mesmo consumo de aço e de concreto", exemplifica o professor.

Para que as cinzas do bagaço da cana-de-açúcar sejam incorporadas ao cimento é preciso que a moagem da cana e a queima do bagaço sejam controladas a uma temperatura média de 600º C. De acordo com Formagini, a pesquisa conta com a parceria da Universidade Federal do Rio de Janeiro e é inédita na sociedade científica internacional.

Formagini está aplicando as pesquisas na construção da própria residência. O engenheiro civil trocou a cal pela escória da indústria siderúrgica. O material é produzido a partir dos resíduos da produção de ferro-gusa. Para provar que a técnica é eficiente e derrubar o mito de que a escória é corrosiva, ele mistura 1/3 de escória ao cimento para fazer a estrutura da casa e assentar os tijolos.

O mestre de obras Diomir Lazarotto, que trabalha na construção de Formagini, ficou surpreso com a novidade, mas seguiu à risca as orientações do engenheiro. Depois de fazer a fundida da casa, erguer um muro e quatro paredes, ele comprovou a resistência e a durabilidade do concreto. "Funciona mesmo. A massa demora mais tempo para secar, mas fica dura e firme. Para quebrar o concreto seco é muito mais difícil", explica Lazarotto.

Depois de aplicada na construção a diferença da nova mistura é o tempo de secagem. A hidratação da escória é mais lenta, por isso a massa demora duas horas a mais para secar do que o cimento comum. O que para a construção civil é um fator positivo, explica Formagini, "a contração do concreto acontece com menos intensidade, o que diminui o risco das grandes construções trincarem".

A escória usada na obra vem de Ribas do Rio Pardo, município a 110 km de Campo Grande. As sobras da produção de ferro-gusa são trituradas até que fiquem finas como pó e o resultado é a escória. Em contato com a água, o material tem a mesma atividade pozolânica do cimento (endurece depois do contato com água).

Meio Ambiente

O Brasil produz 36,7 milhões de toneladas de cimento por ano. A indústria do cimento é considerada uma das mais poluidoras. De acordo com o Anuário Mineral Brasileiro, no ano passado, durante a produção de cimento foram emitidos 23,9 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. O CO² é o gás responsável pelo efeito estufa e pelo aquecimento da terra.

Na última safra de cana-de-açúcar 2005/2006, Mato Grosso do Sul produziu 67 mil toneladas de cinzas do bagaço que vão direto para os tanques de decantação. Parte do material é utilizada na lavoura e o restante jogado nos rios. A utilização destes resíduos pela indústria de cimento evitaria que pelo menos 127 mil toneladas de gás carbônico fossem lançadas na natureza e a cada 35 milhões de toneladas de ferro-gusa produzidas pela indústria siderúrgica sobram 12 milhões de toneladas de resíduos que não são utilizados.